A educação para Rousseu - Emílio de Rousseau - Educação para a Cidadania - Rousseau e a educação para a mulher
O Emílio de Rousseau e a educação para a cidadania
Ao escrever uma de suas principais obras, Emílio, ou da Educação, Jean Jacques Rousseau acaba criando um rompimento com idéias tradicionais (principalmente agostinianas) que diziam respeito à educação da criança. Nesta obra, o autor:
[...] prescreveu as formas ideais para se educar um menino. Essa educação começaria com o nascimento e se referia a todo e qualquer aspecto da vida humana. Sofia, por sua vez, era a personagem que simbolizava o ideal de mulher. Ela devia ser mulher como Emílio era homem. (DOMINGUES, p. 5).
Rousseau traz, em sua obra, problemáticas que envolvem as necessidades e as condições de desenvolvimento da criança. Para ele, a criança deve ser entendida em sua complexidade, ou seja, não como um adulto frágil pelas suas proporções, mas por suas próprias características. Sendo assim, o adulto deveria saber lidar com a criança e alterar seu relacionamento com ela – já que ainda permaneciam as idéias tradicionais de tratamento para com a criança.
Na opinião de Maria Gabriel Cruz e de Carlos Alberto Mota, Rousseau, ao aproximar suas idéias com as de Platão, pretendeu “transformar a ‘Pedagogia’ numa ‘Política’, uma vez que, para ele a Educação era o factor decisivo do desenvolvimento humano individual e das sociedades.” (CRUZ; MOTA, p. 13).
Rousseau defende a idéia de se educar diferentemente homens e mulheres. Quando utiliza os exemplos de Emílio e Sofia, ele nos coloca que a mulher deve ser educada fora dos preceitos da razão. Para ele, Sofia deveria ser criada em casa, cumprindo seu papel social longe do mundo científico – pois esta não tem capacidade para apreender os preceitos científicos –, sendo também totalmente submissa ao marido. Rousseau acredita que o papel da mulher deve ser o de agradar o homem, sendo útil, educando o homem quando jovem e sendo sua missão a de fazer grandes homens. “A religião terá para ela grande importância, pois é preciso submetê-la, o quanto antes, ao jugo de mais uma instituição.” (DOMINGUES, p. 5).
O filósofo vê a mulher destinada ao casamento e à maternidade, mas não escrava. “Na qualidade de defensor da igualdade, Rousseau vai tentar argumentar que Emílio e Sofia são iguais, mas ressalta que apenas naquilo que não dependa do sexo.” (DOMINGUES, p. 5).
Já Emílio deveria ser criado para ser forte e rico, recebendo instrução científica e não estando a favor da religião. cumprindo seu papel social. Emílio é um homem bom, pois é inerente do homem a bondade natural.
É importante destacar que os pensamentos de Rousseau estavam voltados para sua realidade social, ou seja, ao século XVIII. Muitos vêem com maus olhos a educação de Emílio e criticam a sua posição quanto à educação das mulheres – de Sofia. Neste caso, para finalizarmos, utilizaremos um trecho importante do texto de Domingues para pensarmos o tempo histórico que Rousseau estava inserido:
Nessa esteira, é preciso destacar que foi Rousseau o cristalizador do ideário da família moderna, calcada no amor materno. Justamente pela escrita de Emílio, ele contribuiu para modificar os costumes que imperavam até então, já que o sentimento que prevalecia era o da indiferença materna. Nesse período, a mortalidade infantil era altíssima, em geral, causada pelas precárias condições a que os bebês eram submetidos. Vê-se, assim, que a imagem da mãe e o papel que ela deve desempenhar não são naturais, mas variam conforme a época e as circunstâncias sociais. No fim do século XVIII, porém, novas necessidades, principalmente econômicas, se faziam sentir, de maneira que era preciso reinventar a figura materna. É nesse contexto que o pensamento de Rousseau ganha destaque. E seu grande trunfo, que o torna tão contundente, é justamente o apelo à natureza. A força do argumento natural é tão poderosa que, mesmo atualmente, perde-se de vista a historicidade dos papéis sociais. (DOMINGUES, p. 6).
Referências Bibliográficas
CRUZ, Maria Gabriel Moreno Bulas; MOTA, Carlos Alberto Magalhães Gomes. Infância e Educação: um questionamento sem fim?. In: Revista Pedagógica, n° 13, ano 6, Chapecó: Ed. Argos, 2004.
DOMINGUES, Sana Gimenes Alvarenga. Gênero, educação e cidadania na visão liberal: as idéias de Rousseau e de Stuart Mill. XIII Encontro de História Anpuh-Rio: Rio de Janeiro, s.d.
ROUSSEAU, Jean Jacques. Emílio, ou da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
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