Vincenzo Lancia começou a fabricar carros em 1907. Este piloto de corridas trabalhava antes na Fiat, na cidade de Torino, na Itália. E nesta também construiu sua fábrica de automóveis. A Lancia, durante todo século passado, fez carros distintos e muito característicos. Fez sucesso nas pistas pela tradição de seu fundador e também nas cidades de toda a Europa.
Em 1960, para ocupar um vazio entre o pequeno modelo Appia, já envelhecido, e o grande Flaminia, lançou no Salão de Torino, o sedã de 4 portas Flavia. Este foi projetado pelo Professor Antonio Fessia no final dos anos 50 e que havia participado do projeto do Fiat 500 Topolino e do Fiat 600.
Seu motor, dianteiro, de 4 cilindros horizontais, opostos dois a dois, refrigerado a água, tinha 1.500 cm³, era alimentado por um carburador e sua potência era de 78 cavalos. Tinha duplo comando de válvulas no cabeçote e sua taxa de compressão era de 8,5:1 a 5.600 rpm. Era o primeiro modelo Lancia de tração dianteira e um dos primeiros italianos. Seu câmbio era de 4 marchas, todas sincronizadas. Por ser um carro de quase 1.200 quilos sua velocidade máxima de 148 km/h não entusiasmava.
O comportamento dinâmico era bom. O carro era estável e confortável. Usava pneus 165 x 15. E muito eficaz e seguro graças aos 4 freios a disco de duplo circuito hidráulico.A suspensão dianteira tinha rodas independentes com feixe de molas transversal. A traseira, eixo rígido com feixe de molas longitudinais.
O sedã de 4 portas, três volumes, tinha uma dianteira curiosa. Eram 2 faróis redondos de cada lado, separados por uma grade trapezoidal invertida. Pareciam olhos arregalados ! Abaixo do grupo óptico tinha lanternas de sinalização de bom tamanho. Dividia opiniões. Visto de lado seu desenho era clássico não trazendo surpresas. Media 4,58 metros.
Por dentro era espaçoso e confortável. Oferecia seis lugares. O volante grande tinha dois raios mais aro de buzina cromado. A alavanca de marchas ficava na coluna de direção. O painel era oblongo e trazia velocímetro com graduação horizontal, conta-giros, relógio de horas, marcadores de temperatura de nível de tanque de gasolina (48 litros). Não era um carro barato e nesta época seus concorrentes eram, na Itália, em preço, os Fiat 1800, maior que ele e o Alfa Romeo Giulia Super. Na França fazia frente ao Citroën DS e na Alemanha o BMW 1800.
Em 1962 era apresentado por Pininfarina um cupê muito bonito baseado no sedã. Tratava-se de um modelo 2+2 que tinha 10 centímetros a menos. Só que este tinha motor com 1.500 cm³, um carburador de corpo duplo Solex que lhe rendia 90 cavalos a 5.200 rpm. Era mais leve, 1.120 quilos, e também mais veloz: 174 km/h. Vindo deste, um atraente conversível completava a linha.
Também interessante e atraente era o cupê apresentado por Zagato, o Sport 1.5, no mesmo ano, que era outro construtor independente italiano autor de carros pouco convencionais no que se refere a designer. Este cupê tinha sua carroceria toda em alumínio e era muito aerodinâmico. Eram modelos originais, audaciosos e bonitos. Esses modelos não eram produzidos na mesma fábrica sede do modelo 4 portas, na cidade de Chivasso, a leste de Torino. Eram produzidos nos próprios ateliês.
Em 1963, como opcional, o motor 1.800 cm³ de 92 cavalos, chegava para aumentar a gama de motores.
Em 1965 todos os modelos, equipados com o motor 1.800 cm³ inclusive o 4 portas, dispõem de injeção direta mecânica Kugelfischer como opcional. Sua potência passa a ser de 102 cavalos. O sedã teve o rendimento sensivelmente elevado. A velocidade máxima do cupê e do conversível passa a ser de 180 km/h para os carros fabricados pela Pininfarina e 188 para o modelo produzido pela Zagato.
Dois anos depois o modelo Flavia ganhava novo capô dianteiro, nova grade e novos faróis. Estava mais moderno, mais simpático e mais comum. O charme continuava. A traseira também estava completamente remodelada. Novos faroletes retangulares pouco acima dos novos pára-choques.
Por dentro todo painel sofre modificações. Ganha mostradores redondos e novo desenho. A direção assistida é oferecida como opcional. A alavanca de marchas passa a ser no assoalho e bancos dianteiros separados para a motorização 2 litros. Ganham acabamento em couro ou veludo. A firma completa 60 anos de fundação e os modelos mais luxuosos festejam em números romanos com logotipo ?LX? na traseira da carroceria.
Em 1967 ganha mais fôlego graças ao novo motor de 2,0 litros. Podia vir com carburador(114 cavalos) ou injeção(126 cavalos). A velocidade final passava a ser, respectivamente, 175 e 180 km/h. Os modelos Zagato Sport e Pininfarina conversível deixavam de ser fabricados.
Em 1969, por dificuldades financeira, o Grupo Fiat passa a controlar a Lancia. Em abril de 1971 o modelo não se chama mais Flavia. Por causa da introdução do novo motor de 2,0 litros e a pouca demanda dos outros de menor cilindrada, chama-se agora Lancia 2000 e 2000 IE. A injeção passa a ser eletrônica, marca Bosch. Também ganha cambio de 5 marchas como todo bom italiano e fica mais veloz.
Mais uma vez toda a carroceria é modificada. Esta mais moderna. Na frente mudam os faróis e a grade, sendo que a parte central desta esta mais identificada com o famoso modelo esportivo Aurélia da década de 50. Também ganha novos pára-choques. A traseira, também remodelada, fica muito parecida com o irmão menor Fulvia.
Por dentro novo painel, mais moderno. Ganhava mostradores(velocímetro, conta-giros, nível de combustível, temperatura, carga de bateria) quadrados de fundo preto, forração de madeira, e volante de madeira de dois raios.
Em 1973, depois de 80.164 exemplares produzidos a produção é encerrada. Até hoje é reconhecido como um automóvel refinado, tanto na parte estética quanto mecânica. Esta robusta e de boas performances.
Fonte: http://www.retroauto.com.br/lancia_flavia_68.html