JÂNIO QUADROS E A TAL CONDECORAÇÃO DE GUEVARA
História do Brasil e do Mundo

JÂNIO QUADROS E A TAL CONDECORAÇÃO DE GUEVARA


O presidente Jânio Quadros condecorando o ministro cubano Ernesto Guevara
com a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, em agosto de 1961.

Em 1960 o candidato a presidente da república Jânio Quadros, vencia as eleições com cerca de 48% dos votos válidos. Sua vitória representara um certo consolo para os udenistas (UDN-União Democrática Nacional), partido político de Jânio, e que já havia sido derrotado  em eleições anteriores.
Jânio Quadros em campanha eleitoral (1960) 
Com uma vassoura em punho, o lema de campanha de Jânio Quadros era “Varrer a corrupção e o empreguismo público”. Seu perfil moralista o fez adotar medidas polêmicas como, por exemplo, a coibição ao uso de biquini em praias, a proibição das corridas de cavalos em dias de semanas, dentre outros aspectos.
Uma dura tarefa aguardava Jânio Quadros, já que as condições econômicas do país não estavam bem, a dívida externa havia crescido assustadoramente no mandato anterior, o de Juscelino Kubitschek, sem contar, a alta inflacionária. Numa tentativa de minimizar os problemas e equilibrar as contas, Jânio adotou algumas medidas como o congelamento dos salários, o aumento de impostos e suspendeu algumas linhas de créditos que o governo disponibilizava para empresários e importadores de trigo e petróleo. Sem essas linhas disponíveis, o preço do pão e da gasolina sofreu em pouco tempo um reajuste na ordem de 100%.
Como já deu para perceber, estamos falando de um político polêmico e é justamente uma dessas atitudes polêmicas que colocamos agora em nossa discussão. A imagem proposta para nossa postagem trata-se de uma fotografia, um registro histórico que nos mostra uma das mais polêmicas atitudes de um governista no período democrático compreendido entre os anos de 1946 a 1964. A fotografia registra o exato momento em que Jânio Quadros condecorava, com a mais alta honraria da nação brasileira, a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, o então ministro cubano Ernesto Che Guevara, como se observa na foto.
Até ai, tudo certo? Errado! É preciso lembrar que vivíamos neste período a "paranóica" Guerra Fria e a atitude de homenagear um líder comunista em solo capitalista, por mais desprenteciosa que seja, não poderia passar despercebida e sem qualquer tipo repercussão ou "buchicho" político.
Sendo assim, diante de tal homenagem, os setores mais conservadores da política e da sociedade brasileira, acusavam Jânio Quadros de ter se alinhado ao bloco comunista e chegaram até mesmo a cogitar que a intenção de Jânio era implantar uma ditadura no Brasil. É em meio a esse conturbado contexto, que surpreendentemente no dia 25 de agosto de 1961, o então presidente da república renunciara. O motivo, não muito claro, de sua renúncia abriu brechas para muitas interpretações. Alguns afirmaram que a renuncia de Jânio Quadros fora uma estratégia do mesmo com o objetivo de se perpetuar no poder, desta vez, sem processo eleitoral, mas trazido pelos braços do povo que exigiria nas ruas a sua volta, o que acabou não acontecendo.
De certo é que o Congresso, composto em sua maioria por oposicionistas, não titubeou em aceitar a renuncia de Jânio Quadros, que com apenas com apenas 7 meses de empossado, via seu mandato chegar ao final.
Segundo o historiador Boris Fausto, a intenção de Jânio ao condecorar Che Guevara era simbólica, na verdade o presidente brasileiro queria anunciar ao mundo, ao reatar as relações diplomáticas com os soviéticos, que as relações políticas internacionais do Brasil a partir daquele momento era independente, ou seja, não estaria submissa as determinações nem dos Estados Unidos, líder do bloco capitalista, nem muito menos da União Soviética, líder do bloco comunista. Ainda nesta linha de raciocínio de Boris Fausto, o prefeito de Brasília em 1961, Paulo de Tarso Santos, por meio de um depoimento recorda aquele momento:
 “A condecoração foi um ato artificial porque não era uma adesão política do Jânio ao Guevara. O governo todo, aliás, ficou horrorizado com ela. Ninguém queria dar o almoço protocolar, nem os ministros, nem o próprio Palácio do Planalto. (...) A cerimônia de condecoração, imagine, ocorreu às 6 horas da manhã. Depois Guevara foi deixado às moscas. Após o almoço eu sobrevoei Brasília, de helicóptero, com ele. (...) Quando nós aterrissamos, de volta, no aeroporto, não havia nos esperando um único ministro de Estado, uma única figura oficial, sequer havia um único soldado.” (SANTOS, P.T. 64 e outros anos. São Paulo: Cortez, 1984. p.34-5)
Contudo, o governo de Jânio Quadros foi um dos mais curtos da nossa história política e as atitudes polêmicas adotadas pelo então presidente custou-lhe muito caro, além de render-lhe adjetivos como o de exibicionistas, traidor, covarde, etc. Também se faz necessário perceber que em 1961 as bases do golpe militar que seria aplicado em de 1964, já estavam sendo articuladas e isto ficou bem visível quando os militares queriam impedir a posse de João Goulart, vice de Jânio Quadros, pelo fato do mesmo ter características de cunho nacionalista e populista.
Sendo assim, ficamos por aqui.
Um forte abraço!





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