O ouro não foi a única riqueza encontrada na região das Minas Gerais. Em 1729, o governo português foi avisado da existência de jazidas de diamantes na região do rio Jequitinhonha, próximo ao Arraial do Tijuco (atual Diamantina, Minas Gerais).
As primeiras descobertas de diamantes no Brasil ocorreram em princípios do século XVIII. Logo o Brasil transformou-se no primeiro produtor moderno de diamantes do mundo. Até essa data, os diamantes eram comercializados em pequenas quantidades pelos portugueses, que valiam-se do entreposto de Goa, na Índia.
De início a extração era livre e o pagamento dos impostos fazia-se como o do ouro, isto é, pelo quinto. Logo as autoridades pensaram em outra forma de controle, dada a facilidade de burlar o fisco.
ilustração de Carlos Juliano representa escravos trabalhando em uma mina, Minas Gerais, século XVIII
As autoridades agiram rápido. De imediato, anularam todas as concessões de terras no local e proibiram a exploração de ouro. A extração de diamantes foi transformada em monopólio do governo português e quem fosse pego explorando essas minas sem autorização podia ser punido com o degredo (exílio) para Angola.
Em 1743, o governo português criou o Distrito Diamantino, administrado inicialmente por Rafael Pires Pardinho. Para evitar o contrabando, Pardinho impôs à população local um isolamento quase completo em relação a outras regiões da colônia. Ninguém podia sair sem prévia autorização do Intendente, que tinha poder de vida e morte sobre os habitantes da região demarcada. Mas o valor de venda dos diamantes era tão alto que os próprios funcionários do rei contrabandeavam as pedras.
O centro administrativo do Distrito Diamantino, localizado no arraial do Tijuco, fazia valer a autoridade do intendente por meio dos chamados Dragões de Minas, que eram a tropa de elite para reprimir qualquer tentativa de contrabando.
A permissão para que particulares participassem da extração de diamantes só foi dada em 1739. Em troca do pagamento de uma quantia fixa ao governo português, essas pessoas, chamadas de contratadores, exploravam as minas utilizando trabalho escravo.
Economia
A região das minas funcionou como um grande imã na colônia, isto é, atraindo gente pela possibilidade de enriquecimento fácil e rápido. Essa atração exercida pelo ouro fez com que, ao longo do século XVIII, ocorresse uma intensa circulação de mercadorias e animais na colônia.
A maior parte da população concentrava-se na região das minas, e sua única preocupação era achar ouro e enriquecer. As atividades agrícolas foram esquecidas e relegadas a segundo plano. O resultado foi que gêneros alimentícios e vestimentas tiveram uma alta de preços nunca vista antes.
Isso significava que um produto custava, na região das minas, aproximadamente cinquenta vezes mais do que se pagava no litoral.
Com a região das Minas consumindo uma grande quantidade de produtos que não produzia e devido ao alto poder aquisitivo gerado pelo ouro e os diamantes, as atividades comerciais internas à colônia, antes insignificantes, tiveram um grande desenvolvimento. Os surtos de fome provocados pela precariedade do abastecimento, foram superados com a dinamização da economia.
A mudança no perfil da economia se materializou no aparecimento de centros produtores de alimentos em torno da região das minas. A partir de então, surgiu uma verdadeira malha de caminhos que ligavam as diferentes regiões da colônia com o centro produtor de ouro.
Os caminhos e o comércio da colônia
No início da mineração, existiam somente dois caminhos para chegar à região aurífera: o Caminho Geral e o Caminho do São Francisco. O primeiro ligava a capitania de São Paulo, passando por Parati, até a região das minas. O do São Francisco era o caminho “natural” entre o Nordeste e as minas.
Como o Rio de Janeiro era um importante centro fornecedor e havia necessidade de melhorar o acesso à região das minas, o governo da colônia resolveu abrir o Caminho Novo das Gerais, pelo qual, segundo o cronista Antonil, era possível fazer a viagem entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais em 10 ou 12 dias.
Esse novo caminho, com suas ramificações, facilitava o trabalho de fiscalização da real Fazenda, que instalou barreiras e registros onde a passagem era obrigatória.
Nas proximidades de cada barreira ou registro, iam surgindo aglomerados de casas que, de povoações se transformaram em vilas e depois em cidades. As cidades de Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu e Ouro Fino são alguns dos exemplos de formações urbanas em torno dos registros da Real Fazenda.
Nos vários caminhos que ligavam as diferentes partes da colônia a Minas Gerais, também se formavam vilas e povoamentos junto dos pousos, pontos de abastecimento e descanso dos viajantes. Aos poucos a colônia tomava uma feição que se poderia chamar de urbana, principalmente graças à circulação de uma personagem nova na economia e na sociedade coloniais: o tropeiro, condutor das tropas de mulas.
Do Nordeste vinham para a região das Gerais escravos, tabaco e muita aguardente. Além dos caminhos principais, existiam os secundários, por onde muito ouro era contrabandeado.
Caminhos do ouro Entre os séculos XV e XVIII, 50% de todo ouro produzido no mundo foi extraído do Brasil. E 70% desse total saiu da capitania de Minas Gerais. Mas como explicar que apesar disso, a imensa maioria da população local vivia numa situação de extrema pobreza, chegando muitas vezes a passar fome, perambulando pelas ladeiras e morros da região?
Biblioteca do Convento de Mafra (Portugal) É que só uma parte pequena do ouro ficou aqui. Com essa parte foram construídos, os altares de igrejas mineiras e baianas. A maior parte do ouro e dos diamantes ia para Portugal, onde era gasta em construções monumentais como o Convento de Mafra, e servia para pagar as importações portuguesas, que vinham sobretudo da Inglaterra. Por isso, para alguns historiadores, grande parte do ouro extraído do Brasil no século XVIII contribuiu para o enriquecimento da Inglaterra |
PEDRO, Antonio. História da civilização ocidental. ensino médio. CARDOSO, Oldimar. coleção Tudo é História. ensino fundamental. BOULOS JUNIOR. coleção História Sociedade & Cidadania. ensino fundamental.