A originalidade da obra empreendida por Akhenaton não é contestável, seja qual
for o limite que cada historiador queira colocar. No entanto, é preciso
entender a realidade do meio em que ele surgiu para melhor avaliar sua
caminhada.
Seu pai, o faraó Amenófis III, começa a reinar por
volta de 1.408 a.C. Seu governo se estenderá sobre um Egito fabulosamente rico
que conhece seu verdadeiro apogeu. O prestígio das Duas Terras, nome
tradicional do Egito, é imenso, tanto pela qualidade da civilização, quanto
pelo poderio militar. A corte de Amenófis III apresenta um padrão de
dignidade muito acima da média e, durante seu reinado, as artes, a
arquitetura e as ciências recebem por parte do faraó uma atenção
especial.
Sendo um enamorado da beleza, Amenófis III traz para a cultura
egípciaelementos da cultura de outros povos com os quais mantém intercâmbio
diplomático. Seu reinado porém, esbarra com dois problemas. O primeiro é a
ascensão do poder militar dos hititas, que não recebem do faraó a devida
atenção gerando, ao longo dos anos, grande inquietação interna e a desconfiança
dos países aliados. O segundo é o grande poderio dos sacerdotes de Tebas, que
não aceitam a forma centralizadora da administração adotada pelo faraó. Com
efeito, Tebas é a cidade santa do deus Amon, O Oculto.
Funcionando como um verdadeiro Estado dentro do Estado, e com o Sumo
Sacerdote com poderes de rei, são freqüentes as situações de confronto com o
faraó, uma vez que criar e alijar reis era hábito dos sacerdotes de Amon. Neste
meio, envolvido pela arte e a beleza, pelos temores da guerra e pelas tensões
geradas pelo clero, nasce e cresce o futuro faraó Amenófis IV.
Descobrir Akhenaton é o mesmo que trazer à evidência um tipo de homem
que busca ter uma visão do universo, colocando seus ideais acima
das circunstâncias materiais e políticas. Sua vida apresenta aspectos de uma
procura que podemos qualificar como iniciática. Ela abre nosso coração
para uma luz maior e enriquece-nos com uma experiência de grande
coragem de alguém que acreditou em seu sentir.
AFamília e a Educação
A formação do jovem Amenófis IV teve forte e positiva participação
de seus pais, o faraó Amenófis III e a rainha Tii, um
casal que a história registra como sendo de rara inteligência e com princípios
morais elevados. Seu pai, homem de pulso forte, soube se fazer cercar de sábios
que o assessoravam no governo do Egito e demonstrou grande capacidade de
conquistar pacificamente o apoio dos países vizinhos.
Demonstrou também coragem para romper com algumas tradições impostas ao
faraó, dentre elas, a de se casar com uma mulher sem origem na realeza, mas sim
de origem modesta. O faraó idealizava a formação de uma religião universalista,
privilegiando em seu reinado o culto de Aton, apesar da forte influência de
Tebas e seu deus Amon, o que certamente influenciou em muito a formação do
pensamento de Akhenaton. Mais tarde, ainda vivo e durante o reinado de seu
filho, Amenófis III apoiou as mudanças profundas promovidas por ele.
Sua mãe, a plebéia Tii, foi personalidade marcante da
história do Egito, participando ativamente das grandes decisões políticas sendo
que, em certos casos, chegou mesmo a desencadeá-las.
Tii leva uma vida apaixonante e não descansa jamais, sendo vista
constantemente nas manifestações públicas ao lado do rei, fato este que era
inusitado na história do Egito. Segundo muitos historiadores, foi ela quem
preparou todo o caminho para a chegada do filho ao poder.
Além dos pais, dentre os sábios que conviviam com o faraó, houve um de
especial importância para o jovem Amenófis. Trata-se de Amenhotep, considerado
um dos maiores sábios do Egito e que foi o grande educador do futuro faraó.
Amenhotep era um homem que defendia ser fundamental acionar as idéias e
conhecimentos de cada um, sem o que de nada valia o conhecimento para o homem.
Esta posição foi fundamental na formação de Akhenaton, que possuía,
desde jovem, grande tendência mística, e que encontrou em em seu preceptor
Amenhotep o conhecimento necessário para buscar o equilíbrio de suas ações.
Início
do Reinado
Amenófis IV - que mais tarde ficou conhecido como Akhenaton -
foi coroado faraó aos 15 anos de idade, assumindo o poder e co-regência com seu
pai, numa época em que Egito vivia uma situação interna tranqüila e de grande
prosperidade. Seu reinado durou 13 anos (1.370 à 1.357 a.C.). Amenófis III
morreu no 12o ano do reinado de Akhenaton.
Durante os oito anos do período de co-regência, Amenófis III pode passar
ao filho toda sua experiência e também servir de apoio para as grandes mudanças
promovidas por ele. É o pai também quem controla a impetuosidade do filho,
evitando um confronto com o clero de Tebas antes que tivessem sido lançadas as bases
da "revolução amarniana". O jovem Amenófis IV acredita que um
ideal justo sempre triunfa, mas aprende com o pai a ser paciente.
Sua mãe, que viveu durante os seis primeiros anos de seu reinado, foi
responsável pela estruturação das tendências místicas de Amenófis IV, fazendo
com que ele se aproximasse da parte do clero que estava ligada aos antigos
cultos do Egito, onde Aton era o deus maior.
Assim, durante os quatro primeiros anos de seu reinado, Amenófis IV vai,
lentamente, se afastando de Tebas e amadurecendo a idéia de um Deus universal.
Ao final deste período, ele inicia a grande revolução. Proclama sua intenção de
realizar a cerimônia religiosa de regeneração - denominada
"festa-sed" na qual o faraó "se recarrega".
Para este ritual mágico, manda construir um templo para Aton e adota
o nome de Akhenaton, o filho do sol. O significado destes atos é
profundo dentro da cultura egípcia. O faraó indicava claramente que Aton
passava à condição de deus do Egito, rompendo com os sacerdotes de Tebas.
No templo de Aton, pela primeira vez, o deus não tinha rosto, sendo
representado pelo Disco Solar. Aton era o sol que iluminava a vida
de todos. Imediatamente passa a ser conhecido como o faraó herético.
Não se pode entender a obra de Akhenaton sem se conhecer
a figura de sua esposa, Nefertiti, a bela que chegou, bem
como a figura de seus pais e Amenhotep. Segundo os historiadores, era uma
mulher de rara beleza. Nefertiti, egípcia, pertencia a uma grande família
nobre.
Não seria ela, no entanto, quem o futuro faraó deveria desposar, o que
novamente indica a independência da família real em relação aos usos e costumes
impostos à corte.
O casamento, porém, se deu quando Amenófis IV tinha,
aproximadamente 12 anos, sendo que Nefertiti era ainda mais jovem que ele.
Akhenaton e Nefertiti acabaram por transformar seu casamento estatal em um
casamento de amor.
São muitas as cenas de arte que retratam o relacionamento
carinhoso entre eles, o que, por si só, mostra a intensidade deste
relacionamento, uma vez que não era comum na arte egípcia a expressão destes
sentimentos. Com efeito, Akhenaton e Nefertiti são, até hoje, citados como
exemplo de um dos casais românticos mais famosos da história.
Do mesmo modo de Tii, Nefertiti era muito mais que uma
esposa e mãe, embora preenchesse perfeitamente estas funções. Foi também uma
das cabeças pensantes da civilização amarniana, como ficou conhecida a obra de
Akhenaton. Sob sua doçura e fascínio, ocultava uma vontade de impiedoso rigor.
Grã-sacerdotiza do culto de Aton, Nefertiti dirigia
o clero feminino e nesta função conquistou o carinho e a admiração do povo.
Soube canalizar este sentimento popular de modo a fortalecer o carisma
de seu marido diante do Egito. Viveu com o mesmo ardor de Akhenaton a nova
espiritualidade.
O casal teve seis filhas e nenhum filho. Quando do declínio da saúde deAkhenaton,
foi Nefertiti quem preparou sua sucessão.
Segundo os historiadores, foi ela quem preparou o jovem
Tut-ankh-Atonpara ocupar o trono, que mais tarde reinou sob o nome de
Tut-ankh-Amon. No espírito de Nefertiti, este era o único meio de preservar a
continuidade monárquica e de garantir um necessário retorno à ordem.
Akhenaton -
o Edificador
A idéia do deus único e universal foi se tornando cada vez mais
consistente para Akhenaton. Com sabedoria e coragem, ele foi dando passos
firmes para a construção de seu propósito. Era preciso materializar a idéia.
Durante o quarto ano de seu reinado, Akhenaton definiu o local onde seria
erguida a nova cidade. Sua escolha não se deu ao acaso, mas dentro de todo um
simbolismo coerente com a nova doutrina.
A cidade se chamaria Tell el Amarna que significa O Horizonte de
Aton, ortanto, A Cidade do Sol. Estava localizada perto do
Nilo, portanto, perto da linha da vida do Egito e a meio caminho entre Mênfis e
Tebas, ou seja, simbolicamente seria o ponto de equilíbrio entre o mundo
material e o mundo espiritual.
Ao todo foram quatro anos para a construção de Amarna com 8 km de
comprimento e largura máxima de 1,5 km, com ruas grandes e largas, paralelas ao
Nilo. Apenas no sexto ano é que ele anuncia oficialmente a fundação da cidade
de Amarna.
A proclamação recebeu integral apoio do clero de Heliópolis. Amarna
passava a ser a nova cidade teológica onde seria adorado um deus solar, único.
Com a construção de Amarna, num local em que o homem jamais havia trabalhado,
Akhenaton prova que não é um místico sonhador, mas alguém compromissado em
construir seus ideais, disposto a fazer uma nova era de consciência de Deus.
Amarna não é uma cidade comum, mas o símbolo de uma nova forma de
civilização, onde as relações humanas, desde a religião até a economia,
achavam-se modificadas. Foi uma maneira de dar uma forma inteligível de suas ideias
para os homens. Foi o teatro de uma tentativa fantástica de implantação do
monoteísmo.
Ali havia gente de todas as nações que se transformaram de súditos em
discípulos de Akhenaton. Viver em Amarna, era tentar desafiar o desconhecido e
mergulhar na aventura do novo conhecimento, acreditando que o sol da justiça e
do amor jamais se deitaria.
AVida
em Amarna
Capital do Egito, cidade protegida, Amarna é antes de tudo uma cidade
mística em virtude da própria personalidade do rei. Viver em Amarna era
compartilhar da vida do casal real, suas alegrias e suas dores. Era descobrir,
no rei, um mestre espiritual que ensinava as leis da evolução interior.
Akhenaton e Nefertiti constantemente passeavam pela
cidade, a bordo da carruagem do sol, buscando um contato com seus súditos.
Diariamente, cabia a Akhenaton comandar a cerimônia de homenagem ao nascer do
sol e a Nefertiti, a cerimônia do pôr do sol.
Para administrar a cidade, tendo como conselheiros políticos o pai, a
mãe e um tio de nome Aí, Akhenaton herdou grande parte dos auxiliares de seu
pai, que adotaram com entusiasmo a nova orientação religiosa do faraó.
Akhenaton cuidou de ensinar a nova espiritualidade a todos seus auxiliares
diretos.
Esta espiritualidade se baseia numa religião interior e na certeza de
que existe um mesmo Deus para todos os homens.
Akhenaton favoreceu a ascensão social de numerosos estrangeiros
abrindo ainda mais o Egito para a influência de culturas de outros povos.
Assim, rapidamente o perfil social do Egito sofreu uma alteração de grande
vulto. É fácil imaginar que muitos foram aqueles que ficaram descontentes com a
nova situação, mas a grandiosidade do faraó fazia com que se mantivesse um equilíbrio
na sociedade, e de sua sabedoria emanava uma energia que influenciava
positivamente todos os aspectos da vida no Egito.
A arte egípcia foi particularmente influenciada durante
o reinado de Akhenaton, sendo historicamente classificada como a
Arte Amarniana. De forma extremamente inovadora para a época, ela registra a
visão que o faraó tinha do homem e do universo. Pela primeira vez surgem obras
mostrando a vida familiar, o que vem ao encontro da concepção de Akhenaton de
que o fluxo divino passa obrigatoriamente pelo organismo familiar. Em algumas
obras, aparecem também membros da família real nus, como indicação da
necessidade da transparência interior. Este tema da transparência do ser está
presente na mística universal.
Akhenaton permitiu que se registrasse em obras de arte, cenas da
intimidade da vida da família real, o que jamais fora feito antes. Também são
muito utilizados temas onde aparece a natureza, fauna e flora, considerados a
grande dádiva da vida vinda de Aton. Outro aspecto relevante é a representação
do faraó com aspectos nitidamente femininos, o que indicava ser ele, como filho
do sol, origem da vida para o Egito, e portanto, ao mesmo tempo pai e mãe de
seus súditos. A história classifica estas representações como as do Akhenaton
teológico.
Na poesia, a contribuição da civilização de Akhenaton é
muito rica, especialmente nos escritos religiosos em homenagem ao deus Aton. É
através dela que o faraó mostra a unicidade de Deus - o Princípio Solar -
que criou o Universo, deu origem à vida em todas as suas manifestações. O
Princípio Solar rege a harmonia do mundo, tudo cria epermanece na unidade.
Akhenaton
e a Religião
da Luz
Devemos observar que mesmo durante o período em que Tebas exerce
a maior influência na religião egípcia, Mênfis e Heliópolis continuavam
a alimentar a espiritualidade do reino.
Os sacerdotes destas cidades, sem o poder material de Tebas,
consagravam-se ao estudo das tradições sagradas que cada faraó devia conhecer.
Foi com estes sacerdotes que Akhenaton foi buscar as bases na nova ordem
religiosa. Apesar dos séculos que nos separam da aventura espiritual de
Akhenaton, podemos perceber seu ideal e sua razão de ser e nos aproximarmos,
passo a passo, de Aton, cetro misterioso da fé do faraó.
Para ele (Akhenaton), Aton é um princípio divino invisível, intangível e
onipresente, porque nada pode existir sem ele. Aton tem a possibilidade de
revelar o que está oculto, sendo o núcleo da força criadora que se manifesta
sob inúmeras formas, iluminando ao mesmo tempo o mundo dos vivos e dos mortos
e, portanto, iluminando o espírito humano sendo, por isso, a sua representação
o disco solar, sem rosto, mas que a todos ilumina.
Aton é também o faráo do amor, que faz com que os seres
vivos coexistam sem se destruir e procurem viver em harmonia.
Para Akhenaton, é essencial preservar uma "circulação de energia"
entre a alma e o mundo dos vivos. Na realidade, não existe nenhuma ruptura
entre o aparente e o oculto. Na religião do Egito não existe a morte, apenas
uma série de transformações cujas leis são eternas. Em Amarna, os
templos passam a ser visitados integralmente por todos, não mais existindo
salas secretas em cujo interior somente os sacerdotes e o faraó podem entrar.
Para Akhenaton todos os homens são iguais diante
de Aton. A experiência espiritual de Akhenaton e os textos da época
amarniana deslumbraram mais de uma vez os sábios cristãos. Numa certa medida,
pode-se dizer que ele é uma prefiguração do cristianismo que viria, com uma
visão profunda da unicidade divina, traduzida pelo monoteísmo. É espantosa a
semelhança existente entre o Hino a Aton e os textos do Livro
dos Salmos da Bíblia, em especial o Salmo 104.
Por outro lado, é fácil encontrar semelhanças entre a
vida de Akhenaton e a vida de Moisés. Se um destrói o bezerro de
ouro, o outro luta contra a multiplicidade de deuses egípcios,
ambos lutando pelo ideal do monoteísmo e se colocando como mestres dos
ensinamentos divinos para todo um povo. A religião de Amarna continha uma magia
maravilhosa, uma magia que aproxima o homem de sua fonte divina.
O fim
deAkhenaton
A implantação da nova ordem religiosa tornou-se quase que a única tarefa
merecedora da atenção do faraó. Com isso não combateu os movimentos internos
daqueles que se sentiram prejudicados pela nova ordem e também pelo crescimento
bélico dos hititas. Por volta do 12o ano de seu reinado, com
a morte de Amenófis III, estes movimentos internos tomavam vulto e
as hostilidades externas se agravavam.
Akhenaton, porém, fiel a seus princípios religiosos, se recusava a tomar
atitudes de guerra, acreditando poder conquistar seus inimigos com o poder do
amor de Aton.
Nesta altura, a saúde de Akhenaton dá sinais de fraqueza, e ele resolve
iniciar um novo faraó. Em Amarna, Nefertiti iniciara a
preparação de Tut-ankh-Aton, segundo genro do faraó, para a linha
de sucessão, uma vez que o casal não possuía filho homem. Akhenaton no
entanto, escolhe Semenkhkare, iniciando com ele uma co-regência do
trono.
Embora não existam registros claros sobre este período, tudo indica que
durante a co-regência, que durou 5 ou 6 anos, morre Nefertiti, e sua perda é um
golpe demasiado forte para Akhenaton, que vem a falecer pouco depois com
aproximadamente 33 anos. Seu reinado, no total, durou cerca de 19 anos.
Semenkhkare também faleceu praticamente na mesma época, deixando vazio o trono
do Egito e permitindo aos sacerdotes de Tebas a indicação de
Tut-ankh-Aton, que imediatamente mudou seu nome para Tut-ankh-Amon,
indicando que Amon voltava a ser o deus supremo do Egito.
Por ser muito jovem e não possuir a estrutura de seus
antecessores, Tut-ankh-Amon permitiu a volta da influência de
Tebas que, por sua vez, não mediu esforços para destruir todo o legado
de Akhenaton, incluindo-se a cidade de Amarna.
Akhenaton - Um Marco na História da Humanidade
O fim dramático da aventura amarniana é devido a circunstâncias
políticas e históricas que não diminuem em nada o valor do ensinamento de
Akhenaton. Se é inegável que o fundador da cidade do sol, a cidade da energia
criadora, entrou em conflito com os homens que ele queria unir pelo
amor de Deus, não é menos verdade que ele abriu uma nova concepção sobre
esta luz que a cada instante se oferece aos homens de boa vontade.
Sua experiência foi uma tentativa sincera de perceber a Eterna
Sabedoria e de torná-la perceptível a todos. A coragem que demonstrou
na luta constante por seus ideais, sem dúvida, fez dele um marco eterno na
história da humanidade.
A história de Akhenaton mostra, mais uma vez, que um
homem melhor faz um meio melhor, e que a força de sua convicção em seu objetivo
altera a vida do meio, seja ele uma rua, um bairro, uma cidade, um país....
o Universo. Para isto, há de se ter Coragem!
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