Marxismo - Wallerstein - Contradições - Modos de Produção
História do Brasil e do Mundo

Marxismo - Wallerstein - Contradições - Modos de Produção



“A realidade social é um processo de incessantes contradições que só podem ser apreendidas em termos dialéticos”.

Na concepção de Immanuel Wallerstein, se para fazer uma análise historiográfica/ social o indivíduo tomar aquilo que ele chama de “seis principais teses de Marx” (sendo essa uma delas), pode-se “explicar a história dos últimos 400 anos de uma maneira bem adequada”. Isso porque a partir de tais teses, compreenderemos o processo de desenvolvimentos e transformações sociais durante esse período.

Segundo Karl Marx, a sociedade passa por etapas sociais. Tais etapas visam sempre o desenvolvimento/ progresso da sociedade para outra fase “mais desenvolvida” – “com novas formas de processos de produção, novos modos de controle, novos papéis sociais e novas estruturas institucionais” –, a partir das mudanças nos modos de produção, como foi o caso da transição do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista. Para Marx, uma sociedade só se desenvolve a partir de mudanças nesses modos de produção, sendo que entre tais etapas sociais há sempre contradições internas que levam ao “progresso social”. Durante a transição entre o feudalismo para o capitalismo, antes mesmo de se chegar ao modo de produção capitalista já existia toda uma estrutura (tais contradições) propícia para que se instaurasse o capitalismo – o excedente de produção e o desenvolvimento da classe burguesa.

Quanto a essa questão, José Carlos Reis argumenta:

A realidade histórica é uma “estrutura em processo”, pois internamente contraditória. É regular e irregular, permanência e mudança, e sua abordagem precisa reconstruir a dialética de sua sincronia e sua diacronia. Seu método de abordagem dessa “estrutura-processo” é “científico” e consiste na descoberta da estrutura interna das formações sociais, o modo de produção, que se oculta sob seu funcionamento visível; o modo de produção é uma estrutura invisível que subjaz e dá sentido às relações visíveis (REIS, 2004).

Para Marx, “a história das sociedades cuja estrutura produtiva baseia-se na apropriação privada dos meios de produção pode ser descrita como a história das lutas de classes”. Segundo ele, “é mais do que óbvio que a classe operária, para poder lutar [com a classe dominante], tem de organizar-se como classe em seu próprio país, já que este é o campo imediato de suas lutas”. Ainda segundo Marx, só há revolução quando há mudanças na estrutura do modo de produção, sendo possível somente através das lutas de classes (QUINTANEIRO, 2000).

Com isso, a partir das lutas de classes, ocorrem as principais transformações estruturais nos modos de produção, como é o caso da luta entre servos e senhores feudais durante o feudalismo, que acabou abrindo espaço para a instauração do modo de produção capitalista. Segundo Marx, “de todos os instrumentos de produção, a maior força produtiva é a própria classe revolucionária”, pois é ela que faz transformar toda a estrutura social (QUINTANEIRO, 2000).

Neste contexto, segundo Wallerstein, nos dias de hoje

se desejamos fazer progresso, parece-me que não somente temos de aceitar a contradição como a chave da explicação da realidade social, mas também aceitar sua resistente inescapabilidade, um pressuposto alheio ao marxismo ortodoxo. A contradição é a condição humana. Devemos buscar nossa utopia não na eliminação de toda contradição, mas antes na erradicação das vulgares, brutais e desnecessárias conseqüências da desigualdade material. Este me parece ser um objetivo intrinsecamente bem viável. (Wallerstein).


Referências Bibliográficas


LÖWY, Michael. “Ideologias e Ciência Social: elementos para uma análise marxista”. São Paulo: Cortez, 2003.

QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber”. Belo Horizonte: UFMG, 2000.

REIS, José Carlos. “A História entre a Filosofia e a Ciência”. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.




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