A Irlanda, dominada firmemente pelos ingleses desde o reinado de Henrique VIII (1541) e cuja população era predominantemente católica, lutava, no século XIX, contra a submissão à Inglaterra protestante.
A supressão, em 1800, das instituições autônomas irlandesas por meio de um ato de união, passando para o Parlamento britânico todo o controle político, associada a uma grande fome, provocada pela crise da produção agrícola (“fome da batata”) européia nos anos 1840, fizeram despontar o fervor revolucionário e separatista que colocou em risco a dominação inglesa sobre a Irlanda.
Na década de 1860, intensificaram-se os atos terroristas, obrigando o governo inglês do ministro William Gladstone a iniciar reformas que neutralizassem os radicais. Dentre elas, estava a desobrigação dos católicos irlandeses de pagar tributos à Igreja protestante e favorecimentos aos trabalhadores arrendatários do campo, estipulando compensações caso fossem despejados por proprietários.
Liderados por Charles Stewart Parnell, os deputados irlandeses eleitos para o Parlamento inglês passaram, a partir de 1880, a atuar na direção da autonomia política – a Home Rule –, recebendo o apoio de Gladstone e o repúdio da Câmara dos Comuns em 1886. Imediatamente, na Inglaterra principiou uma crescente repressão contra os ativistas pela autonomia, adiando o processo secessionista da Irlanda. A ascendente luta irlandesa só foi momentaneamente amortecida com o início da Primeira Guerra Mundial, retomando fôlego e intensidade logo em seguida. Nessa época a liderança política da luta pela independência da Irlanda estava com o movimento Sinn Fein, e em 1919 foi fundado o Exército Republicano Irlandês (IRA), responsável por seguidas atuações. Em 1921 o primeiro-ministro inglês, Lloyd George, e o Sinn Fein assinaram um acordo que estabelecia o Estado Livre da Irlanda, transformado em República somente em 1949. Mesmo sem a parte norte, a Irlanda do Norte (Ulster) permaneceu ligada ao Reino Unido.
Depois de décadas de conflitos, no final do século XX ganharam força acordos de pacificação, como o de autodeterminação do Ulster (1993) e o de paz entre católicos e protestantes da Irlanda do Norte (1998). Em 2004 os diversos lados continuavam buscando uma solução definitiva para a secular Questão da Irlanda.
VICENTINO, Cláudio. DORIGO, Gianpaolo. História para o ensino médio. História Geral e do Brasil.
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