Luís XIV, o apogeu do absolutismo na França
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Luís XIV, o apogeu do absolutismo na França


Na França, a centralização do poder nas mãos do rei foi um processo lento e gradual, que evoluiu em direção ao absolutismo.  O auge do absolutismo francês se deu no reinado de Luís XIV (1643-1715), que, por sua conduta à frente do governo, ficou conhecido como Rei Sol.

Luís XIV tinha 5 anos incompletos quando seu pai faleceu. Diante disso sua mãe confiou a direção do reino da França a um político experiente, o cardeal Mazzarino. Na época, a França estava envolvida na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), conflito europeu motivado por intensa rivalidade entre católicos e protestantes e por ambições territoriais. Para arcar com os custos da guerra, o cardeal Mazzarino criou impostos, aumentou os já existentes (atingindo indivíduos  de todos os grupos sociais) elevou os preços dos cargos públicos que a monarquia francesa vendia para cobrir as despesas da família real e dos nobres que viviam na corte.

Esta política impopular do cardeal Mazzarino foi adotada numa época em que o desemprego, fome e doenças se alastraram pela França. Em conseqüência, explodiram revoltas, que contaram com a participação de vários grupos sociais, inclusive setores da nobreza. Estas revoltas, conhecidas como Frondas, foram duramente reprimidas pela monarquia absolutista, que, com isto, saiu ainda mais fortalecida.

Em 1661, com a morte do cardeal Mazzarino, Luís XIV assumiu, ele próprio, a chefia do governo. No poder, o Rei Sol exigia dos seus súditos total obediência e lealdade, fiscalizava com rigor a execução de suas ordens e ocupava-se pessoalmente dos assuntos ligados ao governo. Enfim, ele agia de acordo com a frase atribuída a ele: “O Estado sou eu”. Por isso é considerado o melhor exemplo de soberano absolutista.

A pose real

Os reis absolutistas costumavam encomendar retratos para que sua imagem fosse conhecida em  todos os cantos do reino. Em geral esses retratos não representavam o rei como ele era realmente, mas sim como queria ser visto por seus súditos.

Além de melhorar a aparência do monarca, os artistas incluíam nesses retratos vários símbolos da realeza, como a cor vermelha, a coroa, o cetro e a flor-de-lis.

 Flor-de-lis. Emblema da realeza francesa. Segundo a lenda, quando Clóvis rei dos francos, se converteu ao cristianismo, um anjo lhe deu de presente um lírio dourado, símbolo da pureza. No século XII, o rei Luís VII foi o primeiro monarca a usar a flor-de-lis em seu escudo, durante as cruzadas

Palavras de Luís XIV

Numa resposta aos parlamentares franceses, Luís XIV deixou-nos um registro de seu pensamento dizendo:

louis xiv rei de franç- histoblogLuís XIV, rei da França (c.1701), óleo sobre tela de Hyacinthe Rigaud

É somente na minha pessoa que reside o poder soberano… é somente de mim que os meus tribunais recebem a sua existência e a sua autoridade; a plenitude desta autoridade, que eles não exercem senão em meu nome, permanece sempre em mim, e o seu uso nunca pode ser contra mim voltado; é unicamente a mim que pertence o poder legislativo, sem dependência e sem partilha; é somente por minha autoridade que os funcionários dos meus tribunais procedem, não à formação, mas ao registro, à publicação, à execução da lei, e que lhes é permitido advertir-me, o que é do dever de todos os úteis conselheiros; toda a ordem pública emana de mim, e os direitos e interesses da nação, de que se pretende ousar fazer um corpo separado do Monarca, estão necessariamente unidos com os meus e repousam inteiramente nas minhas mãos.

(FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa, Plátano, 1976. v. II, p. 201-2.)

Durante seu longo reinado (54 anos), além de usar o exército para impor sua autoridade, Luís XIV procurou também atender aos interesses de importantes setores da nobreza e da burguesia.

Para atrair a nobreza, adotou a política de “distribuição de favores”: distribuía pensões, presentes e empregos bem-remunerados a condes, duques e barões. E, na sua corte, no Palácio de Versalhes, residência oficial, abrigava e sustentava milhares de outros nobres.

Para obter apoio da burguesia, entregou a direção da economia a Jean B. Colbert, membro de uma importante família da burguesia e defensor dos interesses desta classe. Buscando aumentar a riqueza da França, Colbert favoreceu as exportações dos produtos franceses concedendo prêmios em dinheiro e ajuda financeira a várias manufaturas francesas e isentou-a de impostos. Para diminuir as importações, aumentou os impostos sobre os produtos estrangeiros, dificultando sua entrada no país; buscava, com isto, obter uma balança comercial favorável. Colbert também concedeu privilégios a companhias de comércio: grandes empresas formadas com o dinheiro de particulares e, às vezes, do próprio governo, que atuavam, sobretudo, na exploração de riquezas da África, Ásia e América.

No entanto, a maioria da população francesa daquela época vivia mergulhada na pobreza e sobrecarrecagada de impostos. J.B. Colbert estimulou a economia francesa, mas não conseguiu equilibrar  as finanças do país, principalmente por causa dos gastos escandalosos da corte, das sucessivas guerras externas e da fuga de capitais, motivada pela intolerância religiosa. É que Luís XIV perseguiu os protestantes franceses (muitos deles ricos negociantes),  que, por isso, deixaram o país rumo à Suíça, Inglaterra ou Holanda, levando consigo seus capitais.

Balança  Comercial: “Comparação entre o total das importações (as compras de mercadorias no estrangeiro) e o total das exportações (as vendas de mercadorias ao estrangeiro) que um país realiza no decurso de um ano, para apuramento do respectivo saldo – positivo ou superávit no caso de o valor das exportações exceder o das importações, e negativo ou déficit no caso de o valor das importações exceder o das exportações.”

(FREITAS, Gustavo de. Vocabulário de História. p. 35.)

BOULOS JUNIOR, Alfredo. coleção História – Sociedade & Cidadania – ensino fundamental





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