Comentário da questão:
A Revolução Industrial é interpretada como um processo revolucionário por incorporar uma série de eventos que provocaram a definitiva separação entre os que detêm o controle dos meios de produção - matéria-prima, máquinas e equipamentos, instalações industriais etc. - e os trabalhadores, denominados operários. Estes, destituídos do controle desses meios, passam a sobreviver vendendo por baixos salários a sua força de trabalho aos empresários industriais. Desse modo, a Revolução Industrial constrói a principal característica do sistema de produção capitalista: a separação entre o capital e o trabalho.
A mecanização da produção, o inchamento das cidades industriais com o êxodo rural, a alienação do homem em relação ao seu trabalho, a impessoalidade das relações sociais estabelecidas no ambiente de trabalho, espaço cada vez mais apartado do lar, e o estranhamento provocado por uma vida individual e familiar regrada a partir das necessidades do capital são elementos desse novo modo de produção. Destaque-se que, em relação à organização da vida familiar, ocorre a inclusão na fábrica da força de trabalho de mulheres e crianças, tendo em vista os baixos salários pagos, insuficientes para a sobrevivência nas cidades.
Comentário da questão:A imagem de Birmingham e o texto de Charles Dickens expressam, de formas diferenciadas, a transformação das cidades acarretada pelo processo de industrialização na Inglaterra, entre finais do século XVIII e no decorrer do século XIX. Entre as mudanças associadas a esse processo, podem ser identificadas:• crescimento populacional decorrente da ampliação da demanda por mão de obra, alimentado por feixes migratórios originários das áreas rurais;• alteração do espaço natural em função da concentração de indústrias em áreas urbanas, causadora de efeitos poluentes associados tanto aos progressos tecnológicos aplicados na mecanização da produção, quanto à própria expansão demográfica;• expansão, diversificação e maior complexidade da paisagem urbana, manifestas na separação entre bairros operários, mais próximos das zonas de localização das indústrias, e bairros nobres, áreas de lazer e logradouros destinados à administração.Essas mudanças geraram consequências nas condições de vida do operariado urbano, como a crescente divisão do trabalho, a padronização dos ritmos de trabalho e de vida, a exploração do trabalho feminino e infantil e a marginalização de grupos sociais, visível no crescimento da criminalidade.
Comentário da questão:A expansão capitalista em países europeus, ao longo do século XIX, foi processo decorrente da Revolução Industrial. Associou-se, entre outros aspectos, à mecanização da produção, nos termos da maior articulação entre invenções científicas, criação de novas tecnologias e aplicabilidade das mesmas na estrutura econômica. Nesse contexto, a realização das exposições internacionais, a partir da década de 1850, materializou a importância daquela articulação, favorecendo uma ostentação dos resultados da modernização tecnológica para a promoção do progresso e da civilização, como exemplificado pela construção da Torre Eiffel.
Comentário da questão:A Inglaterra foi a primeira sociedade europeia a vivenciar a Revolução Industrial e, portanto, a primeira também a sentir os efeitos dos progressos tecnológicos na alteração dos ritmos da vida social. Como mencionado no texto, a padronização dos horários dos trens e a criação de referências uniformes para a medição do tempo, no território nacional, foram necessidades causadas pelas novas demandas de mercado, nos quadros da mecanização da produção e dos transportes coletivos. A produtividade mais acelerada de uma economia industrial dependia intrinsicamente da regulação e da divisão do trabalho assalariado, garantindo, de maneira complementar, lucros crescentes.