História do Brasil e do Mundo
A França Antártica
ARTIGO
André Thevet - Isle e Fort des François
No transcorrer dos séculos XV e XVI, diversos governantes europeus não esconderam seu descontentamento com os consecutivos tratados estabelecidos entre Portugal e Espanha com vistas à exploração de novas áreas espalhadas pelo mundo. O rei Francisco I da França, por exemplo, enunciou em relação ao Tratado de Tordesilhas (1494), o mais famoso deles: “Gostaria de ver a cláusula do testamento de Adão que me afastou da partilha do mundo”.Em se tratando de Brasil - colônia de Portugal - tal insatisfação gerou uma série de investidas em sua porção litorânea por parte de corsários e piratas financiados pelos Estados excluídos, especialmente a França.
Durante o governo-geral de Duarte da Costa (1552-1558), o Brasil sofreu um pesado ataque francês, na região da atual cidade do Rio de Janeiro. Sob comando do vice-almirante Nicolas Villegaignon, uma expedição armada tomou a ilha de Serigipe, nas adjacências da Baía de Guanabara, e iniciou a edificação de um forte de defesa, nomeado Coligny. Iniciava-se, assim, uma tentativa de colonização francesa no Brasil: a França Antártica (1555).
A principal motivação para a colonização estava relacionada à inserção francesa na exploração de riquezas naturais, sobretudo o pau-brasil, cuja resina vinha sendo largamente utilizada na Europa para tingir tecidos manufaturados de alto luxo. Como toda ação colonizadora do período, o viés econômico era patente e tratou de reunir indivíduos de matizes religiosas que, inclusive, vinham se confrontando ferozmente na França e parte da Europa Ocidental: católicos e protestantes.
Com o acirramento dos conflitos no Velho Mundo, a recém fundada colônia passou a se despontar, sob a ótica protestante, como uma forma de desterritorializar o processo de avanço missionário e empreender um projeto de conversão religiosa na América, voltado principalmente aos tupinambás, habitantes da área continental à Serigipe. Em 1557, como parte deste processo, 14 missionários calvinistas desembarcaram na ilha, iniciando a preparação dos trabalhos.
A conotação calvinista que a colonização passou a conter provocou revolta dos católicos franceses ali instalados e os conflitos assistidos no além-mar transportaram-se para a América. As incessantes agitações demandavam uma presente atuação conciliatória de Villegaignon, legítimo representante do poder francês na ilha. Em 1558, desgastado e incapaz de compatibilizar paixões religiosas, Villegaignon resolve voltar à França, deixando o comando da colônia nas mãos de um dos seus sobrinhos, Bois de Le Comte.
Aproveitando-se da ausência do principal líder, os portugueses organizaram um contra-ataque militar, com o intuito de retomar a posse da ilha. Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil, não poupou esforços nem recursos para mobilizar suas tropas em prol deste objetivo. Em 1560, após uma longa série de conflitos, finalmente a ilha retornava aos auspícios portugueses.
Contudo, grande parte dos historiadores concorda que a tomada de Serigipe, ao contrário do que se parece sugerir, não representou o fim da França Antártica. Muitos franceses haviam se instalado no continente, vivendo entre os índios tupinambás, com as quais estabeleceram alianças militares. Apesar do contato inicial pouco amistoso, franceses e tupinambás perceberam os benefícios do estabelecimento de alianças, que demarcava uma cooperação mútua: os tupinambás viam nos franceses a chance de se libertar do domínio imposto pelos portugueses, com a exploração de sua mão de obra e a catequização. Do lado dos franceses, havia a oportunidade de aproveitar do clima de tensão para fortalecer suas defesas e posses.
Em 1563, Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, foi designado para comandar mais uma expedição contra a presença francesa. Agora, as atenções estavam voltadas aos infiltrados no continente. Na região do Espírito Santo, Estácio consegue estabelecer uma importante aliança com os índios temiminós, liderados pelo cacique Araribóia, e reforça a frente militar de ataque. Passados 2 anos de conflitos, apesar das diversas baixas e ataques mal sucedidos, Estácio funda, em 1º de março de 1565, a vila de São Sebastião do Rio de Janeiro, buscando legitimar a presença portuguesa na região. A guerra, porém, se arrastaria até 1567, quando parte dos franceses restantes é expulsa e dos indígenas aliados mortos.
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