(1640- 1689)
Subiu lentamente os degraus do cadafalso. Ajoelhou-se, colocou a cabeça no cepo de madeira. De pé, próximo a seu corpo, o carrasco ergueu o machado. A platéia prendeu a respiração, o silêncio tornou-se insuportável. A um sinal, o verdugo (carrasco) brandiu o machado com ambas as mãos. Ouviu-se um silvo de lâmina cortando o ar, um golpe seco e o ruído de algo que caía.
O carrasco agachou-se. Ao levantar-se novamente, trazia na mão direita, presa pelos cabelos, a cabeça do rei Carlos I da Inglaterra. Ergueu-a para a multidão. Na platéia, uma mulher desmaiou.
O que parecia impossível acabava de acontecer. Com a decapitação do rei, a Inglaterra deixava de ser uma monarquia. Em nome do povo, o poder passava a ser exercido agora pelo Parlamento. Era o dia 30 de janeiro de 1649.
Elizabeth I reinou na Inglaterra de 1558 a 1603 e morreu sem deixar herdeiros diretos. O trono inglês foi então assumido por Jaime Stuart, rei da Escócia desde 1567. Jaime que acreditava ter sido escolhido por Deus para governar a Inglaterra, procurou fortalecer a monarquia absolutista, como ocorria no restante da Europa. Para isso, aumentou os impostos, dissolveu várias vezes o Parlamento e passou a perseguir os puritanos.
Essas medidas foram consideradas contrárias aos direitos dos súditos e mal recebidas pela Câmara dos Comuns, composta de deputados eleitos nos condados e nas cidades inglesas. Muitos desses deputados eram comerciantes ou faziam parte de gentry, grupos que teriam seus negócios bastante afetados pelo aumento de impostos.
No reinado de Carlos I, iniciado após a morte de seu pai, Jaime I, em 1625, continuaram as tentativas de fortalecimento do poder do rei e a adoção de medidas que feriam os interesses da gentry e dos comerciantes. Em 1628, o Parlamento reagiu à política de instituir novos impostos e aprovou a “Petição de Direitos”. Esse documento exigia de Carlos I o cumprimento de uma antiga lei que impedia o rei de criar tributos sem a autorização do Parlamento.
Em resposta a essa vitória do Parlamento, Carlos I passou a governar sem convoca-lo. Ao mesmo tempo, criou novos impostos, como o ship money (1637), pago apenas pelas cidades portuárias, exatamente onde se concentravam os comerciantes.
Câmara dos Comuns Uma das duas câmaras do Parlamento britânico, cujos membros são eleitos por voto popular. Teve origem no fim do século XIII, quando senhores de terra e outros proprietários começaram a enviar representantes ao Parlamento para apresentar queixas e petições ao rei. A outra casa do Parlamento britânico, chamada Câmara dos Lordes, desde o século XIII reuniu representantes da nobreza, do clero e juízes da Suprema Corte. Embora seja mais antiga que a Câmara dos Comuns e a tenha dominado por séculos, a Câmara dos Lordes perdeu gradualmente sua supremacia. |
CARDOSO, Oldimar. coleção Tudo é História. ensino fundamental.