História do Brasil e do Mundo
Feudalismo - Idade Média
O feudalismo foi o modelo sócio-político que caracterizou a maior parte da sociedade ocidental durante a Idade Média (séculos V ao XV). Sua principal característica é o regime de servidão: uma relação social de produção na qual ocorre dependência e exploração entre um indivíduo considerado o senhor e outro, considerado seu servo. Nesse sistema, o servo trabalhava nas terras do senhor e este, em troca, lhe promete proteção e lhe permite uma pequena parcela de terra para cultivo próprio.
Características do Feudalismo
Descentralização política - Apesar de terem se formado diversos reinos – alguns com grandes extensões de terras – boa parte do poder era exercido pelos muitos senhores feudais. Cada um desses senhores detinha sob seu controle um pequeno senhorio ou feudo (como eram chamados os domínios do senhor).
Para todos os efeitos, o rei costumava ser o principal senhor feudal do Reino, ao qual todos os senhores feudais prestavam vassalagem (ver abaixo).
Suserania e Vassalagem – A relação entre os diversos senhores feudais europeus se dava através de complexas relações de suserania e vassalagem. Estas relações são basicamente alianças, nas quais os vassalos prestam lealdade aos suseranos, e os apoiam em caso de necessidade. O suserano, por sua vez, se compromete a defender seus vassalos – que geralmente são mais fracos que o suserano – na eventualidade de um ataque ao vassalo por um inimigo. Esta é uma hierarquia vertical, na qual muitos senhores eram suseranos de alguns senhores feudais e vassalos de outros, mais fortes. Como regra, no topo desta hierarquia estava o rei, geralmente o senhor feudal de mais posses e poder militar, ao qual deviam prestar vassalagem todos os senhores feudais de um dado reino.
Produção para o consumo - Diferentemente do capitalismo, no regime feudal produziam-se bens principalmente para o consumo dos habitantes do próprio senhorio. Dessa forma, buscava-se produzir essencialmente aquilo que iria ser consumido e apenas o excedente de produção era comercializado.
Comércio reduzido – Na maioria das regiões da Europa da época, o comércio era uma atividade pouco desenvolvida, assim como era pequena a movimentação das populações. O comércio e a urbanização só conheceram um maior desenvolvimento a partir da chamada Baixa Idade Média, entre os séculos XI e XV.
Sociedade Estamental - A sociedade medieval era, de modo geral, dividida em três ordens ou estados sociais: os que cultivavam a terra, ou seja, os camponeses que eram também os servos; os que guerreavam, que compunham a nobreza feudal e lutavam nas guerras, e os que oravam, aqueles que formavam o clero, membros da Igreja que nesse período possuíam grande poder e prestígio. Tanto a nobreza – os cavaleiros – quanto o clero eram proprietários de terra e, portanto, senhores feudais.
Predomínio da Igreja romana e teocentrismo - No período feudal, a Igreja católica detinha muito poder e é considerada a maior força política e religiosa da Idade Média, até mesmo se comparada ao poder dos reis e dos senhores feudais. Durante o Feudalismo, a Igreja possuía o monopólio da intermediação entre os homens e Deus, além disso, todos os acontecimentos eram explicados através da religião.
Condenação do lucro e da usura - A doutrina católica do período condenava o lucro e a usura. Essa condenação se tornou um empecilho para o crescimento da produção artesanal e do comércio, tornando-se assim um importante ponto de conflito entre a Igreja e a burguesia. Essa última começava a ganhar força nos centros urbanos da Baixa Idade Média e a tal condenação se constituía em um obstáculo ao desenvolvimento das suas atividades. Outros dois entraves aos interesses comerciais burgueses eram: a necessidade de criação e circulação de moedas, já que a economia feudal baseava-se principalmente no sistema de trocas, e a descentralização política que permitia uma grande diversidade de moedas, pesos e medidas de um feudo para outro.
A Baixa Idade Média (XI-XV) e o aumento populacional - Após o fim das invasões bárbaras da Alta Idade Média, por volta do século IX, a população da Europa voltou a crescer, levando em seguida à expansão do comércio e ao ressurgimento das cidades. Por outro lado, o crescimento populacional agravou outro grande problema: como aumentar a produção de alimentos para atender as necessidades da população se a Europa já vivia uma crise de abastecimento?
Expansão do feudalismo - As inovações técnicas, o aumento da mão de obra e o fim das invasões bárbaras permitiram a geração de um excedente de produção nos senhorios que passou a ser comercializado. Isso impulsionou o comércio e a formação de uma classe mercantil, que transportava e comercializava essa produção. Novas terras começaram a ser exploradas e o feudalismo se expandiu, surgindo grandes movimentos mercantis como o comércio marítimo e as Cruzadas, que pode ser entendida como a expansão do feudalismo europeu para o Oriente.
Surgimento das feiras e burgos - Com o aumento do comércio, surgiram as feiras (lugar onde se vendia o excedente de produção dos senhorios), que logo cresceram e deixaram de ser temporárias para serem permanentes. Em seguida, os locais das feiras deram origem as cidades ou burgos, onde comerciantes e artesãos se estabeleceram comprando as terras dos senhores e formando burgos livres da autoridade senhorial. Obtinham permissão real e pagavam tributos diretamente ao rei, sendo portanto livres de constrangimentos de senhores feudais. Para lá começariam a fugir muitos servos, reforçando a produção urbana.
A burguesia - A produção artesanal nas cidades se organizava através das corporações de ofício (uniões hierarquizadas de artesãos) que fabricavam um mesmo produto. Os chefes dessas corporações, chamados mestres de ofício, e os comerciantes eram os principais representantes da nova classe social que estava surgindo, a burguesia.
A crise do século XIV - Nesse século, uma população debilitada pela fome teve que enfrentar uma terrível epidemia: a Peste Negra. Associada às guerras que assolaram a Europa, a Peste dizimou um terço da sua população. Essa crise acentuou as modificações que já vinham ocorrendo no campo e, principalmente, intensificou a fuga de camponeses para as cidades em busca de melhores condições de vida. O resultado foi uma devastadora escassez de mão-de-obra no campo, exatamente quando a economia medieval tinha sido atingida por graves contradições.
A escassez de alimentos - A baixa capacidade de produção agrícola foi um grave problema atravessado pela população européia no período, principalmente para os mais pobres. O problema se agravou ainda mais durante o século XIV.
A crise geral do Feudalismo - Foi basicamente causada pela saturação da exploração dos nobres sobre os camponeses, em curso desde o século XI. Contudo, o fator que mais contribuiu para o declínio do sistema feudal foi o ressurgimento das cidades e do comércio. Com isso, os camponeses passaram a vender mais produtos e, em troca, conseguir mais dinheiro. Dessa forma, alguns servos puderam comprar a própria liberdade, outros, para alcançá-la, promoveram contínuas rebeliões. Estabelecendo-se o colapso da velha ordem, a partir de então, as relações de trabalho no campo na Europa ocidental, abandonaram a servidão. Essa crise foi o ponto de partida para se compreender o fim da Idade Média e o processo de transição do feudalismo para o capitalismo.
Fonte: Vetor Pré-Vestibular Comunitário
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