Os Burgos
História do Brasil e do Mundo

Os Burgos


Na sociedade feudal, o que valia mesmo era a terra. Os donos de terra eram as pessoas mais valorizadas, era entre eles que estavam os reis e os nobres. Agora o que começava a ter mais valor era o dinheiro.

Estimulados pela expansão de sua atividade econômica na Europa, os comerciantes passaram a se reunir nos entroncamentos das estradas ou próximos às muralhas dos grandes castelos. Surgiram assim as feiras que duravam vários meses. Nelas se vendia de tudo, se comprava de tudo.

A mais famosa região de feiras ficava na França e se chamava Champagne.

Nos lugares onde se realizava as feiras, surgiram  e outros serviços, como o de ferreiro e de seleiro. Muitas pessoas começaram a morar nesses lugares. Formaram-se aldeias. Essas aldeias cresceram. Surgiram pequenas cidades.

Nas línguas germânicas, a palavra burgs significa ‘fortaleza’. Por isso as novas cidades foram chamadas de burgos e seus habitantes, burgueses.

 

As cartas de Franquia

Inicialmente, os burgueses pagavam impostos aos senhores das terras onde se estabeleciam. Ao prosperar em seus negócios, compravam o direito de não pagar taxas ao senhor e de estabelecer o governo das cidades. Esse direito era formalizado nas Cartas de Franquia, documento pelo qual o senhor feudal se comprometia a dar liberdade de movimento aos habitantes da cidade. Por isso se dizia que “o ar da cidade é um ar livre”. Por isso também muitos camponeses fugiam do campo, onde eram servos, para se instalar nas cidades, onde passavam a ser livres.

Em cada burgo havia um número limitado de comerciantes e artesãos. Os artesãos estavam organizados em grupos chamados corporações de ofício. Nem os comerciantes nem os artesãos queriam que a concorrência aumentasse. Assim, as corporações de ofício fixavam regras sobre quem podia ser artesão e sobre a quantidade de artigos que podia ser produzida em cada ramo de atividade. Os comerciantes, por sua vez, faziam o mesmo em suas corporações, geralmente chamadas guildas.

Entre os artesãos havia corporações de sapateiros, de ferreiros, de alfaiates, e assim por diante. Cada corporação tinha um mestre, que detinha as ferramentas, fornecia a matéria-prima, controlava toda a produção e recebia por ela. e os aprendizes, que trabalhavam em troca de casa e comida.

Movimentos Sociais: Ontem e hoje

Os movimentos sociais atuais possuem organização, planejamento e objetivos políticos bem definidos. Os operários encontram-se organizados em sindicatos de categoria profissional e confederações, isto é, agrupamentos mais vastos de representação nacional e internacional. O mesmo ocorre com os empresários e patrões, integrados em amplas associações representativas. Os partidos políticos, as organizações dos estudantes, das mulheres, dos negros, dos índios e outras tantas apresentam em geral as características do grupo que representam. (…)
Os movimentos populares medievais, ao contrário raramente possuíam objetivos políticos claros. Salvo exceções, os revoltosos não apresentam uma organização durante o desencadeamento das manifestações. Os chefes emergiam no desenrolar dos acontecimentos e quase nunca exerciam liderança sobre todos os insurretos. Isso facilitava mais a repressão e a dispersão das revoltas. (…)
(…) Entre 1350 e 1385, uma verdadeira torrente de revoltas atingiu vários reinos, porém nenhuma delas influenciou ou foi influenciada por outra. Foram manifestações isoladas, limitadas no espaço, sem comunicação. (…)
Os camponeses e os artesãos sublevaram-se (revoltaram-se) contra os senhores feudais ou contra a realeza, sem perceber a estrutura de poder que os envolvia: o sistema feudal. Não pretendiam, por causa disso, modificar ou suprimir o feudalismo. As lutas ocorreram no momento de crise do sistema, e elas colaboraram, sem dúvida, para enfraquece-lo, embora a população não tivesse consciência disso.

(MACEDO, José Rivair. Movimentos populares na Idade Média. p.67-9.) 

BOULOS JUNIOR, Alfredo. Coleção história: Sociedade & Cidadania. p. 99




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