A noção de quantidade, ou de número, e a capacidade de quantificar são inerentes à inteligência humana e se desenvolvem com o tempo. Na medida em que as sociedades crescem e se tornam mais diversificadas, os sistemas numéricos ficam mais complexos. Na pré-história e em algumas tribos indígenas contemporâneas, a numeração não vai além do dois ou do três. A civilização egípcia, no entanto, realiza cálculos complexos e trabalha com números superiores a 1 milhão no século XXX a.C.
Base de contagem
Em um sistema numérico, os números são representados por símbolos. A quantidade de símbolos de um sistema numérico e sua hierarquia variam de acordo com a base de contagem utilizada. O sistema decimal, por exemplo, o mais usado atualmente, é de base 10 e existem apenas dez símbolos para representar os números: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. É hierarquizado em unidades, dezenas (dez unidades), centenas (dez dezenas), milhares (dez centenas). Também é um sistema posicional, ou seja, a posição do símbolo no número indica seu valor. No número 2.314, por exemplo, o 2 indica a quantidade de milhares, o 3 indica a quantidade de centenas, o 1 indica as dezenas, e o 4 indica as unidades.
Na Antigüidade, o sistema adotado na Mesopotâmia é o de base 60, com símbolos específicos para representar as unidades de 1 a 59. Já é usado durante o reinado de Hamurabi, no século XVII a.C., tanto na aritmética elementar como para efetuar complicados cálculos astronômicos. Ainda não tem um símbolo para o zero e, nos cálculos, deixa um espaço em branco para indicar sua posição.
As medidas usadas para ângulos e para a contagem das horas são heranças do sistema numérico de base 60 usado pelos antigos povos da Mesopotâmia. Considerada muito prática, a base 60 pode ser dividida por vários números (1, 2, 3, 4, 5, 6 e 12) sem recorrer ao uso de frações. Seus múltiplos também permitem expressar com facilidade alguns fenômenos físicos. Os babilônios optam por dividir o círculo em 360º (60x6). Fazem uma analogia entre o círculo e o movimento do Sol, ao longo do ano. No céu, o Sol desloca-se cerca de um grau por dia neste círculo aparente que executa em torno da Terra. Um grau é igual a 60 minutos e um minuto é igual a 60 segundos.
Não há consenso entre os historiadores sobre a invenção do zero. É atribuída tanto aos povos da Mesopotâmia, quanto aos árabes, hindus e chineses. Arqueólogos identificam um símbolo para este número em tábuas de escrita cuneiforme de 300 a.C., feitas na Mesopotâmia, numa época em que a região era dominada pelos persas. A invenção do zero aumenta a precisão de todos os cálculos e traz um grande desenvolvimento para a aritmética e a astrono.
Algarismos arábicos
Os símbolos numéricos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, os algarismos, são inventados pelos hindus, por volta do século V d.C., para um sistema de numeração de base 10, com notação posicional. O uso do zero pelos hindus é registrado no século VII, na obra Brahmasphutasidanta (A abertura do universo), do matemático Brahmagupta. O sistema numérico dos hindus é divulgado pelo livro Sobre a arte indiana de calcular, escrito em 825 pelo matemático e astrônomo persa al-Kwarizmi, origem das palavras algarismo e algoritmo. A obra de al-Kwarizmi chega à Espanha islamizada no século X. Os símbolos numéricos hindus são adotados pelos comerciantes italianos e propagam-se por toda a Europa. Ganham o nome de algarismos arábicos em contraposição ao sistema numérico romano, ainda utilizado na época.
Fonte: www.conhecimentosgerais.com.br