São Vicente ficou conhecida com o nome de "porto dos escravos". Os colonos paulistas tiravam proveito das divergências entre as tribos indígenas e aprisionavam grandes quantidades de índios, que eram vendidos para fazendeiros ou usados pelos próprios bandeirantes que eram proprietários de terras.
Os colonos avançavam cada vez mais pelo interior em busca de mão-de-obra escrava. Na historiografia tradicional do Brasil, os bandeirantes são mostrados como heróis na luta contra os índios. Foram, sem dúvida, destemidos conquistadores, mas a motivação não tinha nada de heróica: obter mão-de-obra, terras e metais preciosos. A figura que se tem do bandeirante foi criada pela historiografia tradicional, pelas artes plásticas e pela literatura comprometidas em desenvolver um sentimento nacionalista de exaltação do país. Essa figura não coincide muito com a do bandeirante real do século XVII. Por exemplo, ele não usavam aquelas botas que costumamos ver nas pinturas. Na maioria, andavam descalços e pobremente vestidos; utilizavam não só armas de fogo, mas também as usadas pelos próprios índios.
No século XVII, a expansão bandeirante mudou suas características iniciais. Aos poucos, os paulistas se organizaram de forma mais profissional.
Na primeira metade do século XVII, os holandeses praticamente monopolizaram o comércio de negros no Atlântico. Portugueses e espanhóis não conseguiram romper esse monopólio. Consequentemente, o preço do trabalhador escravo tornou-se praticamente inacessível para os colonos de poucos recursos.
Os paulistas viram nesse momento uma oportunidade de enriquecer, pois os escravos indígenas atingiram alto preço no mercado interno. Em 1599, já havia uma tendência para a formação de bandeiras, grupos com organização e disciplina militar, cujo líder tinha poder absoluto sobre os demais componentes, que podiam chegar a centenas. A partir daí, São Paulo militarizou-se para poder fazer bons negócios com a escravidão de índios.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
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