Como surgiu: No início do século XX a competição esportiva se expandia por todo o mundo, entre os esporte dava-se maior destaque para o automobilismo, onde pilotos guiavam carros modificados especificamente para a velocidade em circuitos isolados procurando ver qual era o melhor. Algumas organizações promoviam corridas prolongadas como as 500 milhas de Indianápolis nos Estados Unidos e um campeonato de corridas europeias. Houve uma pausa na realização desses esportes por causa da segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945), após o fim da guerra a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) decidiu criar uma categoria que visava um campeonato mundial.
Primeiro Grande Prêmio de Fórmula 1 e seu vencedor Nino Farina
Em 13 de maio de 1950, em Silverstone na Inglaterra, surgiu então a Fórmula 1. O que viria a ser como o maior e mais caro esporte mundial da face da Terra. Na sua inauguração a Fórmula 1 contou com 21 carros fornecidos por 5 equipes (Alfa Romeo, Alta, ERA, Maserati e Talbolt), pilotos de 7 países (Argentina, Escócia, França, Inglaterra, Irlanda, Itália e Tailândia), um público de mais de 100.000 pessoas. Foram 70 voltas, 2 horas e 13 minutos de duração, e a vitória do piloto da Alfa Romeo Nino Farina. Poucos carros terminaram a corrida que teve pouca competitividade e o entretenimento apenas daqueles que já entendiam de carro. Mas viria crescer em breve.
Década de 1950: A temporada de 1950 contou com 6 corridas na Europa e com pilotos de equipes europeias cuja a cor do carro era representada pela nacionalidade da equipe: os ingleses ficavam com o verde, os italianos com o vermelho, os franceses com o azul e os alemães com o branco. A pontuação era dividida entre os 5 primeiros na ordem: 1º ganhava 9 pontos, 2º 6, 3º 4, 4º 3 e 5º colocado marcava 2 pontos. Era acrescentado também no campeonato a corrida de Indianápolis, apesar de possuir outra pontuação e pilotos e equipes de outras nacionalidades. As corridas eram caras e exaustivas, tendo horas de duração interruptas. Além das 5 equipes que participaram da inauguração, a equipe Ferrari passou a competir a partir da segunda prova no ano realizada em Monte Carlo. Não havia campeonatos de construtores por tanto as equipes deviam se inscrever e pagar apenas as corridas que iriam disputar.
A Ferrari foi a principal potencia da categoria na década de 1950
Juan Manuel Fangio foi o principal piloto da década de 1950 com 5 títulos mundiais
A 1ª temporada foi dominada pelos três carros da Alfa Romeo e teve como campeão o italiano Nino Farina, com 3 vitórias e 30 pontos no campeonato. Em 1951 a Ferrari se mostrou forte, mas o título ficou novamente com um piloto da equipe Alfa Romeo, dessa vez com o argentino Juan Manuel Fangio, com 3 vitórias e 31 pontos. O primeiro título de um piloto da equipe Ferrari veio em 1952 com Alberto Ascari que viria a ser campeão também da temporada seguinte. As corridas por serem muito caras obrigavam os pilotos a mudarem de equipes constantemente. A Ferrari era a que possuía maior número de pilotos e disparado os melhores carros.
Em 1954 surgiu a Mercedes, equipe a altura da Ferrari e que levou Juan Manuel Fangio ao seu segundo título na categoria. Fangio venceu também a temporada de 1955 pela Mercedes. O número de corridas alternava entre 8 e 9, eram caras e a categoria não havia feito o sucesso mundial que se esperava. A Mercedes decidiu sair em 1956 e Fangio correu aquele ano na Ferrari, um ano complicado em que algumas corridas eram ditas como traçados simples e seu vencedor somaria apenas 8 pontos. Fangio venceu apenas 2 corridas aquele ano, mas conseguiu superar o favorito ao título Stirling Moss da Maserati, e se tornou tetra-campeão mundial.
Em 1957 Fangio foi para a Maserati, subiu ao pódio em todas as corridas que completou e se consagrou penta-campeão. As emoções eram consideradas poucas e o grid estava cada vez menor. A FIA resolveu então criar mais um campeonato, o de construtores, onde a melhor equipe também receberia o título de melhor do mundo. Porém as principais equipes não participavam de Indianápolis e resolveu-se então manter a corrida no calendário, porém as equipes que participassem da corrida não fariam parte do campeonato de construtores.
Em 1958 as equipes começaram a evoluir seus carros, agora haviam 10 corridas e a competitividade aumentava. O primeiro título de construtores foi ganho pela equipe Vanwall, apesar do piloto campeão ser Mike Hawthorn da Ferrari. Na temporada seguinte a Cooper foi campeã de construtores e teve o piloto Jack Brabham como campeão. As equipes pontuavam a partir dos pontos ganhos por seu piloto melhor colocado na corrida.
Década de 1960: A década de 1960 começou como terminou a anterior, com Jack Brabham se tornando bi-campeão mundial e sua equipe a Cooper, campeã de construtores. Ambos foram batidos em 1961 pela equipe Ferrari e seu principal piloto Phil Hill, campeões naquele ano.
Jack Brabham tri-campeão na década de 1960 e fundador da equipe Brabham
Apesar do aumento de competitividade, da evolução dos carros e uma maior rigidez nas regras (agora as equipes teriam de correr a temporada inteira e o vencedor de qualquer corrida ganharia 9 pontos), o público ainda era pouco perto dos gastos que se haviam na Fórmula 1. Os chefes da categoria decidiram tornar o esporte mais sério, começando por eliminar de vez o Grande Prêmio de Indianápolis do calendário e havia a esperança do número de corridas apenas aumentar dali em diante. A temporada de 1962 viu a primeira vitória de duas das maiores lendas da categoria: Graham Hill e o nomeado Jim Clark, Graham Hill viria a ser campeão daquele ano correndo pela equipe BRM, enquanto Clark foi vice correndo pela Lotus. Em 1963, Clark deu o troco com impressionantes 63 pontos contra 29 de Hill e impressionantes 7 vitórias em 10 corridas.
Em 1964 nenhum dos dois foi campeão, Clark teve diversos problemas com a sua Lotus e Graham Hill foi superado pelo piloto da Ferrari, John Surtees. Mas ambos viriam ainda mais fortes no ano seguinte. Em 1965 Hill corria no que era disparada a melhor equipe daquele ano, mas fora superado novamente por Jim Clark, o título considerado até então como o mais difícil da Fórmula 1 visto as condições da equipe Lotus diante da poderosa BRM, mas Clark inovou ao configurar seu próprio carro. Em 1966 a BRM vinha fraca e Jim Clark com a Lotus enfrentou inúmeros problemas. O título ficou com um velho campeão, Jack Brabham, que desde 1961, quando montou sua própria equipe conquistou sua primeira vitória correndo pela Brabham e seus inovadores motores de 3,0 litros. De cara venceu 4 corridas seguidas e foi facilmente o campeão daquele ano.
Jim Clark e sua Lotus verde-esmeralda viriam a ser o maior ícone da década de 1960
A temporada de 1967 dava indícios de ser a mais disputada da Fórmula 1 até então. Graham Hill foi correr na Lotus, sendo companheiro de Jim Clark e a equipe inglesa com os inovadores aerofólios aerodinâmicos era a favorita ao título. Mas acabou sendo um verdadeiro fracasso. O carro quebrava facilmente, Hill terminou apenas três corridas e Clark apesar de vencer 4 fora superado pelos pilotos da Brabham, dessa vez o título ficava com o australiano Denny Hulme, vencedor de apenas duas provas daquele ano.
O bi-campeão Graham Hill e sua consagrada Lotus inovaram com aerofólios em 1968
Para completar a década o desfecho do trio Jim Clark, Graham Hill e Jack Brabham. A Brabham fora superada e seu dono somou apenas dois pontos em 1968. A Lotus agora com os potentes motores Ford era disparada a melhor equipe, mas viu uma inesperada tragédia, depois de vencer com facilidade a primeira corrida, Jim Clark era o favorito ao título, mas ao participar de uma corrida de Fórmula 2 na Alemanha sofreu um acidente fatal onde acabou falecendo. A perda de um dos melhores e mais carismático campeões de Fórmula 1 chocou a categoria que finalmente conseguia seu público desejado. O clima entre os pilotos da época nunca mais foi o mesmo. Graham Hill foi o campeão daquele ano, mas nem ao menos comemorou o título.
Em 1969 a Fórmula 1 via o início de uma nova era. O acordo entre as antigas montadoras e as empresas petrolíferas chegara ao fim e as equipes eram livres para deixar a categoria. O número de construtores caiu de 16 para 8. Os custos subiram ainda mais e a temporada fora dominada por 4 equipes. A atual campeã Lotus dividia seu reinado com outras equipes que usavam aerofólios e motores Ford: McLaren, Brabham e a campeã Matra do piloto campeão Jackie Stewart. As antigas campeãs Ferrari, BRM e Cooper decaíram e teriam de agir rápido se quisessem sobreviver ao que viria na década seguinte.
Na foto Bernie Ecclestone e Niki Lauda, dois dos principais nomes dos anos 70
Década de 1970: A década de 1970 trouxe ao ciclo da categoria o mais poderoso de todos que já passaram por ela, Bernie Ecclestone. Antigo piloto, que não é conhecido pela sua carreira dentro das pistas e sim fora delas. Em 1971 ele comprou a equipe Brabham e começou a investir na categoria. Foi ele o responsável por fazer a Fórmula 1 ser conhecida no mundo inteiro, aclamado como ótimo negociador, fechou contrato com equipes milionárias e autódromos caríssimos. Ainda consegue equilibrar seu domínio como presidente da FOM (Formula One Management) e da FOA (Formula One Administration) mesmo diante da grande potência da FIA e das exigentes equipes.
A inovadora Lotus de Émerson Fittipaldi foi a principal equipe na década de 70
Mas na década de 70 a política na Fórmula 1 ainda era esquecida. O público só se interessava pelo que estava dentro das pistas, as equipes e os pilotos. A década foi dominada pela equipe Lotus que seguia inovando com seus aerofólios conhecidos como "asas". A equipe conquistou títulos fáceis em 1970 com Jochen Rindt, em 1972 com Émerson Fittipaldi e em 1978 com Mario Andretti. Além da Lotus, outra equipe a se destacar foi a McLaren, fundada na década anterior conquistou o título de 1974 com o bi-campeonato de Émerson Fittipaldi e por apenas um ponto de diferença conquistou o título de pilotos de 1976 com James Hunt. A Ferrari também sobreviveu a crise das montadoras e voltou a ser campeã com o grande Niki Lauda em 1975 e 1977, e com a forte dupla de 1979, o campeão Jody Scheckter e o vice Gilles Villeneuve.
Jackie Stewart tri-campeão de Fórmula 1 e um dos principais pilotos da década de 70
Além dessas grandes e nomeadas equipes a Tyrrell conquistou seus únicos dois títulos na categoria com o escocês Jackie Stewart, em 1971 e 1973. A década de 70 também viu a "renovação" das equipes na categoria. Surgiam, escondidas, futuras campeãs como a Williams, uma das principais equipes das décadas seguintes e a inovadora Renault que trouxe com ela os motores turbo. Com aerofólios cada vez mais inovadores, motores cada vez mais potentes e a presença do turbo a Fórmula 1 viu os seus anos mais perigosos entre 1968 e 1994, época também em que explodiu economicamente graças à Bernie Ecclestone que comprava os direitos de transmissão de TV da FIA em 1979.
Os anos 70 também ficaram famosos pelas disputas por posições que aumentavam a cada ano, como mostrada no vídeo abaixo. Na ocasião, René Arnoux de Renault que corria em casa tenta ultrapassar a Ferrari de Gilles Villeneuve que disputava o título de pilotos daquele ano. A disputa foi no Grande Prêmio da França de 1979.
Década de 1980:
O maior quarteto da história da Fórmula 1
A Fórmula 1 iniciou a década de 80 com uma lista de bons pilotos e renomadas equipes. Já havia visto pilotos como Juan Manuel Fangio, Jack Brabham, Graham Hill, Jim Clark, Jackie Stewart, Émerson Fittipaldi e Niki Lauda, entre outros campeões. Equipes como Ferrari, Brabham, BRM, Cooper e Lotus, todas consagradas com títulos e inovações. Mas foi a década de 1980 que viu as maiores disputas da categoria, o quarteto Nelson Piquet, Alain Prost, Nigel Mansell e Ayrton Senna foi responsável pelos maiores duelos da categoria, entre 1980 e 1993 foram vistos os mais emocionantes combates dentro das pistas e consagraram equipes como McLaren e Williams que nunca mais seriam as mesmas sem esses gênios do automobilismo. Pilotos que um dia poderiam ser campeões como Riccardo Patrese, Gerhard Berger, Michele Alboreto e René Arnoux se tornaram simples coadjuvantes diante desses monstros da Fórmula 1. Equipes consagradas como Ferrari e Lotus ficaram uma década inteira sem títulos pois não podiam com McLaren e Williams. Foi onde começaram as disputas que durariam mais de uma temporada, envolvendo mais de dois pilotos. Valia a pena ver acidentes terríveis e a Fórmula 1 se tornando máquina de fazer dinheiro, apenas para testemunhar segundos em que esses gênios dominavam suas máquinas.
Nelson Piquet conquistou dois títulos logo no início de sua carreira na Brabham
1980 viu a consagração do primeiro título da equipe Williams, escuderia que vinha cada vez mais forte desde 1977 ganhou o título fácil com o australiano Alan Jones. Em 1981, nem ele e nem seu companheiro de equipe conseguiram combater o brasileiro Nelson Piquet, dirigindo a equipe Brabham que vivia em crise depois da saída de seu fundador. Piquet seguiu a inovação de Jim Clark sendo responsável pelo acerto de seu carro e poucos pontos a frente dos carros da Williams se consagrou campeão mundial. Em 1982 a Brabham trocava os motores Ford pelos motores BMW-turbo, mais potentes, porém com uma resistência muito mais baixa. Piquet ficou longe do título, novamente vencido por um piloto da Williams, dessa vez o estreante na equipe e a zebra da temporada Keke Rosberg, com apenas uma vitória. Mais a temporada viu os carros da Renault de Alain Prost e René Arnoux dominarem disparados quase todos os treinos classificatórios e o retorno de Niki Lauda, agora pela McLaren, que havia deixado a categoria no fim da temporada de 1979.
Niki Lauda tri-campeão em 1984, 0.5 pontos a frente de Alain Prost
Em 1983 a Williams decaiu bastante, sendo superada pela equipe Ferrari, mas nenhum dos pilotos da equipe italiana se consagrou campeão. A disputa do título ficou por conta de Alain Prost destaque com a Renault e novamente Nelson Piquet, bi-campeão com apenas dois pontos de vantagem para o francês. Em 1984 Prost trocava a Renault que enfrentava grandes problemas de confiabilidade pela McLaren onde correria ao lado do veterano Niki Lauda. A equipe fazia um projeto aerodinâmico que faria com que ela crescesse de forma extraordinária a partir de então. Prost e Lauda formaram o primeiro "Dream Team" da década dominando toda a temporada de 1984 e por uma diferença incrível de 0,5 pontos Niki Lauda se tornou tri-campeão mundial.
Fatos curiosos daquele ano foram a utilização do inovador aerofólio duplo, inventado pela McLaren e copiado por todas as demais equipes no restante da temporada; um certo piloto estreante chamado Ayrton Senna que quase venceu o Grande Prêmio de Mônaco com o fraco carro da Toleman e Nigel Mansell que após ter pane seca quando liderava o Grande Prêmio dos Estados Unidos tentou empurrar sua Lotus nos metros finais até desmaiar no meio da pista.
1985 viu novamente o domínio dos carros da McLaren. Desmotivado em sua última temporada na Fórmula 1 Lauda viu seu companheiro Alain Prost conquistar o título mais fácil da equipe até então.
1986, Nigel Mansell perde o título mais disputado da categoria para Alain Prost
A temporada de 1986 via o surgimento de um novo "Dream Team". A Williams perdia o campeão de 1982, Keke Rosberg, para a McLaren, mas passaria a contar com a participação de Nelson Piquet, que levou dados importantes para o time e o ajudou a se tornar disparado o melhor daquele ano. Piquet só não contaria com a presença de Nigel Mansell, o inglês conhecido como "leão", talentoso, porém desastrado e que jamais aceitaria ser superado por um companheiro de equipe. Mansell foi o piloto a ser batido naquela temporada, mas deixou o título escapar nas duas últimas corridas, não para Nelson Piquet, mas sim para Alain Prost, a McLaren já não tinha o melhor carro, mas Prost mostrava ser frio e calculista, com poucos abandonos e sempre terminando entre os líderes, o francês se consagrou bi-campeão em 1986, apenas 2 pontos a frente de Mansell e 3 a frente de Piquet no campeonato de pilotos.
Nelson Piquet e Ayrton Senna em uma das mais emocionantes disputas por posição
Destaque para Ayrton Senna. O piloto brasileiro crescia a cada ano, agora na Lotus conquistou duas vitórias sob pista molhada em 1985 e duas sob pista seca em 1986. Mesmo não disputando o título foi consagrado o melhor piloto daquele ano com incríveis 8 pole-positions em 16 corridas em uma equipe que enfrentava uma crise terrível, e teve o famoso gesto de levantar a bandeira brasileira depois de vencer a corrida de Detroit.
Em 1987, nem a McLaren do calculista Alain Prost e nem a Lotus do gênio Ayrton Senna puderam combater as Williams do tri-campeão Nelson Piquet e do inglês vice-campeão Nigel Mansell. A diferença era tanta que Senna e Prost quase desmaiavam em todas as corridas ao saírem do carro, enquanto Piquet e Mansell venciam corridas guiando na ponta dos dedos. Depois de ser superado por Piquet, Mansell brigou com a equipe que resolveu manter o piloto inglês e dispensar Nelson Piquet que ia para a Lotus com a esperança de reerguer o time falido. Acabava ai o "Dream Team" da Williams.
A temporada de 1988 começou mostrando que Nelson Piquet e Williams haviam errado ao se separar, a equipe inglesa não obteve nenhuma vitória naquele ano e Nelson Piquet nada pode fazer com uma Lotus prestes a fechar. Surgia um novo "Dream Team" mais forte do que qualquer outro já visto anteriormente na categoria. A McLaren Honda dos pilotos Ayrton Senna e Alain Prost. Senna não queria ser companheiro de Mansell na Williams e decidiu se unir a Alain Prost na McLaren, levando consigo os potentes motores Honda, única peça ainda forte na Lotus no ano anterior. Mas Prost seria para Ayrton Senna um adversário maior do que Nigel Mansell foi para Nelson Piquet.
Alain Prost e Ayrton Senna formaram o maior "Dream Team" da Fórmula 1
O francês era o "queridinho" da equipe desde 1984 e não permitiria um outro piloto vencedor no time. Copiava os acertos de Ayrton Senna, que fazia o mesmo em relação ao francês, não havia uma única corrida em que eles não andavam próximos. Os dois se superavam a cada prova e naquele ano só não venceram 1 das 16 corridas da temporada, a única em que ambos abandonaram. O título só poderia vir de forma brilhante, como veio. Na penúltima prova da temporada em Suzuka, caso Ayrton Senna vencesse seria o campeão daquele ano. Como em 13 corridas de 1988, largou na pole-position. Mas seu carro apagou na largada e Senna caia para as últimas posições, fazendo ultrapassagens fenomenais em um circuito travado ele logo assumiu a segunda posição na volta 20 e dali a 8 voltas ultrapassou Alain Prost, assumiu a liderança e venceu a corrida se tornando campeão mundial.
A famosa colisão dos "companheiros" de equipe em Suzuka, 1989
Em 1989 Senna era o favorito ao título, mas além de ter problemas na primeira curva da temporada, abandonou em 7 provas, enquanto Prost precisou apenas ter paciência e terminando quase todas as corridas foi tri-campeão naquele ano. O título foi polêmico, pois na penúltima corrida da temporada, em Suzuka, Prost liderando tacou seu carro em cima do carro de Senna que precisava da vitória para continuar na disputa do título. Senna cortou a chicane, voltou para a pista, trocou a asa dianteira do carro nos boxes, ultrapassou Alessandro Nannini da Benetton e venceu a prova. Tudo isso nas últimas sete voltas da corrida. Mas Jean Marie Balestre, o então presidente da FIA, decidiu banir o piloto da corrida por atravessar a chicane causando frustração no piloto brasileiro e em sua torcida e dando o título a Alain Prost que deixava sua equipe e ia para a promessa do ano seguinte, a Ferrari, acabando com o maior "Dream Team" de todos os tempos.
O auge da Fórmula 1: A Fórmula 1 na década de 1990 iria ver em seu início disputas tão eletrizantes como viu nos anos anteriores, porém iria passar pela perda de um de seus principais pilotos, na época, como consequência enfrentaria uma crise terrível, o abandono até de sua torcida mais fanática e revelaria o que é hoje o maior recordista de títulos e vitórias, Michael Schumacher. Também viria o fechamento de equipes que outrora haviam vencido corridas, foi o caso de Brabham, Lotus, Ligier e Tyrrell. Todas enfrentando o problema financeiro e decaindo a cada ano até fecharem.
Grandes duelos marcaram o início dos anos 90 na Fórmula 1
A temporada de 1990 visava grandes disputas por vitória. A McLaren tinha a melhor aerodinâmica e Ayrton Senna como primeiro piloto, a Ferrari contava com o inovador câmbio semi-automático e a dupla de pilotos Alain Prost e Nigel Mansell, a Benetton contava com o potente motor Ford e o recém contratado tri-campeão Nelson Piquet. Mas era a equipe Williams, com a suspensão ativa, que possuia o melhor carro da temporada, porém seus pilotos não tinham vantagens em circuitos pouco ondulados. E Riccardo Patrese e Thierry Boutsen jamais haviam brigado pelo título de pilotos. Não haviam favoritos para aquele ano.
Senna atropela Prost e garante o bi-campeonato de Fórmula 1
As três primeiras corridas tiveram vencedores de equipes diferentes, mas aos poucos Ayrton Senna e Alain Prost começavam a se destacar dos demais. Senna venceu as corridas de rua e Prost as corridas de alta velocidade. Chegaram ao final da primeira metade da temporada com a diferença de apenas dois pontos entre eles, com a vantagem para Alain Prost. Mas a partir de então Senna se concentrou de vez no título e nas cinco corridas seguintes conquistou 3 vitórias e nas outras duas foi 2º colocado. Enquanto Prost encontrava dificuldades na classificação e tinha como companheiro o egoísta Nigel Mansell que mais atrapalhava do que ajudava. Senna chegou como líder do campeonato no Grande Prêmio do Japão, onde Prost tinha disparado o melhor carro e após assumir a liderança na largada teve o carro atropelado pelo de Ayrton Senna, que fazia a "vingança" do ocorrido no ano anterior. Com o abandono do francês Senna se tornava bi-campeão mundial.
A McLaren decaiu a cada ano entre 1988 e 1990 e teve que inovar para brigar pelo título em 1991. Passou a utilizar uma aerodinâmica mais eficiente, montada pelo próprio Ayrton Senna e conseguiu um pique novo para o início da temporada. Senna venceu as 4 primeiras corridas largando na pole-position e era sem dúvida favorito ao tri-campeonato. Prost vinha desastroso sem marcar nem metade dos pontos do piloto brasileiro, sua Ferrari não evoluíra e ficava para trás em relação à McLaren. A Benetton de Piquet também mudava a aerodinâmica com o famoso formato "tubarão", mas o próprio piloto admitiu não ter chances de título. Senna só não esperava por uma evolução extraordinário do carro da Williams, agora com Nigel Mansell de volta e o projetista Adrian Newey que melhorava o modelo anterior.
Mansell e Senna mostrando o quanto era disputada uma corrida de Fórmula1
Aos poucos o carro da Williams evoluía chegando a metade da temporada disparada como maior potência, superando inclusive a McLaren de Senna. Mansell venceu três corridas seguidas e colou em Senna no campeonato de pilotos. Mas a falta de paciência de Mansell nos Grandes Prêmios de Portugal e Japão, e as vitórias sofridas de Senna na Hungria e Bélgica garantiram o tri-campeonato mundial ao piloto brasileiro. No fim da temporada Prost saiu da Ferrari e Piquet aposentou, era o fim do quarteto fantástico.
Após ser três vezes vice-campeão Nigel Mansell não aceitaria perder outro título e exigiu o melhor carro desde o início em 1992. A Williams então copiou o câmbio semi-automático da Ferrari e tinha disparado o melhor carro do ano, considerado como sendo de "outro planeta". Mansell venceu as primeiras cinco corridas da temporada. Foi campeão já na 11ª etapa do mundial. O vice foi seu companheiro de equipe Riccardo Patrese. A McLaren com o tri-campeão Ayrton Senna e a surpresa da temporada Gerhard Berger terminou o ano com exatamente metade dos pontos ganhos pela equipe Williams que para 1993 tinha como confirmado apenas o piloto Damon Hill, já que Mansell ia para uma categoria americana (onde foi campeão em seu ano de estreia) e Patrese decidia se aposentar (o que não fez naquele ano, e assinou contrato com a Benetton para aposentar no ano seguinte). Senna arriscou assinar com a equipe inglesa, mas em cima da hora outro piloto tomava o seu lugar, um tal de Alain Prost.
Senna e Prost pela última vez em cima do pódio
Prost iniciou a temporada de 1993 com o título garantido, não precisou forçar coisa alguma, pois a Williams passou a utilizar uma aerodinâmica similar ao da McLaren, que era sua única vantagem no ano anterior, e dominou a temporada, ainda mais a frente das adversárias. Ainda assim Senna resolveu fechar sua última temporada na McLaren com chave de ouro, com o fraco motor Ford e um carro superado inclusive pela equipe Benetton, Senna venceu 5 corridas em 1993 e se consagrou vice-campeão naquele ano, o que foi para ele um título. Prost tetra-campeão anunciou a aposentadoria no final da temporada deixando como presente seu lugar na Williams para Ayrton Senna. Foi o último ano em que a Fórmula 1 viu os dois grandes pilotos vencerem na categoria.
A batida de Rubens Barrichello marca o início das tragédias em 1994 na Fórmula1
Roland Ratzenberger morre após forte colisão em Imola
As tragédias de 1994: A maior categoria do automobilismo mundial vinha tomando um rumo não desejado pelos pilotos. Com a ampliação da categoria pelo mundo, a comercialização de produtos para fãs e o contrato que fazia que os pilotos corressem por sua equipe em todas as corridas da temporada, andava transformando o ciclo em um verdadeiro inferno. As disputas emocionantes tiradas no braço haviam dado espaço para carros eletrônicos e que exigia técnica e um mínimo de arrojo. Pilotos como Piquet, Mansell, Patrese e Prost decidiram deixar a categoria assim que tiveram a chance, e todos aconselharam Ayrton Senna a fazer o mesmo. O piloto brasileiro decidiu ficar, entusiasmado em sua nova equipe ele logo perdeu o sorriso ao saber da proibição da suspensão ativa naquele ano, grande ponto forte da equipe. Ainda assim era o favorito ao título, mas começou o ano de forma decepcionante ao abandonar as duas primeiras corridas. Na terceira em Imola viu o compatriota Rubens Barrichello sofrer um grave acidente no treino de sexta e seu velho amigo Roland Ratzenberger falecer em um acidente ainda mais forte no dia seguinte.
A incrível e assustadora cena da Williams de Ayrton Senna passando reto em uma curva veloz de Imola
O clima nos boxes da Fórmula 1 era tenso e pilotos como Senna se negavam a correr, ainda abalados pelos acontecimentos do fim de semana. O pedido dos pilotos foi recusado, e para evitar quebra de contrato todos tiveram que correr a mais trágica de todas as corridas. Estava óbvio de que eram meros fantoches diante de um esporte que enriquecia a cada ano a custa de seus esforços e sacrifícios, prova disso era a segurança que não acompanhava a evolução dos carros. Na largada para o Grande Prêmio de San Marino um forte acidente causou a paralisação da corrida, na relargada Senna disparava a frente de Schumacher. Na segunda volta depois da bandeira verde, o piloto ainda abalado fez o que não havia feito em dez anos de carreira...errou uma curva. Um erro fatal, com consequências tristes, sua Williams passou reto na curva Tamburelo a mais de 300 km/h colidindo-se ao muro, uma peça da suspensão se soltou e atravessou o capacete do piloto acertando-lhe no rosto e lhe tirando a vida. A cena do piloto brasileiro girando a cabeça e deixando-a cair por cima dos ombros já apontava que ele estava sem vida. Talvez a morte mais trágica da Fórmula 1, pelo simples fato da vítima não querer correr.
A morte de Senna comoveu um país inteiro e o ciclo da Fórmula 1
Depois disso nenhum outro piloto conseguiu se concentrar na corrida seguinte, em Monte Carlo onde quase ocorreu a morte de Karl Wendlinger, não eram mais só os pilotos que não queriam correr, era todo o público da categoria que suplicava por maiores medidas de segurança ou pelo fim da Fórmula 1. Seguiu-se a primeira opção e os carros seriam melhores equipados a partir do ano seguinte. Ninguém ligou para os pilotos Michael Schumacher e Damon Hill que disputaram o título até a última corrida, no fim ganho por Schumacher, estavam todos insatisfeitos com essa "nova" categoria.
Damon Hill, filho de Graham Hill foi campeão mundial em 1996
Uma nova era: Nem as mudanças na segurança dos carros fez o público da Fórmula 1 voltar a ser o que era. Agora a categoria era dominada por novos nomes como Michael Schumacher, Damon Hill, Jacques Villeneuve e Mika Hakkinen. Nenhum desses viria a ter o arrojo dos pilotos que formavam o grande quarteto anterior. Hill foi vice-campeão em 1994 e 1995 e campeão em 1996, todos esses anos correndo com a equipe Williams. A temporada na Arrows em 1997 marcou seu pior ano na Fórmula 1, nem a vitória na Jordan em 1998 e a boa temporada no ano seguinte lhe fizeram recuperar a boa fama de antes. O piloto inglês se aposentou no final da temporada de 1999.
Uma promessa frustrada, Jacques Villeneuve foi campeão em 1997
Jacques Villeneuve foi vice-campeão na sua temporada de estreia em 1996 e campeão no ano seguinte, em 1998 foi mero coadjuvante. Em 1999 brigou com a equipe Williams onde correu os três anos anteriores e decidiu fundar seu próprio time, a BAR. Sem grande êxito em suas primeiras temporadas a equipe expulsou seu fundador em 2003 quando finalmente começava a crescer. Villeneuve correu como piloto reserva na Renault, assumindo a vaga de titular no fim de 2004 obtendo péssimos resultados. Em 2005 voltou a correr como piloto titular na equipe média Sauber, onde ficou até metade da temporada seguinte, deixou a equipe no meio do ano e fez de tudo para voltar a correr, sem êxito.
Mika Hakkinen foi bi-campeão mundial com a McLaren no fim dos anos 90
Mika Hakkinen estreou na Fórmula 1 em 1991, correndo pela Lotus, pouco antes dessa fechar em 1994. Em 1993 foi piloto de testes e fez algumas corridas pela McLaren, assumindo a vaga de piloto definitivo no ano seguinte. Obteve sua primeira vitória no Grande Prêmio da Europa de 1997. Sendo campeão em 1998 com os inovadores pneus bridgestones. Em 1999 foi bi-campeão se aproveitando do forte acidente de seu maior adversário Michael Schumacher, em que esse quebrou a perna direita. Mas foi superado por Schumacher em 2000, ano em que foi vice-campeão. Em 2001 teve várias quebras e aposentou no final da temporada com apenas 33 anos.
Com 7 títulos mundiais Michael Schumacher é o maior recordista da Fórmula 1
Michael Schumacher passou a ser o novo queridinho da Fórmula 1. Após uma estreia fraca no meio da temporada de 1991 ele foi o destaque em 1992 e 1993 andando entre os campeões da época. Em 1994 ainda pela Benetton se consagrou campeão mundial, repetiu o título na temporada seguinte. Em 1996 foi para a Ferrari que não era campeã de pilotos desde 1979. Ficou fora do título em 1996, foi desclassificado em 1997, vice-campeão em 1998 e quebrou a perna no meio da temporada de 1999. Em 2000 deu a volta por cima, com o novo carro da Ferrari e muito mais maduro depois do acidente, superou as poderosas McLaren-Mercedes da época sendo tri-campeão em 2000 e tetra em 2001. Em 2002 superou o recorde de vitórias de Alain Prost, venceu 11 corridas e repetiu o título também nos dois anos seguintes, se tornando o maior vencedor e campeão da categoria. Em 2005 foi finalmente superado pelos jovens Fernando Alonso e Kimi Raikkonen. Disputou seu último título pela Ferrari em 2006, quando perdeu para Alonso. Decidiu encerrar a carreira no fim daquele ano. Mas voltou a correr em 2010 pela equipe Mercedes. Está entre os principais pilotos do automobilismo mundial. Paciência e técnica são seus pontos fortes.
Muitos pilotos venceram corridas no período entre 1995 e 2004 sem se consagrarem campões. Alguns deles merecem destaque como Heinz-Harald Frentzen vice-campeão em 1997, disputou o título em 1999. Juan Pablo Montoya, conhecido por seu arrojo disputou o título de 2003 pela Williams, David Coulthard, vencedor de 13 Grandes Prêmios correndo pela Williams e McLaren, Ralf Schumacher irmão de Michael, que venceu seis corridas pela Williams e o brasileiro duas vezes vice-campeão Rubens Barrichello são destaques desse período.
Fernando Alonso e a equipe Renault, bi-campeões mundiais
Campeonatos emocionantes:Mudando a cada ano e inovando tecnologicamente a Fórmula 1 chegou ao auge da aerodinâmica em seus carros no fim da década de 2000. Em 2005 e 2006 Fernando Alonso e sua Renault, que voltou a categoria em 2002 depois de ser banida em 1985, foram bi-campeões mundiais superando em 2006 ninguém menos que Michael Schumacher e sua poderosa Ferrari. A equipe italiana voltaria ao título no ano seguinte, depois do escândalo envolvendo a poderosa equipe McLaren e seus pilotos, o bi-campeão Fernando Alonso e o estreante Lewis Hamilton, além do dono da equipe Ron Dennis por permitirem a espionagem dentro da equipe. A McLaren perdeu seus pontos no campeonato de construtores, mas seu pilotos mantiveram sua pontuação. Ainda assim Kimi Raikkonen da Ferrari venceu o campeonato aquele ano terminando 1 ponto a frente de ambos.
Os carros se tornaram verdadeiras naves na temporada de 2008
Em 2008 a Fórmula 1 perdeu o controle de tração e as equipes tiveram de evoluir ainda mais aerodinamicamente transformando seus carros em verdadeiras "naves de rodas". A McLaren deu o troco na Ferrari vencendo o campeonato com Lewis Hamilton, terminando apenas 1 ponto a frente de Felipe Massa da Ferrari. Mas nenhuma das duas equipes brigaria pelo título no ano seguinte. A Fórmula 1 mudou radicalmente a aerodinâmica de seus carros e as principais equipes de 2008 tentaram inovar em 2009 com o dispositivo batizado de kers que garantia ao piloto, quando acionado, um grande ganho de potência. O dispositivo se mostrou caro, e por seu peso acabou mais prejudicando do que ajudando as equipes que o utilizavam. A temporada foi dominada pelo inglês Jenson Button na equipe novata Brawn-GP que tinha o polêmico difusor duplo como ponto forte.
O atual campeão mundial de Fórmula1 Sebastian Vettel
Button foi para a McLaren em 2010, onde corre ao lado do campeão de 2008 Lewis Hamilton. No mesmo ano, Fernando Alonso estreou na Ferrari e prometia brigas incessantes com os pilotos da equipe inglesa. Porém nenhum deles foi campeão aquele ano. A equipe Red Bull surgiu como ponto forte de 2010 tendo como arma o grande projetista Adrian Newey consagrou o jovem alemão Sebastian Vettel o campeão mais jovem da categoria em um dos campeonatos mais acirrados da história.
Naquele ano, 5 pilotos lideraram o campeonato mundial por mais de uma corrida. Na última corrida Fernando Alonso era o grande favorito, mas terminou a última corrida apenas em sétimo, com a vitória, Vettel que até então não havia liderado o campeonato se consagrou campeão, dois pontos a frente do piloto espanhol. Vettel e Red Bull dominaram a temporada de 2011, se consagrando bi-campeões mundiais.
De tantas imagens que se pode ter da Fórmula 1 eu decido escolher uma que não ocorreu nas pistas e sim em uma pausa no esporte sendo citada por aquele que é considerado como o maior piloto da história. Espero que gostem.
Temporadas Campeões piloto/equipe Vice-Campeões
Fonte: O Melhor da F1