Hinos do Brasil
História do Brasil e do Mundo

Hinos do Brasil




“Hino é a composição poética e musical em honra a algum fato histórico ou acontecimento. 
Assim, temos hinos em honra de heróis, de um partido, de um clube e, ainda mais, em honra de uma nação, a Pátria.”

Entendemos que o Hino, em sua tessitura, faz da história e dos fatos da nação, sendo, portando, a voz que proclama suas características, seus feitos e glórias, quer por suas peculiaridades geopolítico-social e históricos.

 O Hino Nacional Brasileiro vive desta concepção.

Talvez mais do que qualquer outro dos Símbolos Nacionais, a história do nosso Hino Nacional reflete os momentos mais relevantes da nossa Pátria.
A composição do nosso Hino Nacional foi inspirada na Independência do Brasil.

 Para Victor Hugo, “A poesia está nas idéias, e as idéias vêm da alma. 

Império

Primeiro Reinado

Durante o Império, no Primeiro Reinado, o imperador D. Pedro I além de Proclamar a Independência e abdicar em nome de seu filho, o príncipe Pedro, futuro D. Pedro II; ele nos deixou mais. 


No começo do século XIX, o artista, político e livreiro Evaristo da Veiga escreveu os versos de um poema que intitulou como “Hino Constitucional Brasiliense”

Evaristo da Veiga

Em pouco tempo, os versos ganharam destaque na Corte e foram musicados pelo maestro Marcos Antônio da Fonseca Portugal (1760-1830).

Aluno do maestro, Dom Pedro I já manifestava um grande entusiasmo pelo ramo da música.

Dom Pedro I

Em 1822, após a proclamação da Independência do Brasil, decidiu compor uma nova melodia para a letra musicada por Marcos Antônio. Por meio dessa modificação, tínhamos a oficialização do Hino da Independência.
Evaristo da Veiga fez a letra e Dom Pedro I compusera o música do Hino da Independência.
Dom Pedro I adorava música e tocava vários instrumentos musicais.

O feito do governante acabou ganhando tanto destaque que, durante alguns anos, Dom Pedro I foi dado como autor exclusivo da letra e da música do Hino.

Dom Pedro I adorava música e tocava vários instrumentos musicais.

Dom Pedro compondo o Hino da Independência


Já podeis da Pátria filhos
Ver contente a mãe gentil
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
Já raiou a liberdade
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil

Brava gente, brasileira
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil
Houve mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil
Houve mão mais poderosa
Houve mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil

Brava gente, brasileira
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil
Vossos peitos, vossos braços,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil

Brava gente, brasileira
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Parabéns, ó Brasileiros!
Já com garbo juvenil
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil
Do universo entre as nações
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil

Brava gente, brasileira
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil

Em 1822, a música do atual Hino Nacional do Brasil foi composta para banda por Francisco Manuel da Silva, chamada inicialmente de "Marcha Triunfal" para comemorar a Independência do Brasil. Essa música tornou-se bastante popular durante os anos seguintes, e recebeu duas letras.

Em 07 de abril de 1831, D. Pedro I abdicando do governo imperial, observamos que o “Hino da Independência” acabou perdendo prestígio na condição de símbolo nacional. Afinal de contas, vale lembrar que o governo de Dom Pedro I havia sido marcado por diversos problemas que diminuíram o seu prestígio como imperador.
De fato, o “Hino da Independência” ficou mais de um século parado no tempo, não sendo executado em solenidades oficiais ou qualquer outro tipo de acontecimento oficial.

Com o exílio de D. Pedro I, a música de Francisco Manuel da Silva, inicialmente composta para banda, popularizou-se, com versos que comemoravam a abdicação de Dom Pedro I.

Francisco Manoel da Silva

Francisco Manuel da Silva, como muitos, desejava a abdicação do Imperador D.Pedro I, e, com isto, não era visto com bons olhos.

Os irmãos Portugal, maestros Marcos e Simão, eram realmente os ditadores da música oficial aqui no Brasil.

Como Mestre da Capela Imperial, o Maestro Portugal proibiu terminantemente que ali fosse executada qualquer música que não fosse de sua autoria.

Em 13 de abril de 1831, segundo Luís Heitor de Azevedo Correia, quando da partida de D. Pedro I, o nosso Hino foi "executado entre girândolas de foguetes e vivas entusiásticos", sendo cantada pela primeira vez, juntamente com a execução do Hino, no cais do Largo do Paço (ex-Cais Pharoux, atual Praça 15 de Novembro, no Rio de Janeiro), em desacato ao ex-imperador que embarcava para Portugal, tornando-se conhecido e popular, com o título de “HINO AO SETE DE ABRIL”

Esta foi a oportunidade no decurso de manifestações de alegria do povo que o músico Francisco Manuel da Silva esperava para apresentar sua composição, com a primeira letra do Hino Nacional, de autoria do piauiense Dr. Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, tinha 12 quadras e a seguinte estribilho:


“Da Pátria o grito
 Eis se desata
 Desde o Amazonas
 Até o Prata.”

Este refrão foi conservado quando, mais tarde, a letra foi substituída por outra alusiva a Coroação de D. Pedro ll.
Apesar de todas as forças contrárias, foi ao som deste Hino harmonioso que encheu de entusiasmo a multidão presente, que conhecemos bem, porém nesta época com a primeira letra com versos do desembargador Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva que a fragata inglesa Volage, levantou âncoras levando D. Pedro I e a sua Família para o exílio na Europa.


A letra dizia o seguinte:

Os bronzes da tirania
Já no Brasil não rouquejam;
Os monstros que o escravizavam
Já entre nós não vicejam.

(estribilho)
Da Pátria o grito
Eis que se desata
Desde o Amazonas
Até o Prata

Ferrões e grilhões e forcas
D'antemão se preparavam;
Mil planos de proscrição
As mãos dos monstros gizavam

Durante algum tempo, a música teve o nome de Hino 07 de Abril, data do anúncio da abdicação.
A data de 13 de abril, ficou fixado no calendário como “Dia do Hino Nacional”.

Os portugueses consideram a letra ofensiva a eles, por isso ela foi esquecida.



Portanto, o nosso Hino nasceu com o calor das agitações populares, quando vacilava a independência do Brasil, num dos momentos mais dramáticos de nossa História. 

Durante quase um século, por incrível que pareça, o Hino Nacional Brasileiro foi executado, sem ter oficialmente uma letra.

Em 1831, ao assumir o trono o Primeiro Monarca Brasileiro, Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Miguel Gabriel Rafael Gonzaga (nome completo de D. Pedro ll), ascendendo ao trono do Brasil com apenas (06) anos de idade, ficando à tutoria de José Bonifácio de Andrade e Silva.

A partir de 1837, a partitura de Francisco Manuel da Silva passou a ser executada em solenidades públicas.

Segundo Reinado


Em 1841, por ocasião da coroação de Dom Pedro II, com uma outra letra, a música de Francisco Manuel da Silva se tornou tão popular que, apesar de não ter sido oficializada como tal, passou a ser considerada o Hino Nacional do Império do Brasil.

O Hino recebeu novos versos, de autor desconhecido que dizia:

Negar de Pedro as virtudes
Seu talento escurecer
É negar como é sublime
Da bela aurora, o romper

Durante o Segundo Reinado, o hino nacional era executado nas solenidades oficiais em que participasse o imperador, sem qualquer canção.
A música era considerada o Hino do Império.
No exterior era também tocada sempre que o Imperador D. Pedro II estivesse presente.

Francisco Manuel da Silva ficou famoso. Recebeu convites para dirigir e fundar instituições musicais.


Mas o Brasil continuava com um Hino sem letra definitiva.

República

Em 1889, com o advento da Proclamação da República, era impositiva sua substituição, e com este objetivo, o governo provisório abriu um concurso nacional para a escolha de um novo Hino, que deveria, ser consagrado como o Hino Nacional Brasileiro.



Primeiro escolheram um poema de Medeiros e Albuquerque Leopoldo Miguez, aquele que diz:
“Liberdade, Liberdade/ Abre as asas sobre nós”.

Medeiros e Albuquerque


HINO À PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

Letra de: Medeiros e Albuquerque
Música de: Leopoldo Augusto Miguez

(Publicado no Diário Oficial de 21/01/1890)

Seja um pálio de luz desdobrado,
Sob a larga amplidão destes céus.
Este canto rebel, que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!

Seja um hino de glória que fale
De esperanças de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós,
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz

Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.

Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, ovante, da Pátria no altar !

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós,
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz

Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou neste audaz pavilhão!

Mensageiro de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder,
Mas da guerra, nos transes suremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós,
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz

Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.

Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Em 04 de janeiro de 1890, no primeiro julgamento, 29 músicos apresentaram seus hinos. 
A Comissão Julgadora selecionou quatro músicas para a finalíssima.

Theatro Santana - RJ

No dia 15 de janeiro de 1890, em sessão de homenagem ao Marechal Deodoro da Fonseca no Theatro Santana, perguntaram ao novo presidente se ele estava ansioso pela escolha do novo hino. 
Ele disse:

“Prefiro o velho.”

Manoel Deodoro da Fonseca

Em 20 de janeiro de 1890, cinco dias depois, ocorreu o julgamento final do concurso no Teatro Lírico, uma banda e coro de trinta vozes, regido por Carlos de Mesquita executaram as finalistas.

Theatro Lírico - RJ 

Segundo o regulamento, estavam proibidos os aplausos.
Após um intervalo, a banda executou de novo os quatro hinos. - Aí, sim, o público pôde se manifestar.
O mais aplaudido foi o do maestro Leopoldo Miguez, também escolhido pela Comissão Julgadora. 
O presidente da República Deodoro e quatro ministros deixaram o camarote oficial e voltaram em seguida.
O ministro do Interior, Aristides Lobo, leu o decreto que conservava a música de Francisco Manuel da Silva como hino nacional. 
Mesmo sem a partitura, a orquestra tocou a música e a platéia delirou.

Coube ao compositor e maestro carioca, Medeiros e Albuquerque Leopoldo Miguez  lograr o primeiro lugar dentro as composições apresentadas, cuja premiação de “vinte contos de reis”, foi, pelo vencedor, doado ao Instituto Nacional de Música, entidade que mais tarde foi dirigida por ele mesmo.
Um prêmio de consolação, a obra de Leopoldo Miguez ficou conhecida como Hino da Proclamação da República.

Só que o Brasil continuava com um hino sem letra. Mas, se a música já era tão bonita, para que letra?


DECRETO N.º 171, DE 20 DE JANEIRO DE 1890

"Conserva o Hino Nacional e adota o da Proclamação da República."

"O Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brazil constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, decreta:

Art. 1º - É conservada como Hino Nacional a composição musical do maestro Francisco Manuel da Silva.

Art. 2º - É adotada sob o título de Hino da Proclamação da República a composição do maestro Leopoldo Miguez, baseada na poesia do cidadão José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros Albuquerque."


Somente em 1906, foi realizado um novo concurso para a escolha da melhor letra que se adaptasse ao hino.
Em 1909, o poema declarado vencedor foi o de Joaquim Osório Duque Estrada. Não era ainda oficial.

Joaquim Osório Duque Estrada

A versão da letra do hino nacional brasileiro que se canta hoje não é a letra original composta por Osório Duque Estrada.

Ele compôs uma letra em 1909 que só foi adotada oficialmente em 1922 após sofrer várias modificações apócrifas. 


A letra original de 1909, que aparece acima, chegou a ser conhecida e cantada.

A letra do Hino Nacional Brasileiro é do professor e jornalista Joaquim Osório Duque Estrada, autor de várias poesias, e a música de Francisco Manuel da Silva, é o símbolo sonoro da Pátria e, qual tal, tem as suas versões musicais, a sua execução e a sua apresentação regulamentadas em lei, tendo sido oficializado em 1890 pelo Governo Provisório da República, através do Decreto nº 171, de 20 de janeiro de 1890, sua existência data, Biblioteca Nacional – Rio de Janeiro, os originais do poema do Hino nacional Brasileiro, originais estes que contêm as modificações feitas pelo próprio Duque Estrada, manuscritas pelo autor, com destaque bem visível na 2ª estrofe: 

Onde se lê: “Entre as ondas do mar e o céu profundo!" Leia-se: "Ao som do mar e a luz profundo." 
Onde se lê: “O pavilhão”. Leia-se: “O lábaro”.

Nota:
- Num conto no livro "Brás, Bexiga e Barra Funda" de Antônio de Alcântara Machado, publicado em 1927, alguns soldados cantam a versão original (lê-se "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / Da Independência o brado retumbante." - só esses dois versos são citados).

Note que:
(1) A versão abaixo traz a grafia e a pontuação encontradas no manuscrito assinado pelo autor em outubro de 1909.
(2) As palavras posteriormente modificadas estão em negrito.
(3) As palavras entre aspas são uma citação da Canção do exílio de Gonçalves Dias ("Nossos bosques têm mais vida,/Nossa vida, mais amores.").

I
Ouviram do Ipiranga as margens placidas
Da Independência o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fulgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Pelo amor da Liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve, salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce.
Escudo em teu céu azul, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és grande, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza!
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos de teu flanco és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

II
Deitado eternamente em berço esplendido,
Entre as ondas do mar e o céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, jóia da América
Iluminada ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos tem mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida,"
"Nossa vida," no teu seio, "mais amores!"
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve, salve!
Brasil! Seja de amor eterno símbolo
O pavilhão que ostentas estrelado,
E diga o verde* louro dessa flamula:
Paz no futuro e gloria no passado.
Mas da Justiça erguendo a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte,
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos de teu flanco és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Em 1916, sete anos depois, Joaquim Osório ainda foi obrigado a fazer onze modificações na letra. 
Ganhou 5:000$ contos de réis, dinheiro suficiente para comprar metade de um carro.

- O Centenário da Independência já estava chegando.

Em 1922, data que marcava a comemoração do Centenário da Independência, o Hino foi novamente executado com a melodia criada pelo maestro Marcos Antônio da Fonseca Portugal.

Em 21 de agosto de 1922, a propriedade plena e definitiva da letra do hino foi oficializada pelo Decreto 4.559.

Em 06 de setembro de 1922, é assinado pelo então presidente da República Epitácio Pessoa.
A orquestração do hino é de Antônio Assis Republicano e sua instrumentação para banda é do tenente Antônio Pinto Júnior.

Ten. Antonio Pinto Junior

Francisco Manuel da Silva tinha morrido em 1865 e o maestro cearense Alberto Nepomuceno ficou responsável para a adaptação vocal; e é proibida a execução de quaisquer outros arranjos vocais ou artístico-instrumentais do hino.

Alberto Nepomuceno

Finalmente, depois de 91 Anos, nosso Hino Nacional estava pronto!

Somente na década de 1930, graças à ação do ministro Gustavo Capanema, que o Hino da Independência foi finalmente regulamentado em sua forma e autoria.
Contando com a ajuda do maestro Heitor Villa-Lobos, a melodia composta por D. Pedro I foi dada como a única a ser utilizada na execução do referido hino.

Na época da ditadura militar (1964-1985), o Hino Nacional foi decretado como símbolo nacional, sendo obrigatório o seu aprendizado, e proibida a sua execução pública em manifestações que não fossem de comemoração cívica.

Com a queda do regime militar, a obrigatoriedade do Hino extinguiu-se, provocando o desconhecimento de grande parte da população, que não o consegue cantar na íntegra.

A letra do Hino Nacional do Brasil foi escrita por Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927) e a música é de Francisco Manuel da Silva (1795-1865).

Em 01 de setembro de 1971, tornou-se oficial, através da Lei nº 5700.


Com referência as obrigações e violação de qualquer símbolo nacional – Bandeira Nacional, Hino Nacional, Armas Nacionais e o Selo Nacional, a legislação pertinente (Lei 5700/1971, destacamos dois artigos:

“Art. 39 – É obrigatório o ensino do desenho e o significado da Bandeira Nacional, bem como o do canto e da interpretação da letra do Hino Nacional em todos os estabelecimentos de ensino, públicos ou particulares dos primeiros e segundo graus.”



“ Art. 40 – Ninguém poderá ser admitido no serviço público sem que demonstre conhecimento do Hino Nacional”.



Legislação

- Existe uma série de regras que devem ser seguidas no momento da execução do hino. Deve ser executado em continência à Bandeira Nacional, ao presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional.

É executado em determinadas situações, entre elas: cerimônias religiosas de cunho patriótico, sessões cívicas e eventos esportivos internacionais.
De acordo com o Capítulo V da Lei 5.700 (01/09/1971), que trata dos símbolos nacionais, durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio.
Civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações.
Além disso, é vedada qualquer outra forma de saudação (gestual ou vocal como, por exemplo, aplausos, gritos de ordem ou manifestações ostensivas do gênero, sendo estas desrespeitosas ou não).
Segundo a Seção II da mesma lei, execuções simplesmente instrumentais devem ser tocadas sem repetição e execuções vocais devem sempre apresentar as duas partes do poema cantadas em uníssono.
Portanto, em caso de execução instrumental prevista no cerimonial, não se deve acompanhar a execução cantando, deve-se manter, conforme descrito acima, silêncio.

Em caso de cerimônia em que se tenha que executar um hino nacional estrangeiro, este deve, por cortesia, preceder o Hino Nacional Brasileiro.


Letra do Hino Nacional Brasileiro
I
OUVIRAM DO IPIRANGA AS MARGENS PLÁCIDAS
DE UM POVO HERÓICO O BRADO RETUMBANTE,
E O SOL DA LIBERDADE, EM RAIOS FÚLGIDOS,,
BRILHOU NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE.
SE O PENHOR DESSA IGUALDADE
CONSEGUIMOS CONQUISTAR COM BRAÇO FORTE,
EM TEU SEIO, Ó LIBERDADE,
DESAFIA O NOSSO PEITO A PRÓPRIA MORTE!

Ó PÁTRIA AMADA,
IDOLATRADA,
SALVE! SALVE!

BRASIL, UM SONHO INTENSO, UM RAIO VÍVIDO
DE AMOR E DE ESPERANÇA À TERRA DESCE,
SE EM TEU FORMOSO CÉU, RISONHO E LÍMPIDO,
A IMAGEM DO CRUZEIRO RESPLANDECE.
GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA,
ÉS BELO, ÉS FORTE, IMPÁVIDO COLOSSO,
E O TEU FUTURO ESPELHA ESSA GRANDEZA.

TERRA ADORADA,
ENTRE OUTRAS MIL,
ÉS TU,BRASIL,
Ó PÁTRIA AMADA!
DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,
PÁTRIA AMADA,
BRASIL!

II
DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO,
AO SOM DO MAR E À LUZ DO CÉU PROFUNDO,
FULGURAS, Ó BRASIL, FLORÃO DA AMÉRICA,
ILUMINADO AO SOL DO NOVO MUNDO!
DO QUE A TERRA MAIS GARRIDA,
TEUS RISONHOS, LINDOS CAMPOS TÊM MAIS FLORES;
"NOSSOS BOSQUES TEM MAIS VIDA,"
"NOSSA VIDA" NO TEU SEIO "MAIS AMORES".

Ó PÁTRIA AMADA,
IDOLATRADA,
SALVE! SALVE!.

BRASIL, DE AMOR ETERNO SEJA SÍMBOLO
O LÁBARO QUE OSTENTAS ESTRELADO,
E DIGA O VERDE-LOURO DESSA FLÂMULA
-PAZ NO FUTURO E GLÓRIA NO PASSADO.
MAS, SE ERGUES DA JUSTIÇA A CLAVA FORTE,
VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA,
NEM TEME, QUEM TE ADORA, A PRÓPRIA MORTE.

TERRA ADORADA,
ENTRE OUTRAS MIL,
ÉS TU, BRASIL,
Ó PÁTRIA AMADA!
DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,
PÁTRIA AMADA,
BRASIL!


Vocabulário do hino (Glossário)

Plácidas: calmas, tranqüilas, serena
Ipiranga: Rio onde às margens D.Pedro I proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822
Brado: Grito
Retumbante: som que se espalha com barulho, ressonante, ecoar
Fúlgido: que brilha, cintilante, brilhante, luzente
Penhor: garantia, segurança
Idolatrada: Cultuada, amada, adorada
Vívido: intenso, cheio de vida
Formoso: lindo, belo
Límpido: puro, que não está poluído, transparente, reluzente
Cruzeiro: Constelação (estrelas) do Cruzeiro do Sul
Resplandece: que brilha, iluminada, sobressai
Impávido: corajoso, intrépido
Colosso: grande, imenso
Espelha: reflete
Gentil: Generoso, acolhedor, garboso, amável
Fulguras: Brilhas, desponta com importância, sobressair, brilhar
Florão: flor de ouro, ornato, adorno, enfeite
Garrida: Florida, enfeitada com flores,  muito enfeitado, de coloração forte
Idolatrada: Cultivada, amada acima de tudo
Lábaro: bandeira, estandarte
Ostentas: Mostras com orgulho
Flâmula: Bandeirola (como Lábaro, um dos inúmeros sinônimos de bandeira)
Clava: arma primitiva de guerra, tacape
Salve: - interjeição latina, indica saudação
Intenso: - com força, com energia
Solo: - terreno, chão
Esplendido: - deslumbrante, brilhante, pomposo
Seio: - peito, centro, coração
Símbolo: - figura, marca sinal representativo Ostentas: - exibir, mostrar, expor



Letra excluída da Introdução 

A parte instrumental da introdução do Hino Nacional Brasileiro possuía uma letra, que acabou excluída da sua versão oficial do hino.
Essa letra é atribuída a Américo de Moura, natural de Pindamonhangaba, presidente da província do Rio de Janeiro nos anos de 1879 e 1880.

Nota:
- Em 17 de novembro de 2009, o cantor Eliezer Setton lançou um CD, intitulado "Hinos à Paisana", das quais uma das faixas é do Hino Nacional Brasileiro com essa introdução cantada.

A letra da introdução é a seguinte:

Espera o Brasil que todos cumprais com o vosso dever
Eia! avante, brasileiros! Sempre avante
Gravai com buril nos pátrios anais o vosso poder
Eia! avante, brasileiros! Sempre avante

Servi o Brasil sem esmorecer, com ânimo audaz
Cumpri o dever na guerra e na paz
À sombra da lei, à brisa gentil
O lábaro erguei do belo Brasil
Eia sus*, oh sus!

Nota:
A palavra "sus" é uma interjeição que vem do latim sus:
"de baixo para cima"; que chama à motivação:
erga-se!, ânimo!, coragem!
Neste contexto é sinônimo de "em frente, avante".

A partir de 22 de setembro de 2009, por Decreto assinado pelo Sr. José de Alencar, vice-presidente da república em exercício, o Hino Nacional Brasileiro tornou-se obrigatório em escolas públicas e particulares de todo o país.
Ao menos uma vez por semana, todos os alunos do ensino fundamental devem cantá-lo.

Feito em versos decassílabos, a letra do Hino Nacional Brasileiro suscita polêmicas, tida como demasiadamente difícil e rebuscada para um país com deficiência na alfabetização total da sua população. Durante um século, várias manifestações para a simplificação da letra foram conclamadas, mas nenhuma vingou. O pomposo poema continua intacto, apesar de não percebido o seu significado pela maioria dos brasileiros.

A velha marcha nacionalista de Francisco Manuel da Silva, encontrou a exaltação eloqüente do poema de Joaquim Osório Duque Estrada, por serem de épocas diferentes, nunca se conheceram. Sua perpetuação depende do ensinamento da letra e do entendimento do seu vocabulário diante das novas gerações. Com a evolução da linguagem coloquial do dia a dia, se não for feito um trabalho cívico intenso e educativo, a tendência é de que nas próximas décadas, ninguém saiba mais do que cantarolar alguns dos seus versos.



Parte II








































Referências:
Textos adaptados por Jaime Muller

Wikimédia
Marcelo Duarte, jornalista e escritor.
Autor de O Guia dos Curiosos (Cia. das Letras), escreveu também Ouviram do Ipiranga - A história do hino nacional (Panda Books).
Brasil – Lei nº 5.700 de 1º Set 1971 – D.O. da União
Brugalli, Alvino Melquiades – Meu Brasil Brasileiro
Ed. Da Universidade de Caxias – RS – 1989
Ferranini, Sebastião – Armas, Brasões e Símbolos Nacionais –

Editora Curitiba - 1983
Derly Halfeld Alves




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