Comentário da questão:
Entre os aspectos da conjuntura de crise que afetou o governo de João Goulart (1961-1964), destacou-se a escalada inflacionária e o quadro recessivo da economia. Os dirigentes que assumiram o poder executivo federal em abril de 1964 priorizaram, entre outras ações, a reversão dessa situação econômica. Ampliaram-se os investimentos estatais, facilitou-se a entrada de capitais estrangeiros e instauraram-se mecanismos de estabilização do valor da moeda nacional. A partir de 1968, como indicado na tabela, um dos resultados mais expressivos dessas medidas manifestou-se nos elevados índices do PIB e também na contenção da inflação na casa dos 20% ao ano. O governo divulgava esse quadro de crescimento em suas propagandas como um milagre econômico, escamoteando, em parte, as medidas derivadas desse tipo de orientação: a elevação da dívida externa, a facilitação dos mecanismos de crédito e o controle dos salários.
Comentário da questão:
O "milagre brasileiro" caracterizou-se pelas elevadas taxas de crescimento do produto interno bruto, em paralelo a índices relativamente baixos de inflação. Seus efeitos, contudo, não foram os mesmos para os sujeitos envolvidos nas relações entre capital e trabalho. No que diz respeito ao capital, destacaram-se os estímulos governamentais a setores industriais — como os de tecnologia de ponta —, incluindo-se a facilitação para os investimentos de empresas estrangeiras, além da ampliação dos investimentos estatais. Quanto ao mundo do trabalho, vigorou a política de arrocho salarial — alvo maior das críticas do movimento operário —, que acentuou a concentração de renda.
Comentário da questão:
Ao longo da década de 1970, a sociedade brasileira vivenciou os efeitos de ações dos governos militares, centradas na perspectiva de promover o desenvolvimento nacional. Houve, nos termos da época, o milagre econômico, então caracterizado pelas elevadas taxas de crescimento do produto interno bruto e pela contenção da inflação. O milagre econômico, contudo, gerou efeitos variados sobre os diversos segmentos sociais do Brasil da época. Como ilustram a propaganda e a charge, setores da classe média ampliaram seu poder de consumo de bens duráveis, como os automóveis; ao passo que, os grupos populares mantiveram condições precárias de trabalho e de vida. Assistiu-se ao aumento da riqueza e, em paralelo, à maior concentração de renda.
Entre as medidas do milagre econômico, destacaram-se, igualmente:
• o favorecimento do grande capital;
• o controle cambial pelo poder do Estado;
• a facilitação do crédito destinado ao consumo de bens duráveis, além dos insumos para a expansão desse setor produtivo, com destaque para a indústria de automóveis e de eletrodomésticos;
• o controle da mão de obra por meio da repressão ao movimento sindical e pela implementação de políticas de arrocho salarial.
Entre os efeitos do milagre econômico, relacionados à maior concentração de renda, identificam-se a perda da estabilidade de emprego e o aumento das desigualdades sociais e regionais e da concentração da propriedade rural e urbana.
Comentário da questão:Durante o regime militar, foi implementada a mais ampla política estatal de incorporação socioeconômica do território amazônico ao espaço produtivo nacional. Essa política pode ser segmentada em dois momentos distintos, conforme aponta o texto da reportagem. No primeiro, a ênfase se deu na colonização, tendo como eixo a rodovia transamazônica, criada para levar ?homens sem terra (do Nordeste) para uma terra sem homens?, segundo o discurso oficial. O foco dessa ação governamental estava pautado na implantação das agrovilas ao longo da famosa rodovia.No segundo momento, a estratégia passou a ser a de ?tornar a Amazônia uma fonte de divisas para o país?, ou seja, incorporá-la ao espaço de produção do capitalismo brasileiro, fosse com capitais nacionais ou estrangeiros. Para isso, o governo passou a gerenciar e a incentivar grandes projetos empresariais, relacionados principalmente à mineração (como o Projeto Carajás) e à pecuária (como o Projeto Cristalino da Volkswagwen).
Comentário da questãoDe acordo com o gráfico, os investimentos do Estado brasileiro na economia variaram de uma ínfima participação nos primeiros 60 anos do século XX para uma participação ativa que teve seu ponto de culminância entre 1970 e 1980. Este período corresponde ao desenvolvimento do regime militar, cujas diretrizes de investimento envolveram principalmente grandes obras públicas, seguindo o modelo americano presente no New Deal. O modelo, inspirado nas propostas do economista Keynes, focalizava grandes empreendimentos públicos, capazes de mobilizar recursos e mão-de-obra, eliminando o desemprego.
Comentário da questão:Os governos militares após o golpe de 1964 impuseram formas diversas de repressão aos movimentos populares, observando-se mecanismos de endurecimento do regime a partir de 1968, como a instauração da Junta Militar que culminou no AI-5. Essa conjuntura desencadeou manifestações de oposição - em especial, após a morte do estudante Edson Luís - que combinaram vários segmentos sociais, desde os trabalhadores até os estudantes, dando origem à mobilização que é concluída com a Passeata dos Cem Mil. Trata-se de um contexto cuja análise e interpretação mostram a polarização entre o avanço do autoritarismo e a pressão da sociedade no sentido de maior participação.
Comentário da questão:Os quadrinhos de Henfil fazem alusão ao retorno do pluripartidarismo com a supressão do Ato Institucional nº 2. O fim do bipartidarismo, no contexto da abertura "lenta, gradual e segura" do final dos anos 1970, favorecia o esfacelamento político dos setores de oposição, que cresciam, e facilitava a manutenção por parte do governo da maioria de votos no Congresso.
Comentário da questão:A relação sociedade-natureza é historicamente referenciada, sendo influenciada não só pelas concepções de natureza de cada época, como também pelas distintas formações sociais. No caso abordado, faz-se o contraponto entre a concepção de natureza como fonte de recursos inesgotáveis, que prevaleceu durante o Regime Militar brasileiro, expressa na publicidade, e a atual visão de natureza como fonte de recursos que devem ser utilizados de forma sustentável.