História do Brasil e do Mundo
A EUROPA NO SÉCULO XVII
O século XVII marcou a passagem da hegemonia dos reinos ibéricos para duas novas potências: Inglaterrra e Holanda. Enquanto Portugal e Espanha viveram um acentuado declínio, os ingleses e os flamengos fortaleceram suas economias e lançaram as bases de seus impérios coloniais, ancorando-se com competência nos princípios mercantilistas.
A descoberta de metais preciosos no Brasil no final do século XVII pareceu que faria Portugal ressurgir como potência, mas a política econômica dependente instalada no reino lusitano fez com que as riquezas minerais acabassem por fixar-se nos cofres de outros países, sobretudo na Inglaterra.
DECADÊNCIA ESPANHOLA
A crise espanhola começou a se delinear no final do século XVI, no governo de Felipe II, que enfrentou rebeliões em Nápoles, Andaluzia, Portugal e Países Baixos. Em 1588, Felipe II perdeu sua poderosa marinha de guerra (Invencível Armada) e viu a economia de seu reino se arruinar na longa guerra que resultou na independência holandesa.
Ao mesmo tempo, os ingleses começaram a avançar sobre o território espanhol na América, com a fundação da colônia de Virgínia. Os franceses, por sua vez, passaram a colonizar o território que atualmente corresponde ao Canadá, com a fundação de Quebec. A Espanha não tinha como resistir a estes ataques, sobretudo após a perda de sua marinha.
Do ponto de vista econômico, a Espanha importava praticamente tudo o que sua população consumia, fazendo com que toda a riqueza retirada da América fosse para outras nações, uma vez que havia a ilusão de que as jazidas aqui encontradas jamais terminariam, o que fez com que o reino espanhol não buscasse o desenvolvimento de suas manufaturas para atender o mercado interno, tampouco investimento em melhorias em técnicas agrícolas para aumentar a produção de alimentos. Aliados aos gastos excessivos da corte, todos esses fatores contribuíram para a decadência econômica espanhola.
CRISE ECONÔMICA PORTUGUESA
A União Ibérica mostrou-se fortemente desfavorável a Portugal que herdou todos os inimigos que a Espanha tinha. A Holanda invadiu suas colônias na América e África, fazendo com que o império português fosse enfraquecido devido as guerras espanholas.
A parcela da nobreza mercantil possuia muitos interesses na colonização e lutou pelo reconhecimento do Duque de Bragança como novo monarca português, consolidando em 1640 a separação da Espanha e o início da Dinastia de Bragança com D. João IV.
Porém os portugueses, assim como os espanhóis haviam alicerçado suas economias na exploração colonial, e com a efetiva perda ou temporária de muitas de suas colônias, sofreu grande crise econômica.
INGLATERRA
O século XVII foi marcado na Inglaterra por uma série de lutas políticas que opuseram de um lado a monarquia absolutista e a nobreza feudal e de outro a burguesia e a nobreza mercantil (que tinha transformado seus feudos em pastos para produção de lã).
En 1603, a Inglaterra passou a ser governada pela dinastia Stuart, cujo primeiro monarca foi Jaime I, que aliou-se a nobreza feudal e aumentou os impostos, provocando sério atrito com o Parlamento que reinvindicava o direito exclusivo de decidir sobre os impostos.
No setor econômico, milhares de camponeses eram expulsos da terra em virtude do cerceamento para criação de ovelhas e fornecimento de lã, promovendo inúmeras revoltas por melhores condições e que foram severamente punidos pelo Estado.
A disputa entre os grupos dominantes e o estado latente de revolta social foram responsáveis pela eclosão de uma Guerra Civil que durou oito anos (1641-1649) onde de um lado estava o monarca Carlos I e os proprietários de terras feudais e de outro estavam os comerciantes, a nobreza mercantil, os pequenos camponeses, artesãos trabalhadores das manufaturas.
Formaram-se dois exércitos dentro da Inglaterra, onde destacou-se Oliver Cromwell, um dos lideres dos puritanos. O conflito terminou em 1649 com a instalação de uma república puritana e a execução do rei Carlos I.
Sob a liderança de Oliver Cromwell a Inglaterra viveu um curto período de governo republicano (1649-1658) que foi denominado Commonwealth (Comunidade Britânica). Em pouco tempo porém muitas decepções foram causadas, primeiramente pelo massacre aos levellers, grupo que havia apoiado Cromwell mas que reinvindicava direitos sociais, e aos irlandeses que sonhavam que o novo governo lhes restituísse a liberdade.
No campo econômico entretanto Cromwell promoveu o desenvolvimento que possibilitaria a Inglaterra a tornar-se a maior potência mundial naval. Em 1650 lançou os Atos de Navegação, decretos que protegiam os comerciantes ingleses, sobretudo da concorrência dos holandeses. A Holanda reagiu e iniciou-se uma guerra (1652-1654) cuja vitória inglesa garantiu a ela hegemonia nos mares.
Com a morte de Cromwell, em 1658, uma série de crises políticas levaram os Stuarts novamente ao poder, assumindo o trono Carlos II, que tentou imediatamente restabelecer o Absolutismo. Diante de tal cenário o Parlamento se dividiu, um lado (Whig) formado pelos burgueses liberais defendiam a autonomia do Parlamento e de outro dos Tory, anglicanos e conservadores que apoiaram o Rei.
Em 1688, a Inglaterra era governada por Jaime II, que casou-se com uma princesa católica. Esse casamento fez com que os Tories retirassem seu apoio ao monarca e o Parlamento ofereceu o trono a Guilherme de Orange, nobre protestante que governava a Holanda. Após a invasão, Guilherme tomou o trono, destituindo Jaime II e foi aclamado rei, após assinar a Declaração de Direitos que se comprometia a respeitar a soberania do Parlamento inglês.
Assim sendo, naquele momento, a classe que tinha maioria de representantes era a burguesia, por isso podemos dizer que a Revolução Gloriosa foi uma revolução burguesa que apesar de não ter mudado o regime político, mudou a classe social que efetivamente exercia o poder.
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