História do Brasil e do Mundo
Queremismo - Movimento Queremista - Getúlio Vargas
O MOVIMENTO QUEREMISTA E A LUTA DA CLASSE OPERÁRIA PELA REELEIÇÃO DE VARGAS EM 1945
No período de 1945, o Brasil viveu grande turbulência no que concerne à transição presidencial no Palácio do Catete. Por um lado, Vargas era o principal candidato, representante das classes populares e dos trabalhadores. Já o brigadeiro Eduardo Gomes era o candidato representante de um grupo heterogêneo, envolvendo a elite intelectual brasileira, a Esquerda Democrática e os comunistas do PCB. Eurico Gaspar Dutra, representante do Partido Social Democrático, era um candidato “discreto”. Sua candidatura “surgia em pequenas notas, cercadas por outras notícias, sugerindo ao leitor uma candidatura fracassada e sem maior importância, com mensagens de desalento, inviabilidade política [...].” (FERREIRA, p. 21).
Nesse contexto de transição, a oposição via no governo de Vargas um esgotamento político. Acreditavam na renovação do plano político posto em prática no governo varguista, pois, como aponta Ferreira, “a ditadura dera sinais definitivos de cansaço.” (FERREIRA, p. 16).
Muitos intelectuais lançaram duras críticas contra o governo de Vargas, especificamente contra a censura, à liberdade de expressão e ao sufrágio universal e apoiavam a candidatura do brigadeiro contra a permanência de Getúlio no Catete. Visto como ditador, tirano, fascista, demagogo, hipócrita, traidor e opressor dos operários pela oposição, Vargas representava a derrota da democracia liberal e a permanência da tirania e do fascismo no Brasil por esta classe.
Por conta da grande propaganda demagógica promovida pelo Estado Novo, que conseguiu atingir, principalmente, os populares, Vargas foi tido como um grande presidente pela população, responsável pelo apoio ao trabalhador e às pequenas famílias. Sua permanência no poder representava para o movimento queremista a continuidade da valorização do trabalhador e da conquista de direitos sociais pelas classes populares daquele período histórico.
De acordo com o historiador Jorge Ferreira, entre os trabalhadores havia o consenso de que 1930 (ano em que Vargas chegou ao poder presidencial) representava o marco da mudança das relações de trabalho no Brasil. Entre eles eram perceptível as diferenças entre o “antes” e o “após” da década de 30. Ferreira cita as palavras de Nelson Siqueira (representante da comissão eleita pelos operários da Companhia de Fiação e Tecelagem de Pelotas) para sustentar essa afirmação: “que era o operário antes de 30? Escravo. Operário não tinha casa morar, rua para andar quando políticos não perseguiam; não tinha férias, estabilidade, segurança contra acidentes e nem instituto de previdência para ampará-lo.”. (FERREIRA, p. 28).
Classe trabalhadora repreendida pela policia em suas reivindicações e sem garantia de direitos profissionais, jornais operários censurados, políticos alheios às lutas populares: assim era o cenário que os populares e trabalhadores de 1945 viam a década de 30.
A repercussão verdadeiramente impactante que as leis sociais causaram entre os assalariados dificilmente pode ser minimizada e permitiu que, na memória popular [...] 1930 surgisse como um divisor de águas nas relações entre Estado e classe trabalhadora. (FERREIRA, p. 29).
Assim, aquelas classes viam em Vargas a possibilidade de continuarem a serem tratados como seres humanos, sendo reconhecidos politicamente e valorizados socialmente.
Por “tratamento humano decente” entende-se segurança na velhice, garantia contra as arbitrariedades patronais, justiça nas relações trabalhistas, regulamentação de salários e jornadas de trabalho e, particularmente, o reconhecimento e a valorização social e política. (FERREIRA, p. 30).
Referências Bibliográficas
FERREIRA, Jorge. A democratização de 1945 e o movimento queremista.
LENHARO, Alcir. Sacralização da Política. Campinas: Papirus, 1987.
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