A consolidação do feudalismo
O feudalismo resultou da síntese entre a sociedade romana em decadência e a sociedade bárbara germânica em transformação.
A sociedade romana era eminentemente agrária, mas com a vida urbana intensa. Com as crises dos séculos III e IV, a escassez de mão-de-obra escrava levou os grande proprietários a abandonarem as cidades e rumar para suas Villae (latifúndios), onde exploravam o trabalho dos coloni (antigos escravos ou camponeses que se tornaram vinculados à terra e dependentes de seus senhores). Os coloni eram juridicamente livres, mas não podiam abandonar a terra. Esses trabalhadores são os precursores dos servos medievais.
A condição social passava, assim, a ser determinada pela relação com a terra. A sociedade romana passava por um processo de ruralização, acentuado pelo desaparecimento dos grupos médios ligados ao comércio e às atividades urbanas em geral. Esse processo foi importante para a formação do feudalismo, pois reforçou o poder político dos senhores locais, enfraquecendo o poder central do império.
A descentralização política mencionada acima se acentuou com os bárbaros: o comitatus era uma velha instituição bárbara que estabelecia uma relação de fidelidade mútua entre chefes e guerreiros, o que reforçava os laços de dependência pessoal e diminuía um eventual poder central. Os chefes bárbaros remuneravam seus colaboradores com terras, o chamado beneficium, que dava alguma autonomia aos guerreiros que o recebiam, principalmente quando recebiam a imunidade, ou seja, independência para administrar seu território.
A sociedade germânica era também eminentemente agrária e pastoril, o que acentuou o processo de ruralização da economia e da sociedade depois da invasão.
Uma das maiores contribuições da sociedade bárbara para a concretização do feudalismo foi seu sistema de leis, que se baseava no direito consuetudinário, isto é, nos antigos costumes herdados dos antepassados, para os quais as práticas fundavam a lei oral, que regulava as relações pessoais.
A contribuição dos árabes, eslavos e normandos para a formação da Europa feudal
No século IX as sociedades européias encontravam-se em avançado estado de ruralização. As invasões que ocorreram nesse século fizeram com que os senhores rurais tentassem organizar uma defesa individualizada, erigindo castelos e fortificações.
Após conquistar o norte da África, invadir a Europa e dominar a península Ibérica, os muçulmanos, nos séculos IX e X, transformaram o Mediterrâneo em seu domínio quase exclusivo. Os postos comerciais desse mar ficaram em suas mãos, o que dificultava a atividade comercial e provocava o isolamento da Europa.
As tribos de eslavos que haviam sido submetidas pelos francos se libertaram e passaram a saquear as vilas e os domínios rurais, aumentando a insegurança. Ao mesmo tempo, os nômades magiares (húngaros) fixaram-se no médio Danúbio e daí organizaram ataques para saquear terras e vilas.
Também os normando ou vikings (povos que viviam na atual Dinamarca) transformaram seu padrão de relação com o continente europeu: começaram a incursionar por variados pontos da costa norte da Europa também para saquear. Vinham para vender peixe seco e peles, mas também se dedicavam ao saque e a pilhagem das aldeias e domínios rurais. A Europa estava sendo ‘sitiada’ pelas invasões do século IX. Esse fato não foi determinante, mas ajudou a Europa a se feudalizar.
fonte:Pedro, Antônio. História da Civilização Ocidental: ensino médio:volume único. p.97-8.