O cotidiano medieval
O homem da Idade Média começava seu dia com o nascer do sol e, muitas vezes, até antes. Logo que acordava fazia o sinal-da-cruz e rezava uma oração. Em seguida, vestia-se rapidamente, lavava o rosto e as mãos. O banho era raro, mas não desconhecido. Quando tomava banho, fazia-o numa tina de madeira revestida, em seu interior, com um grosso lençol para evitar machucar a pele com as irregularidades da madeira.
Se não fosse obrigado a começar a trabalhar imediatamente, entrava na igreja para assistir à missa. No interior de uma igreja medieval não havia bancos nem cadeiras. A maioria das pessoas permanecia de pé durante a missa. Se alguém quisesse se sentar havia feno e palha.
A primeira refeição era feita em torno de seis horas da manhã, depois da missa. Em seguida começava o trabalho. O camponês dirigia-se ao campo, o artesão à sua oficina e os vendedores com seus burros carregados de mercadorias encaminhavam-se para a praça do mercado.
Nos castelos, os senhores saíam para a caça enquanto os mais jovens exercitavam-se nas armas e no cavalgar.
Perto do meio-dia, interrompia-se o trabalho para o almoço. Após o almoço, os que podiam faziam uma breve sesta ou aproveitavam o tempo para um bate-papo.
Depois, o trabalho recomeçava até o cair da noite. No final do dia, todos voltavam para casa, jantavam e em seguida, sob a fraca iluminação de uma vela de sebo ou do clarão do fogo da lareira, homens e mulheres conversavam durante algum tempo, ocupando-se ainda dos trabalhos domésticos.
Na hora de deitar, tinham o cuidado de apagar todo e qualquer vestígio de fogo, já que uma pequena distração poderia destruir não só a casa, mas toda a vizinhança, pois as casas eram quase todas de madeira.
Por volta do século XIII, muitas residências senhoriais eram construídas com pedras. No andar térreo da residência ficavam os porões e depósitos ou adegas. No andar superior ficavam o salão principal e outras acomodações. Os camponeses moravam em pequenas casas de um cômodo, enfileiradas ao longo da rua da aldeia. Eram casas feitas de madeira ou de barro, tinham o chão de terra batida que se encharcava com a chuva ou a neve. Eram os próprios camponeses que faziam seus tecidos, roupas e vasilhas. Aquilo que não podiam produzir sozinhos adquiriam na aldeia em troca dos gêneros de seu lote.
A vida dos camponeses não era fácil, além do pesado trabalho, estavam sujeitos a numerosos impostos e taxas que tinham que pagar a seu senhor, como o censo, banalidades, corvéia, capitação e mão morta. Um bispo da época comenta sobre a vida dos camponeses: " Fornecer todo o ouro, a alimentação e o vestuário, tal é a obrigação da classe sevil... Esta classe infortunada não possui nada que não seja adquirido por um duro trabalho. Quem poderia... contar as penas, os trabalhos, as fadigas que os pobres servos têm de suportar!".
Assim, só as famílias mais ricas tinham um quarto para o casal. Na maior parte das casas havia um quarto comum onde todos dormiam. Uma cama servia pelo menos para duas pessoas, mas não raro para cinco ou seis. Os colchões se reduziam ,quase sempre, a montes de palha. Um colchão de penas significava um luxo excepcional. As camas e as mesas eram, geralmente, formadas por tábuas apoiadas sobre cavaletes.
Até o final do século XIV, não havia armários nas casas. As roupas eram guardadas em caixotes de madeira. Nas casas mais humildes não havia cadeiras; as pessoas sentavam-se sobre a palha. Mesmo nas casas mais ricas, até o século XIII, as pessoas sentavam-se sobre montes de palha cobertos com belos tecidos.
A água tinha de ser tirada dos poços. Isso não estimulava os banhos. Só os grandes palácios senhoriais tinham instalações sanitárias. Assim mesmo eram muito precárias.
Para o homem da Idade Média, o melhor meio de transporte era o cavalo. Mas nem todos dispunham desse meio, pois os mais pobres não tinham condições de adquiri-lo. Assim, a maior parte da população viajava à pé.
Um dos principais alimentos era a carne. Comia-se carne de boi, de vitela, de carneiro, de porco e dos animais caçados. Como a batata era ainda desconhecida (ela só chegou à Europa depois do descobrimento da América), a carne era acompanhada de ervilhas, favas e cebolas. Além disso, havia o pão, o queijo, os legumes.
As classes mais pobres comiam grandes quantidades de toucinho. Os condimentos mais comuns eram o alho e a salsa; depois das Cruzadas, no entanto, os mais ricos passaram a usar a pimenta, a canela e outras especiarias vindas do Oriente.
O vinho era a bebida mais consumida. Além do vinho, haviam outras bebidas extraídas das frutas, como a sidra, fabricada com o suco fermentado das maçãs.
Geralmente, as vestimentas dos homens eram constituídas por duas túnicas sobrepostas, uma de linho, que estava em contato com a pele, e outra de lã, mais longa. Usavam também calças de linho e um manto cinzento ou azul.
Os trajes femininos consistiam de duas túnicas. Uma delas tinha mangas compridas e apertadas; a outra, que se vestia por cima, tinha mangas mais largas.
No século XIV, as mulheres passaram a usar o corpete por cima do vestido, criando a moda feminina de cintura estreita e quadris largos.
Fonte: História e Vida - Nelson e Claudino Piletti.
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