Reprodução | | João Goulart faz discurso favorável ao presidencialismo e a legalidade constitucional |
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A eleição de Jânio Quadros pelo PDC (Partido Democrata Cristão), com o apoio da UDN, marcou um fato inédito na República: pela primeira vez, foi eleito um candidato da oposição. O ex-governador de São Paulo obteve uma votação histórica, tendo mais de 2 milhões de votos à frente do segundo lugar. Jânio recebeu 5.636.623 votos, enquanto o general Lott, 3.846.825.
Dois aspectos do final da gestão de Juscelino Kubitschek explicam a explosão da candidatura oposicionista: a crescente insatisfação popular de vários setores sociais com a alta do custo de vida e a decadência e saturação dos tradicionais partidos, o PSD e a UDN.
| Nome: Jânio da Silva Quadros Natural de: Mato Grosso Gestão: 31.jan.1961 a 25.ago.1961
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Foi vereador em São Paulo, deputado estadual, prefeito de São Paulo, governador do Estado e deputado federal pelo Paraná. Em 25 de agosto de 1961, renunciou. |
A tradicional postura populista de Jânio, apartidário, acima dos partidos, justiceiro e adversário da corrupção, comprometido apenas com o povo fez dele o presidente com o maior número de votos até então.
"No final, ganhou o melhor orador, o demagogo talentoso, capaz de entusiasmar as massas operárias com tiradas esquerdistas e, ao mesmo tempo, inspirar confiança à burguesia com apelos à austeridade e promessas de sobriedade do trato dos dinheiros públicos." (Paul Singer)
Junto com Jânio, foi eleito pela segunda vez como vice João Goulart (PTB), já de início enfrentando a hostilidade de setores militares e das classes conservadoras, contrários às posições sociais do ex-ministro do Trabalho de Getúlio Vargas.
| Nome: Paschoal Ranieri Mazzilli Natural de: São Paulo Gestão: 25.ago.1961 a 06.set.1961
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Presidente da Câmara dos Deputados, assumiu interinamente quando Jânio Quadros renunciou, pois vice, João Goulart, estava em visita à China. |
Marqueteiro de primeira ordem, Jânio criou a fama de onipresente em todas as esferas do poder. Governou por bilhetinhos e se preocupou com coisas triviais, como briga de galo e o uso de biquinis. "O povo será a um tempo minha bússola e o meu destino", dizia.
No plano externo, o novo presidente mantinha política ambígua e independente. Posicionou-se contrário ao bloqueio norte-americano a Cuba, tentou se aproximar do bloco socialista e, ao mesmo tempo, sinalizou com a abertura de negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O recém-eleito governador do Rio, o udenista conservador Carlos Lacerda, iniciou campanha contra Jânio logo após o presidente condecorar o líder revolucionário cubano Ernesto Che Guevara. Lacerda viu oportunidade de a UDN aumentar sua participação no governo federal.
| Nome: João Belchior Marques Goulart Natural de: Rio Grande do Sul Gestão: 06/09/1961 a 01/04/1964
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Foi deputado federal e eleito vice-presidente em dois mandatos consecutivos, com Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros. Nesse período, o país passou por uma turbulência política, inclusive com a instituição temporária do parlamentarismo. Deixou o cargo em 1º de abril de 1964 sob a pressão de um golpe militar. |
Em agosto de 60, Jânio apresentou sua renúncia ao Congresso. O presidente sonhava com a recusa de seu pedido pelo Congresso e com a possibilidade de ganhar mais poderes, nos braços do povo. Mas o "golpe" janista fracassou. Como João Goulart estava em viagem pela China comunista, abriu-se uma grave crise institucional.
Vários setores posicionam-se contra a posse do vice. Se Jânio era um perigo para os conservadores, Jango era o próprio caos. A viagem à Ásia facilitou a ação de golpistas liderados por Lacerda.
Mais uma vez o general Lott saiu em defesa da legalidade e defendeu a posse de Jango. O Exército se dividiu. O Comando do Terceiro Exército, no Rio Grande do Sul, sob a liderança do governador Leonel Brizola, cunhado de Jango, organizou frente legalista para garantir o cumprimento da Constituição. O Brasil passou pela ameaça de nova guerra civil.
Como forma de solucionar a crise, o Congresso aprovou a instalação do parlamentarismo. Jango assumiria o governo, porém com menos poderes. O vice aceitou.
O desenvolvimento industrial vivido na gestão de JK não foi acompanhado pelo setor agrícola. O país enfrentou constante protestos de camponeses descontentes, assim como camadas urbanas, com o alto custo de vida. Jango prometeu reformas de base e tentou reproduzir a política populista de Getúlio Vargas, baseada na ligação com as massas populares. Estimulou a organização sindical no meio rural: de 300 sindicatos existentes em julho de 63, passou-se para 1.500 em março de 64.
Em 1963, Jango antecipou plebiscito sobre o sistema de governo. Saiu vitorioso com a aprovação do presidencialismo. Fortalecido, deu início à campanha pelas reformas sociais. Os movimentos populares adquiriram expressão e geraram o temor de setores conservadores. O Exército, com o apoio externo dos EUA, começou uma mobilização contra o governo chamado de comunista. Cresceram os grupos paramilitares de direita.
Discurso de João Goulart na Central do Brasil, no Rio, foi o motivo aguardado por militares para deflagrar movimento por sua deposição. O presidente defendeu em comício com mais de 200 mil pessoas a realização de uma reforma agrária, com emenda do artigo da Constituição que previa a indenização prévia e em dinheiro.
"São evidentes duas ameaças: o advento de uma constituinte como caminho para a consecução das reformas de base e o desencadeamento em maior escala de agitações generalizadas do ilegal poder da CGT (Central Geral dos Trabalhadores)", afirmou o então general Castello Branco, que, por meio de instrução reservada aos demais militares do Estado Maior do Exército, comunicou a decisão de derrubar o governo. O golpe de Estado estava em curso.
No dia 1º de abril começou a sublevação em Minas Gerais contra Jango. Violenta repressão aos aliados do presidente foi iniciada. No Nordeste, houve chacina de camponeses e o 4º Exército derrubou o governo de Pernambuco, de Miguel Arraes, e do Sergipe, de Seixas Dória.
O gaúcho João Goulart nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul, no dia 1º de março de 1918. Formado em direito, iniciou sua carreira política em 1946 no PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), do qual foi fundador em sua cidade natal. Foi presidente...
Paschoal Ranieri Mazzilli nasceu em Caconde, no interior de São Paulo, em 27 de abril de 1910. Ingressou na política em 1942, quando atuou como diretor do Tesouro Público Nacional. Exerceu o cargo de secretário-geral de Finanças da Prefeitura do...
Após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentaram vetar a chegada do vice-presidente João Goulart ao posto presidencial. Tendo sérias desconfianças sobre a trajetória política de Jango, alguns membros das Forças Armadas alegavam que a passagem...
Na tarde de 25 de agosto de 1961, o ministro da Justiça entregou ao Congresso um documento em que Jânio Quadros renunciava à presidência da República. Em outra carta, tentando imitar a famosa carta-testamento de Getúlio Vargas, ele dizia: Fui vencido...
A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações...