O golpe do Estado Novo
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O golpe do Estado Novo


No fim de 1935 e começo de 1936, havia um clima de golpe. Getúlio Vargas tinha planos de continuar no poder e para isso contava com o apoio de seus mais íntimos generais e ministros. O levante militar da ANL(Aliança Nacional Libertadora) era uma justificativa para endurecer o regime. Os meios de comunicação, especialmente os jornais, chamavam o levante de Intentona Comunista (Intento insano, conspiração). Isso assustava as camadas médias e os proprietários, que temiam o comunismo.

Em março de 1936, foi decretado o estado de guerra, o que aumentava ainda mais o poder do Executivo. A Constituição de 1934, na prática, já não vigorava. Mesmo sob esse clima de insegurança política e de praticamente nenhuma liberdade, continuavam os preparativos para a eleição do próximo presidente da República. As eleições deveriam ocorrer em 1938, e os candidatos eram Armando de Sales Oliveira, governador de São Paulo, e o "tenente civil" e político paraibano José Américo de Almeida. Getúlio Vargas, com grande habilidade política, não apoiava nenhum candidato, mas às vezes dava a impressão de que José Américo de Almeida seria o candidato oficial.

Enquanto se fazia a campanha presidencial, as prisões e os processos prosseguiam. O procurado líder comunista Luís Carlos Prestes foi preso juntamente com sua mulher Olga Benário. No dia 5 de março de 1936, outros líderes comunistas estrangeiros tiveram a mesma  sorte. Um deles, Alain Baron, apareceu morto na delegacia e, segundo a versão da polícia, havia se suicidado. O tratamento dispensado aos prisioneiros foi brutal: torturas, assassinatos disfarçados de suicídio, prisões e maus-tratos.

A direita se fortaleceu com o fracasso do levante. O Movimento Integralista ajudava na repressão ao movimento operário. A campanha presidencial continuava. Flores da Cunha, o líder político mais expressivo do Rio Grande do Sul, apoiava a candidatura de Armando de Sales Oliveira, que contava com a simpatia de várias correntes liberais e era articulada pelo jornal O Estado de São Paulo. O clima político ficou ainda mais confuso quando os integralistas lançaram a candidatura de Plínio Salgado para a presidência.

Getúlio Vargas, ao mesmo tempo que reprimia os movimentos de esquerda e controlava os sindicatos, fazia mais concessões aos trabalhadores, aumentando assim sua popularidade, o que de certa forma iria ajudá-lo a dar o golpe de Estado. No entanto, era necessária uma justificativa para o golpe.

 

Luís Carlos Prestes e Olga Benário

 

Olga, a espiã que amava  o espionado

Ela foi encarregada de relatar ao Exército Vermelho todos os passos de Luís Carlos Prestes.

Olga Benário, uma alemã que integrava o Exército Vermelho, chegou ao Brasil em 1935 para auxiliar os comunistas brasileiros a tomar o poder. Sua história ficou bastante conhecida, principalmente depois do lançamento do livro Olga , de Fernando Morais. Quando o livro foi escrito, em 1985, seu autor não teve acesso à documentação sobre Olga existente na União Soviética (URSS). Entre a primeira edição do livro e o filme nele baseado (Olga, de Jayme Monjardim, 2004), veio a tona uma outra história, resgatada no livro Camaradas (Companhia das Letras, 1993) , de William Waack.

Diferentemente do que escreveu Fernando Morais, Olga Benário não veio ao Brasil apenas para auxiliar Luís Carlos Prestes a derrubar o governo de Getúlio Vargas. De acordo com os documentos pesquisados por Waack, na URSS, Olga deveria espionar Prestes e relatar todos os seus passos ao Exército Vermelho.

Presa em companhia de Prestes, Olga foi deportada para a Alemanha, onde era procurada pela polícia política por ser judia e comunista. Chegou à Alemanha grávida de uma menina, foi separada de sua filha e acabou morrendo num campo de concentração nazista.

Não é certo que os alemães soubessem que ela tenha sido espiã soviética, mas Waack publicou evidências de que os soviéticos nada fizeram para libertá-la. E isso apesar de ela ter permanecido em prisões nazistas enquanto durou a amizade entre alemães e soviéticos.

Adaptado de NÉUMANNE, José. Olga, a espiã que amava o espionado. O Estado de São Paulo, 11/9/2004.http://txt.estado.com.br/editoriais/2004/09/11/cad030.html Acesso: 19/4/2005

 

Exército Vermelho: Instituição Militar criada durante a Revolução Russa de 1917, para derrotar o Exército Branco, formado pelos opositores da revolução comunista. Em 1922, tornou-se o exército oficial da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único. CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é História. ensino fundamental.

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