A força de Olga Benário e a influência nazista no Brasil.
Por Carolina Vellei | 23/04/2015
Hoje é dia de lembrar a morte da militante comunista Olga Benário. Em 23 de abril de 1942, ela foi assassinada em uma câmara de gás com mais 199 prisioneiras do regime nazista. Judia e esposa do revolucionário Luís Carlos Prestes, foi entregue pelo governo brasileiro aos alemães em 1936. Saiu do Brasil grávida de sete meses. Apesar dos protestos, o presidente Getúlio Vargas não decretou indulto e Olga foi torturada e deportada.
Depois de entregue à Gestapo, a polícia política de Hitler, ela foi enviada para um campo de concentração, onde deu à luz Anita Leocádia Prestes. A menina foi resgatada da Alemanha por sua avó, Leocádia, e sua tia. Viveu até os 8 anos no México e só conheceu o pai e o Brasil em 1945, quando acabou a ditadura Vargas.
À esquerda, foto de Olga em 1928, ainda na Alemanha. A história de vida da militante foi contada no filme Olga (2004), dirigido por Jayme Monjardim e protagonizado pela atriz Camila Morgado (à direita) (Fotos: Wikimedia Commons e divulgação).
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Jovem guerreira
De família judaica, Olga nasceu em Munique, na Alemanha, em 1908. Desde muito jovem se interessou pelo movimento comunista e aos 18 anos já militava no Partido Comunista alemão. Força e resistência eram duas características da moça. Ela falava quatro idiomas, sabia pilotar aviões, saltar de pára-quedas e era uma amazona habilidosa.
Seu caminho se cruzou com o do brasileiro revolucionário Luís Carlos Prestes em 1931. Ele estava na União Soviética estudando marxismo-leninismo e trabalhava como engenheiro. Olga tinha fugido para o país e participava da Internacional Comunista. Por conta de suas habilidades, foi destacada para fazer parte do grupo de estrangeiros que acompanhou Prestes em seu retorno ao Brasil. Juntos, eles liderariam a Intentona Comunista no Brasil, uma revolta de cunho político e militar que tentou derrubar Getúlio Vargas, mas não teve sucesso.
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Nazismo no Brasil
Durante o governo Vargas, o Brasil deu sinais de simpatia ao nazismo. Em 1936, policiais e militares brasileiros visitaram a Alemanha, onde treinaram com a Gestapo. Em retribuição, o governo brasileiro entregou a eles comunistas e judeus alemães residentes no Brasil, como Olga Benário, Erna Krüger, Elise e Arthur Ewert. Naquele momento, parecia que Getúlio estava muito mais próximo de apoiar o Eixo que os Aliados, na guerra que se aproximava e que começaria em 1939.
A Aventuras na História publicou uma reportagem em 2006 que mostrou a influência do nazismo na sociedade brasileira e como essa ideologia era vista pelas nossas autoridades na época. É um texto que vale a pena ser lido!
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