As obras de arte do Renascimento retratavam uma nova maneira de ver o mundo terreno e de relacionar com ele. A valorização da vida neste mundo, a nacionalidade que surgia ligada às necessidades da burguesia levavam a um estudo da natureza, tentando entender o seu funcionamento, e também um desejo de retrata-las nas obras de arte. Isso já era feito na Baixa Idade Média pelo estilo gótico. Mas a expressão artística do Renascimento era um retrato do dinamismo da época: as figuras das artes plásticas movem-se mais livremente, com naturalidade de expressão, com elegância e ritmo, contrastando com a arte medieval, mais solene, rústica e simbólica.
As primeiras manifestações do Renascimento nas artes plásticas são detectadas por alguns especialistas já no século XIV (1300 a 1399), por isso esse período ficou conhecido como Trecento. Com presença de traços medievais a arte do período tinha base naturalista. Os artistas dessa época baseavam-se na realidade para produzir pinturas.
Ambrogio Lorenzetti: Alegoria do Bom Governo, c. 1328. Palazzo Pubblico, Siena
Foi no Quatrocento, isto é, no século XV (1400-1499), que o artista deixou de ser um simples artesão para se tornar profissional independente, graças ao aumento das encomendas de grandes obras de arte.
Esse foi um período de acumulação de experiências e de evolução nas artes que atingiu seu apogeu no final do século XV e nas primeiras décadas do século seguinte.
Em 1434 os Médici, família de grandes banqueiros, tomaram o poder em Florença, pela compra de serviços dos chefes militares mercenários, os condottieri. E foi essa família que "financiou" o Renascimento italiano no Quatrocento. Lourenço de Médici foi um grande mecenas da arte florentina. Incentivou o neoplatonismo, que preconizava a perfeição de qualquer ser e se refletiu nas artes plásticas, pois a perfeição implicava beleza suprema. A pintura do Quatrocento caracterizava-se pela leveza, graciosidade e liberdade de movimento. Para se tornar um grande artista, era preciso conhecer geometria, perspectiva e anatomia.
A anunciação, de Sandro Botticelli, 1489-1490.
O artista renascentista assinava seus trabalhos, ao contrário do artista do período medieval. Essa atenção sobre a pessoa do artista está perfeitamente afinada com o individualismo, outra característica do Renascimento.
Nos últimos anos do século XV, a concentração da riqueza de uma pequena camada da sociedade revoltou a população pobre que, sob a liderança de Savonarola, tomou o poder em Florença (1494-1498).
Savanarola, um monge místico, mandou queimar as obras de arte, que, para ele e para os revoltosos, nada significavam. Os grande artistas do Renascimento florentino partiram para Roma, que se tornou o novo centro das artes.
Roma tornou-se o grande dentro das artes do Cinquecento, isto é, no século (1500-1599). Júlio II, papa no período de 1502 a 1513, pretendia mostrar ao mundo a grandiosidade da cidade de Roma e, para isso, iniciou as obras da nova basílica de São Pedro, em 1506. Bramante, famoso arquiteto de Milão, foi o autor do projeto, um monumental edifício de 24.200 metros quadrados. A decoração ficou a cargo de Michelangelo e Rafael Sânzio.
Pietá, de Michelangelo, Basílica de São Pedro
A cúria papal tornou-se nesse período, uma verdadeira corte, digna do maior imperador do Ocidente. Os cardeais repetiam, em escala menor, o que acontecia no palácio papal. A forma de exteriorizar a riqueza e o luxo era pela encomenda de obras de arte, o que transformou o Vaticano em um dos maiores mecenas do Renascimento.
Mecenas: Mecenas foi um "ministro" de Otávio Augusto (Imperador de Roma), que viveu na passagem do século I a.C para o I d.C, Protetor de artistas e homens de letras, foi uma figura importante na política cultural do que ficou conhecido como "século de Augusto". Seu nome passou a designar os patrocinadores generosos dos artistas e sábios, protetores das letras, ciências e arte. Lourenço de Médici foi um grande mecenas do Renascimento.
Neoplatonismo: Corrente filosófica fundada por Amônio Sacas (século II), em Alexandria, e cujos representantes principais são o filósofo romano Plotino (204-270), em Roma, e os filósofos gregos Jâmblico (c.250-330), na Síria, e Proclo (410-485), em Atenas. Caracterizava-se pelas teses da absoluta transcendência do ser divino, da emanação e do retorno do mundo a Deus pela interiorização progressiva do homem. Essas concepções foram importantes durante a Idade Média e o Renascimento.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
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