Em Maio de 68, a França concentrou em um mês as transformações sociais de uma década que já ocorriam nos Estados Unidose em países da Europa e da América Latina.
Em 30 dias, os estudantes criaram barricadas, formandoverdadeiras trincheiras de guerra nas ruas de Paris para confrontar a polícia. Mais do que isso, os jovens tiveram idéias e criaram frases tidas como as mais ?ousadas? da segunda metade do século 20.
Em discursos nas ruas e nas universidades, em cartazes e muros, os estudantes franceses deixaram as salas de aula e se mobilizaram para dar a seus professores, pais e avós, e às instituições e ao governo ?lições? sobre os ?novos tempos, a liberdade e a rebeldia?.
?O que queremos, de fato, é que as idéias voltem a ser perigosas?, diziam os integrantes do grupo de intelectuais de esquerda chamado de ?Internacional Situacionista?, entre os quais o mais destacado foi Guy Debord.
A França dos anos de 1960, sob o comando do general CharlesDe Gaulle, era uma sociedadeculturalmente conservadora e
fechada, vivendo ainda o reflexo das perdas sofridas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Nas escolas francesas, as crianças eram disciplinadas com rigidez. As mulheres francesas tinham o costumede pedir autorização aos maridos para expressarem uma opinião, e a homossexualidade era diagnosticada pelos médicos como uma doença.
O Maio de 68 mudou profundamente as relações entre raças, sexos e gerações na França, e, em seguida, no restante da Europa. No decorrer das décadas,as manifestações ajudaramo Ocidente a fundar idéias como as das liberdades civis democráticas, dos direitos das minorias, e da igualdade entre homens e mulheres, brancos e negros e heterossexuais e homossexuais.
O Maio francês rapidamente repercutiu em vários países da Europa e do mundo, de uma forma direta e imediata. As ocupações de universidades se multiplicaram a partir da França, e ocorreu a expansão das mobilizações entreos trabalhadores europeuse latino- americanos, em muitos casos em aliança com os estudantes.
O movimento francêsteve início na Universidade de Nanterre, nos arredores de Paris, que foi cercadano final de abril por
estudantes liderados por Daniel Cohn-Bendit. O protesto dos estudantes logo se dirigiu à capital.
Em 5 de maio, cerca de 10 mil estudantes entraram em choque com policiais no bairro laitino Quartier Latin, em Paris, em um protesto contra o fechamento de outra universidade francesa, a Sorbonne, em Paris.
Em seguida, em 10 de maio, ocorre a Noite das Barricadas, quando 20 mil estudantes enfrentaram a polícia nas universidades e ruas de Paris.
No dia 13, estudantes e trabalhadores francesesunificam seus movimentos e decretam uma greve geral de 24 horas em Paris, em
protesto contra as políticas trabalhista e educacional do governo do general De Gaule.
No dia 20, a mobilização atingeseu auge: Paris amanhece sem metrô, ônibus,telefones e outros serviços. Cerca de 6 milhões de grevistas ocupam as 300 fábricas da França.
AUniversidade de Sorbonne, ocupada pelos estudantes, começa uma outrabatalha, em que as maiores?armas? foram as palavras. Surgiram frases que expressavam a política ?libertária? desejada pelos jovens universitários: ?A imaginação ao poder?, ?É proibido proibir?, ?Abaixo a universidade? e ?Abaixo a sociedade espetacular mercantil?.
Édifícil precisar quais acontecimentos e protestos em outros países foram conseqüência direta do maio francês. Na Europa, Espanha, Alemanha Ocidental e Itália já viviam dias de conflitos em universidades desdeo início do ano de 1968. Na Alemanha, por exemplo, uma tentativa de assassinato, em 11 de abril, do líder estudantil Rudi Dutschke aumentou a tensão em Berlim, e a revolta se espalhou por dezenas de cidades.
No entanto, após a explosão do maio francês, os conflitos se intensificaram.
A Universidade de Madri, na Espanha, foi fechada pelo governo no fim do mês de maio. A polícia reprimiuviolentamente
Na Universidade de Frankfurt (Alemanha), estudantes da esquerdae da direita entraram em choque. Em Milão (Itália),já em junho, estudantes tomaram a sede de um jornal, impedindo sua circulação.
A juventude de países do Leste Europeucomo Polônia, Tchecoslováquia e Iugoslávia, por sua vez, protestava pelo afrouxamento
do comunismo de influência soviética, para eles, demasiado ?rígido e burocrático?.
Na Iugoslávia, 20 mil estudantes tentaram ocupar as universidades do país em junho.
Na Polônia, intelectuais e estudantes protestaram, em março, contra a proibição de uma peça de teatroconsiderada anti-soviética. As greves em massa nas universidades foram reprimidas com violência.
Na Tchecoslováquia, o dirigente comunistaAlexandre Dubcek introduziu, em abril, uma tímida liberdade, e falou de um ?socialismohumano?. Os tanquesdo Pacto de Varsóvia acabaram, em agosto, com a esperançasuscitada pela Primaverade Praga.
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