Walter Raleigh - Um pirata em busca do El Dorado
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Walter Raleigh - Um pirata em busca do El Dorado




Em 1552, nascia um dos mais notáveis piratas do período Elizabetano. Homem de múltiplas facetas, Walter Raleigh desempenhou sempre com ardor, as atividades de colonizador, pirata, poeta, alquimista, historiador e navegante. Fascinado pelo mito do El Dorado, pagou com a própria vida pelas ousadias que levou em vida.

Texto de Dalton Delfini Maziero

O Colonizador

Talvez nenhum outro continente do mundo tenha exercido tanto fascínio e mistério nos conquistadores europeus, como a América do Sul, descoberta por Cristovão Colombo em 1498. Em pleno século XVI, esse novo continente alimentava a fantasia de ousados navegantes, que desbravavam os mares em busca de mitos e principalmente, ouro. Para os ingleses, preocupados em obter lucros através do comércio ilegal, a América do Sul não passava de um possível território a ser explorado, no momento em poder dos espanhóis. Não é de se admirar então, que somente um navegador muito audacioso pudesse colocar o continente nos planos ingleses, de maneira inusitada, abrindo caminho para uma série de aventureiros e exploradores que seguiriam seu exemplo durante os séculos seguintes. Seu nome era Walter Raleigh, almirante e espadachim; traficante e pirata; corsário e colonizador; filósofo e poeta de grande inspiração; conspirador e historiador de elevada cultura; estadista habilidoso e alquimista requintado; sonhador e aventureiro. Foi o introdutor da batata na Europa, e um dos primeiros a propagar o fumo do tabaco, presenteado aos amigos juntamente com cachimbos de prata. Costumava frequentar os salões da alta nobreza, causando tanta admiração quanto ódio na corte inglesa. Sentimental e patriota, escrevia com diamantes – para impressionar suas favoritas – lindos poemas nos vidros das janelas. Por outro lado, não exitava em mandar degolar mais de 600 pessoas, sob a acusação de serem católicas, como o fez em Ore, nas guerras religiosas da Irlanda.

Nascido em 1552, em Hayes – Condado de Devonshire, Inglaterra – , Raleigh provinha de família abastada, filho de um fidalgo provinciano de mesmo nome. Estudava direito em Oxford quando, seduzido pela carreira militar, parte para as guerras religiosas entre protestantes e católicos, na França. Durante as batalhas, aprende francês e espanhol, descobrindo a literatura dos expedicionários que retornam do Novo Mundo. Relatos das maravilhas de um “paraíso terreno” , repleto de tesouros a serem descobertos num continente pouco conhecido. Em 1580, aos 28 anos, muda-se para Londres, onde desperta interesse na poderosa – e ninfomaníaca – Elizabeth I, a “Rainha Virgem”. Isso lhe vale certas facilidades, que usou para montar uma expedição colonizadora às terras antes descobertas por Caboto na América do Norte. Raleigh organizou três viagens entre os anos de 1582 e 1587, todas fracassadas, pela falta de provisões, ganância dos colonos (que estavam mais preocupados em achar ouro do que plantar) e pelos constantes ataques indígenas. Em uma dessas expedições, localizam um vasto território – Carolina do Norte – nomeando-o Virgínia, em homenagem a “Rainha Virgem”. Embora sua intenção fosse estabelecer uma colônia inglesa, secretamente pretendia criar um posto de apoio para saquear os galeões espanhóis provenientes do Caribe.

O impeto colonizador só foi interrompido por seus deslizes com as mulheres. Pagou caro pelas intimidades com Elizabeth Thockmorton, dama de honra da rainha Elizabeth, acabando trancafiado por algum tempo nas masmorras da sombria Torre de Londres. E se não fosse um incrível golpe de sorte, provavelmente teria ficado lá até seus últimos dias. Acontece que pouco antes de ser preso, financiou uma expedição pirata que obtivera bons lucros ao saquear o galeão Madre de Dios. Com sua parte do espólio, Raleigh pode comprar a liberdade.


Em busca do El Dorado

Em 1595, com o moral baixo na corte, somente um grande feito poderia restituir a Raleigh seu antigo prestígio. Livre das grades, parte atrás de um sonho que o perseguia há anos, quando entrou em contato com a literatura espanhola: o mito do El Dorado. Em finais do século XVI, era comum os navegantes confabularem sobre histórias de reinos e civilizações riquíssimas, que estariam perdidas em lugares inacessíveis do continente americano. Ecos das conquistas sobre os incas e astecas.

Os boatos eram reforçados pelos piratas, que ao saquearem galeões espanhóis, encontravam documentos de seus descuidados governadores, descrevendo tais riquezas. Ao que tudo indica, uma dessas cartas – assinada por Antonio de Berrio, Governador da Guiana – chegou as mãos de Raleigh. A frota parte da cidade inglesa de Plymouth em 9 de fevereiro de 1595, com cinco embarcações, 100 soldados e muitos voluntários. Rumando para Trinidad, apodera-se da cidade de San José, e faz prisioneiro seu governador, Antonio de Berrio, um homem igualmente apaixonado e perturbado pelo mito do El Dorado.

O caminho a ser seguido era o do rio Orinoco, no qual subiu mais de 110 léguas (uns 687 km), procurando pelo tesouro. Contudo, o sofrimento e as doenças devoraram seus homens. A expedição torna-se um fracasso, obrigando Raleigh a retornar em busca de provisões e reforços, sem ter atingido seus objetivos. Na Inglaterra, tudo o que encontra é uma impopularidade crescente. A corte recusa-se a recebê-lo. Embora detestado, Raleigh era dotado de um forte patriotismo, e de habilidades diplomáticas invejáveis! Consegue com isso, embarcar a 1 de junho de 1596 na frota organizada para combater a Invencível Armada de Filipe II, soberano espanhol odiado pelos ingleses. O sucesso trás novo prestígio ao pirata, que pouco tempo depois é agraciado com o título de Governador da cidade de Jersey.

A sorte de Raleigh muda com a morte , em 1603, de Elizabeth. O futuro soberano, Jaime I, que pretendia dar novo impulso à colonização inglesa, antipatizou com Raleigh por seu passado de pirataria, acusando-o de conspirador e encarcerando-o novamente na Torre de Londres, onde é condenado a morte, sendo sua pena suspensa até 1616.


Alquimista e Historiador

Atrás das grades, Raleigh dedica-se a meditar e escrever. É ali que produz o primeiro (e único) volume de sua “History of World”. O primeiro tomo, que nem chegou no período de Alexandre, continha 1360 páginas! Escreve várias poesias, dissertações, e monta um completo laboratório para a prática da alquimia, quando descobre uma fórmula para transformar água salgada em potável, e compõe um bálsamo capaz de aliviar e até curar as mais terríveis dores. Contudo, sua obra mais famosa, pela qual seria conhecido futuramente é “Discovery of the large, rich and Beautiful Empire of Guiana, with a relation of the Great and Golden city of Manoa (which the Spaniards call El Dorado)”, escrita quando de sua primeira viagem a Guiana. O velho pirata, com 65 anos, faz então sua última tentativa de auto promoção. Consegue propor ao soberano uma segunda viagem de conquista ao El Dorado, estabelecendo uma colônia inglesa nas proximidades. Dizia ser capaz de tal feito sem invadir as possessões espanholas.

Após 13 anos na masmorra, Raleigh é posto em liberdade condicional, sob a promessa de não praticar atos de pirataria contra os espanhóis, agora aliados da coroa inglesa. Parte em 1617 em direção a Guiana e rio Orinoco, acompanhado de 14 navios, entre eles o Destiny – com 400 toneladas e 35 canhões – e mais 2000 soldados. Desobedecendo ordens, Raleigh ocupa a Ilha de Trinidad e Santo Tomé, capital da Guiana. Na luta contra os espanhóis, morre seu filho e o sobrinho do então embaixador espanhol na corte inglesa, conde de Gondomar, que acusa Raleigh de pirataria. Enquanto isso, a expedição em busca do El Dorado fracassa novamente. Arrasado com a morte do filho, Raleigh descuidou-se de seus deveres e foi abandonado pela tripulação, que se lançava a prática da pirataria por conta própria.

Em 21 de junho de 1618, entra novamente em Plymouth, a bordo do Destiny, derrotado e abandonado. Acusado d pirataria, é preso e tem sua sentença finalmente decretada. Como Cavaleiro da corte, teve ainda um último pedido atendido, o de ser decapitado, já que o enforcamento era destinado a pessoas infiéis e indígnas. Assim, em 29 de outubro de 1618, morria Walter Raleigh, e com ele um dos períodos mais prósperos da pirataria inglesa.




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