Os 1ºs presidentes do Brasil - Deodoro da Fonseca (1889-1891) e Floriano Peixoto (1891-1894) |
o O papel do Exército na proclamação da República assegurou aos militares a chefia do novo governo – foi a República da Espada.
o Nessa época foi feita a 1ª Constituição Republicana, aprovada por uma Assembléia Constituinte composta por latifundiários e militares.
A 1ª Constituição Republicana
1ª Constituição do Brasil República (1891) |
o A nova Constituição (1891) consagrou o ideal federativo, como desejavam as oligarquias estaduais.
o Federalismo - forma de governo em que os estados têm relativa autonomia para tomar decisões, sem a necessidade de aprovação do governo central;
o Cada estado pode criar impostos, contrair empréstimos no exterior, fixar salário mínimo e definir suas próprias leis, em conformidade com a Constituição Federal.
Características da nova lei:
o O Brasil passou a ser uma República presidencialista, dividida em três poderes: Executivo (exercido pelo presidente da República, eleito por um mandato de 4 anos); Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado) e Judiciário (Tribunais e juizes)
o Voto universal masculino para maiores de 21 anos alfabetizados – mendigos e soldados sem patentes não podiam votar; mulheres estavam excluídas do direito ao voto; voto aberto (não secreto como hoje);
o Antigas províncias agora chamadas de estados – estados com relativa autonomia em relação ao governo federal como, por exemplo, ter sua própria força militar.
o Separação Igreja – Estado – deixou de existir uma religião oficial no Brasil; surgiu o casamento civil e a liberdade de culto a todas as crenças religiosas.
o Caráter leigo do ensino público (não mais ligado à Igreja) e extinção da pena de morte.
Assim era a 1ª bandeira da nascente República brasileira (1891) |
A consolidação do novo regime
o 1º presidente – Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1889-91), eleito pelo Congresso.
o Seu curto governo foi marcado por conflitos entre sua política centralizadora e o federalismo do Congresso, representante dos cafeicultores paulistas.
o Deodoro renunciou (1891) assumindo, em seu lugar, o vice - presidente, Marechal Floriano Peixoto (1891-94);
Cenas da Revolta da Armada (RJ) contra Floriano Peixoto (1893) |
o Reprimidas as revoltas os militares deram lugar aos civis – o “trono” agora era dos cafeicultores.
Charge representativa da disputa política entre Hermes da Fonseca (esquerda) e Ruy Barbosa (direita) pela sucessão presidencial em 1910 |
Prudente de Moraes - presidente entre 1894 e 1898 |
o Nesse período, o poder esteve nas mãos das grandes famílias latifundiárias, filiadas aos PRs (partidos republicanos) de cada estado, sob a chefia dos cafeicultores paulistas.
Charge dos tempos da Política do Café com Leite - a disputa politica entre oligarcas de São Paulo e Minas Gerais |
A Política dos Governadores
o Seu objetivo era evitar choques entre os governos estaduais e a União e garantir o poder para grupos mais fortes no interior de cada estado;
Funcionamento da Política dos Governadores
1. Os grupos dominantes de cada estado apoiariam o governo central;
2. Em troca, o governo central (presidente) só reconheceria a vitória dos candidatos da situação (do governo estadual) para a composição da Câmara dos Deputados;
3. Para isso era preciso que a “situação” vencesse sempre. Foi criada a Comissão de Verificação dos Poderes (sob o controle do governo federal) para examinar as atas de eleições e fazer a “degola” dos candidatos não favoráveis ao governo.
o A Política dos Governadores fortaleceu o poder local exercido pelos “coronéis”, grandes proprietários de terras que controlavam os eleitores em seus municípios de influências;
O Voto de Cabresto - os "coronéis" manipulavam o voto através da violência... |
A Política do Café com Leite
o Coronéis – donos do poder em suas terras, mas a política de cada estado era controlada pelas oligarquias mais influentes;
o Dependiam delas para a concretização de muitos favores prometidos aos eleitores, como a construção de um hospital ou escola;
o As oligarquias paulista, mineira e gaúcha monopolizavam os cargos mais importantes (Presidente da República, ministros da fazenda e da Justiça);
o São Paulo e Minas Gerais eram os mais poderosos e impunham uma política de favorecimento de seus interesses;
o Essa hegemonia de paulistas e mineiros na Presidência da República ficou conhecida como Política do Café com Leite.
A Proteção ao Café
o Final do séc. XIX – grande aumento na produção de café
o Conseqüências: queda nos preços do produto no exterior;
o Diante disso, o governo federal lançou sucessivos planos para reerguer os preços do café;
Convênio de Taubaté (1906) - por esta manobra política quem sustentava o prejuízo (ou não) dos cafeicultures era o povo |
Euclides da Cunha (1866-1909), escritor e jornalista, acompanhou o episódio de Canudos e escreveu "Os Sertões" |
A GUERRA DE CANUDOS - Uma epopéia no sertão da Bahia
2002 – comemoração do centenário da publicação de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, uma das principais obras da literatura brasileira;Ilustração da época de Canudos mostrando como deveria ser Antonio Conselheiro |
o Não é um retrato fiel dos acontecimentos, mas uma obra que reúne ficção e realidade que preserva na nossa memória a epopéia de Antônio Conselheiro e seu povo.
Antonio Conselheiro – um peregrino do sertão
o Antônio Vicente Mendes Maciel – nasceu em Quixeramobim (CE), em 1830;
o Na infância aprendeu português, latim e francês, estudos necessários para a formação de um padre;
o Adulto, trabalhou como comerciante, professor, advogado dos pobres e empregado no comércio;
o 1871 – após dois casamentos e vários empregos, Antônio Maciel iniciou sua peregrinação pelo sertão de Pernambuco, Bahia e Sergipe, trajando camisolão azul, barba e cabelos longos;
o Pregava mensagens religiosas e aconselhava os sertanejos, além de construir e reformar igrejas e cemitérios, casas, açudes e colheitas agrícolas;
o Sua influência crescia a cada dia, arregimentando seguidores que o acompanhavam pelo sertão. Era chamado, então, de Antônio Conselheiro.
Igreja X Religiosidade Popular
Trabalho missionário no Brasil Colônia |
o Muitos missionários estrangeiros vinham para ao Brasil para trabalhar nas paróquias para fortalecer os rituais e sacramento da Igreja – batismo, matrimônio – além de reforçar a importância dos clérigos;
Beatos - a religiosidade popular |
o Esses beatos pregavam uma fé espontânea próxima do cristianismo primitivo e livre do controle da Igreja;
o O choque do beato Conselheiro com a Igreja é um exemplo do conflito entre a religiosidade popular e a oficial.
Típica casa do Arraial de Canudos |
o Essa religiosidade independente era, para a Igreja, uma ameaça que deveria ser combatida.
Canudos e sua área de influência |
o 1893 – Antônio Conselheiro e seu grupo fundam um povoamento comunitário na fazenda Canudos, próximo ao rio Vaza-Barris, no norte da Bahia – chamaram o povoado de Belo Monte;
o Lá, os sertanejos organizaram uma economia comunitária em que todos trabalhavam para o sustento do grupo.
o Havia professores, artesãos, enfermeiros e negociantes prósperos que mantinham negócios regulares com vilas e cidades da região.
Quadrinhos mostrando a saga de Canudos |
Canudos e a obra “Os Sertões”
o Euclides da Cunha esteve no cenário da guerra como correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo”;
o Seus escritos levaram muitos leitores de “Os Sertões” a considerar a obra testemunho fiel do conflito;
uma das várias edições da obras Os Sertões, de Euclides da Cunha |
A sobrevivência em Canudos
o Às márgens do rio Vaza-Barris os canudenses cultivavam diversos legumes, milho, feijão, batata, melância, cana-de-açúcar;
o Em áreas próximas caçavam e coletavam frutas;
o A criação de bode era importante para a comunidade (couro) que negociava com vilas e cidades da região;
o As mulheres fabricavam farinha, bijus, redes; os homens fabricavam foices, machados e facas.
A guerra contra Canudos
o Canudos se tornou uma ameaça ao poder dos coronéis e da Igreja Católica, que perdiam mão-de-obra e fiéis para a comunidade;
o O governo da Bahia e os latifundiários aguardavam o momento certo para invadir o arraial;
Soldados da República antes do ataque definitivo a Canudos (1897) |
o 1896 – o ataque não ocorreu, mas o governo federal e baiano iniciou uma campanha militar contra Canudos;
o Apesar da superioridade bélica do governo, as três primeiras expedições foram derrotadas pelos sertanejos do Conselheiro;
o Canudos virou notícia em todo o Brasil e o Conselheiro passou a ser acusado pela imprensa de monarquista, louco e inimigo da República;
Depois de morto e já enterrado, os soldados desenterraram o corpo do Conselheiro para decapitá-lo |
o Após 4 meses, invadiram e destruíram o arraial, cumprindo ordens do presidente Prudente de Moraes para “não deixar pedra sobre pedra”.
O futuro dos sobreviventes
o A destruição dos conselheiristas continuou após a queda do arraial; muitos prisioneiros foram degolados pelo Exército por se recusarem a render homenagens à República;
Sobreviventes de Canudos - muitos foram mortos depois... |
o Relatos mais chocantes falavam de crianças que sofriam de inanição e apresentavam vários ferimentos devido ao conflito; muitas foram dadas aos participantes da campanha ou distribuídas entre comerciantes locais;
o A grande maioria, órfã de pai e mãe, perdia o vinculo com o seu passado.