Lançado na capital da província de São Paulo em 12 de agosto de 1869, o Radical Paulistano foi um periódico político do chamado ?Club Radical Paulistano?, pertencente à ala considerada mais radical do Partido Liberal ? que, futuramente, geraria o movimento republicano que destronaria a monarquia no Brasil. Tendo contado com redatores jovens como Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Luís Gonzaga Pinto da Gama, Martim Cabral, Bernardino Pamplona e Castro Alves, o jornal era tirado primeiro das oficinas da folha O Ypiranga, para depois ser impresso pelo maquinário do Correio Paulistano. Assim foram impressas suas apenas 26 edições, todas com apenas quatro páginas ? ao passo em que, conforme ressalta Nelson Werneck Sodré, os jornais mais longevos da imprensa brasileira sempre foram conservadores, salvo pequenas exceções, o órgão radical foi publicado somente entre 12 de agosto e 13 de novembro de 1869.
Já em sua primeira edição o Radical Paulistano era taxativo: ?O Partido Conservador está morto? e ?A revolução caminha, é melhor pois que ela seja prevenida por medidas profundas e largas, antes que vê-la chegar de braços cruzados, ou pior ainda, precipitá-la mais depressa, continuando-se com o sistema absoluto que nos governa?. Esse tom reformista, todavia, assumiria contornos verdadeiramente antimonarquistas apenas duas edições depois. O discurso político da folha, ademais, não estava desacompanhado de outras pautas progressistas; Oscar Pilagallo, em sua ?História da imprensa paulista?, destaca a importância que o Radical Paulistano teve junto à luta pela abolição da escravatura, além de ter, naturalmente, revelado seus redatores para o restante da imprensa liberal brasileira:
Em São Paulo, a defesa mais contundente do abolicionismo estava distante do republicanismo conservador dos cafeicultores. Na imprensa, a campanha contou com a participação de Rui Barbosa, que a ela se lançara, ao lado de Luiz Gama, no jornal Radical Paulistano, em 1869, quando, ainda estudante de direito no largo São Francisco, chegou a morar com o poeta abolicionista Castro Alves, seu colega. Nessa publicação, ?derrocando o princípio da propriedade civil, [Rui Barbosa] constrói os alicerces em que se apoiaria a emancipação dos nascituros?, escreve Elmano Cardim, em referência à Lei do Ventre Livre, assinada pouco depois, em 1871. (p. 39)
Em sua última edição, o Radical Paulistano louvava os nomes de quatro integrantes da corrente política a que pertencia: Bernardino Pamplona, Freitas Coitinho, Carneiro de Campos e Marcondes Varella.
Fontes:
? Acervo: edições do nº 1, ano 1, de 12 de agosto de 1869, ao nº 26, ano 1, de 13 de novembro de 1869.
? PILAGALLO, Oscar. História da imprensa paulista ? jornalismo e poder de D. Pedro I a Dilma. São Paulo: Três Estrelas, 2012.
? SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.