Na segunda metade do século XIX, os grandes cafezais da região do vale do rio Paraíba começaram a entrar em decadência. O solo estava esgotado pela exploração indiscriminada. Além disso, a proibição do tráfico negreiro provocou a alta do preço do escravo, transformando-o numa mão-de-obra pouco acessível para as fazendas decadentes das duas regiões, onde praticamente não se usava inovações técnicas.
O contrário ocorria com o Oeste Paulista (região de Jundiaí e Campinas). Além do solo fértil e clima favorável, a região contou com outros fatores que impulsionaram a moderna cafeicultura. Os fazendeiros paulistas, diferentemente dos fluminenses, procuravam meios de modernizar suas fazendas com o capital acumulado em outras atividades, em especial nos negócios com animais de tração na região de Sorocaba. Assim, na segunda metade do século XIX, a região já contava com oficinas metalúrgicas que ofereciam máquinas de beneficiar, arados e outras ferramentas, que incrementaram a tecnologia nas fazendas. A introdução da ferrovia deu o toque final na modernização e expansão da cafeicultura paulista.
Ferrovia e café
A ideia de instalar estradas de ferro no Brasil não era nova. Em 1854, fora inaugurada no Rio de Janeiro a primeira estrada de ferro. Com apenas 18 quilômetros de extensão, era uma via de pouca utilidade econômica.
O primeiro projeto de estrada de ferro de grande envergadura começou a viabilizar-se em 1855 e pretendia ligar o Rio de Janeiro a São Paulo. O traçado, que recebeu o nome de D. Pedro II, contou com grande participação de capital inglês. O trecho paulista só foi inaugurado em 1875, quando a produção de café da região do Vale do Paraíba já começava a diminuir.
A implantação e a expansão da estrada de ferro no Brasil estavam intimamente ligadas à expansão a lavoura de café. Daí a razão de desenvolver-se mais em São Paulo do que em outras regiões.
Com grande participação de capital e engenheiros ingleses e parte do capital do visconde de Mauá, em 1867 foi inaugurada a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, ligando uma região produtora de café com o porto exportador. Quatro meses depois da inauguração, sua receita já era quatro vezes maior que as despesas.
A expansão do café no Oeste Paulista e a concomitante expansão das ferrovias eram demonstrativos de que o Brasil se modernizava e modificava seu perfil econômico. Essas transformações manifestavam-se em todos os setores da vida e da economia.
A mão-de-obra escrava, que era a fonte de riqueza para os grandes proprietários, começou a entrar em decadência desde a primeira metade do século XIX. A questão da mão-de-obra foi mais uma demonstração de que o Império não suportava essas rápidas e profundas mudanças.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
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