Planeta anão Éris
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Planeta anão Éris


Imagem do planeta anão Éris

Fig. 1 - O Planeta anão Éris

   O planeta anão Éris é conhecido oficialmente como 136199 Eris, sendo um planeta anão e um plutóide nos confins do sistema solar, numa região conhecida como disco disperso. Talvez seja o maior planeta anão do sistema solar e quando foi descoberto, ficou desde logo informalmente conhecido como o "décimo planeta", porque na época seu diâmetro estimado era maior do que o diâmetro do planeta Plutão.

   Éris tem um período orbital de cerca de 560 anos e encontra-se a cerca de 97 UA (uma Unidade Astronómica - UA é equivalente a 150 000 000 Km) do Sol, no seu afélio. Como Plutão, a sua órbita é bastante excêntrica, e leva o planeta a uma distância de apenas 35 UA do Sol no seu periélio (a distância de Plutão ao Sol varia entre 29 e 49,5 UA, enquanto que a órbita de Netuno fica a cerca de 30 UA de distância).

   Em 2010, resultados preliminares de uma ocultação estelar por Éris em 6 de novembro colocaram um limite de 2320 km no diâmetro de Éris, deixando-o com praticamente o mesmo diâmetro de Plutão. Com a margem de erro na estimativa do tamanho, não se sabe ainda se Éris realmente é menor que Plutão.

   Éris era a deusa da discórdia. O planeta foi chamado assim porque a sua descoberta lançou a discórdia entre os astrónomos quanto à definição de um planeta e causou, indiretamente, a descida de estatuto de Plutão de "planeta" para "planeta anão". Na mitologia grega é famosa por ter causado, indiretamente, a Guerra de Tróia. Era também conhecida por acompanhar o seu irmão Ares (Marte) para o campo de batalha e, quando os outros deuses iam embora, ela ficava rejubilando-se da carnificina.

 

A observação e exploração de Éris

Um grupo de cientistas formado por Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz, utilizando o observatório instalado no monte Palomar na Califórnia, varriam o céu à procura de grandes corpos celestes no sistema solar exterior. Descobriram-se, assim, vários planetóides, tais como Quaoar, Orco e Sedna.

   Observações de rotina feitas em 21 de outubro de 2003, encontraram um novo corpo celeste; devido, contudo, ao seu movimento extraordinariamente lento, não foi dado como candidato, vez que o sistema de procura automática em imagens excluía todos os astros que se movessem a menos de 1,5 arcossegundos por hora, por forma a reduzir o número de falsos candidatos.

Contudo, Sedna foi descoberta a mover-se a apenas 1,75 arcossegundos por hora, o que levou a equipa a decidir re-analisar manualmente dados já registados, considerando um valor menor de movimento angular. Em 5 de janeiro de 2005, esta nova análise revelou a existência de Éris confirmando o seu lento movimento pelo espaço.

   O novo astro, com uma magnitude aparente de cerca de 19, é suficientemente brilhante para poder ser visto mesmo com um telescópio modesto. A inclinação da sua órbita é responsável por não ter sido descoberto até então, dado que a maioria das pesquisas para corpos do sistema solar exterior concentravam-se no plano da eclíptica, onde se encontra a maioria dos corpos do sistema solar, incluindo a Terra.

   Observações subsequentes foram levadas a cabo, de forma a estimar a distância e o tamanho, o que levou a que a sua descoberta não fosse anunciada antes de terem sido determinadas com maior exatidão a dimensão e a massa desse corpo celeste.

   Entretanto, foi intempestivamente anunciada, por um outro grupo em Espanha, a descoberta de um corpo celeste apelidado de Haumea, precisamente o que a equipa norte-americana estava a observar, o que levou esta a acusar o grupo espanhol de falta de ética e a anunciar, de forma precipitada, a descoberta de Éris no dia 29 de Julho de 2005. No mesmo dia, outros grandes planetóides foram anunciados: Haumea e Makemake, lançando a confusão na imprensa com uma plétora de descobertas importantes ao mesmo tempo.

   Apesar de previamente terem sido descobertos grandes planetóides na cintura de Kuiper, eram todos menores em dimensão quando comparados com Plutão. Pelo contrário, Éris revelou-se maior, lançando o debate sobre a sua categorização como décimo planeta, tal como pretendido pelos seus descobridores ou como um simples planetóide.

   A indefinição prolongou-se por largos meses, lançando a discórdia entre os astrónomos do que seria um planeta. Pouco tempo depois, no encontro da União Astronómica Internacional (UAI) não houve consenso quanto à categorização deste novo mundo como um planeta principal. No entanto, 11 dos 19 membros apoiariam que fosse categorizado como planeta, enquanto que 6 membros propuseram que se reduzisse o número de planetas principais para oito, retirando também o estatuto a Plutão. Até à decisão final, todos os corpos celestes a orbitarem para além de Plutão serão classificados apenas como objetos transneptunianos.

   A UAI fez uma reunião geral em Agosto de 2006: na proposta inicial da definição do termo "planeta", Éris seria categorizado como um planeta. No entanto, a pressão de um grupo de astrónomos fez com que uma nova definição fosse escrita, que acabou por ser aprovada unanimemente, atirando Éris, Ceres e Plutão para um novo grupo de corpos celestes - os "planetas-anões", que não são reconhecidos como planetas principais. Éris recebeu o nome da deusa grega da discórdia.

   Com a descoberta de Disnomia, um satélite de Éris, Michael Brown e Emily Schaller, astrónomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia, puderam medir de maneira precisa a massa de Éris com a ajuda do telescópio espacial Hubble.

   Éris tem aproximadamente 27% mais massa que Plutão segundo os pesquisadores, que tiveram os trabalhos publicados na edição da revista "Science" de 15 de Junho.

 

A geologia de Éris

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   Éris pode ser o maior corpo celeste conhecido para além da órbita de Neptuno, talvez maior que Plutão. Tal como Plutão, é composto de uma mistura sólida de gelo e rocha. Ambos podem ser vistos como objetos do cinturão de Kuiper ou como planetas gelados, apesar de Éris ser do tipo disperso, ou seja, terá sido formado na parte interior da cintura, mas atirado para uma órbita mais distante devido a uma possível influência gravitacional de Netuno.

   O albedo de Éris não é totalmente conhecido e o seu tamanho real não pode ser determinado. Contudo, os astrónomos calcularam que, numa conjectura extrema, Éris refletisse toda a luz que recebe, seria mesmo assim maior que Plutão (2390 km).

   Para ajudar a determinar melhor a dimensão deste corpo celeste, foram feitas análises preliminares com recurso a observações feitas com telescópios espaciais: o Spitzer e o Hubble. O primeiro telescópio indicou que Éris seria 20% maior que Plutão (2274 km); o segundo indicou que seria apenas 1% maior indicando um albedo extraordinariamente elevado.

   Em Fevereiro de 2006, um artigo da revista Nature da autoria de um grupo de cientistas alemães indicou que Éris tem 3000 km ±300 km ±100 km, ou seja, algo do tamanho da Lua e 30% maior que Plutão. Para determinar o diâmetro, o grupo usou observações da emissão térmica de Éris. A primeira margem de erro tem em atenção os erros de medida, e a segunda devido à velocidade de rotação e a orientação do astro serem desconhecidas.

   Em novembro de 2010 Éris ocultou uma estrela. Dados preliminares desse evento indicaram que o diâmetro de Éris é de 2 340 km, o que causou dúvida sobre as estimativas anteriores de tamanho e densidade. As três equipas que observaram a ocultação ainda estão analisando os dados obtidos. Além disso, ao usar os dados preliminares desse evento para comparação com Plutão, há várias estimativas do diâmetro de Plutão que podem ser selecionadas. Isso se deve em parte à atmosfera de Plutão que interfere nas medições de sua superfície sólida (ao contrário da neblina gasosa).

  Estes cientistas determinaram que o albedo é muito semelhante ao de Plutão, ou seja, é de 0,60 ± 0,10 ± 0,05. Sugerindo que o metano cause que a superfície gelada seja bastante refletora.

Éris parece ser algo análoga a Plutão e a Tritão (a grande lua de Netuno) devido à presença de gelo de metano.

   Ao contrário do aspecto avermelhado de Plutão e Tritão, o planetoide Éris parece ser cinzento. Isto parece ser devido à enorme distância de Éris em relação ao Sol o que permite que o metano condense, cobrindo uniformemente toda a superfície.

   O metano é muito volátil e a sua presença mostra que Éris se manteve sempre nos confins do sistema solar, ou seja, sempre foi um mundo extremamente frio levando a que o gelo de metano subsistisse. Ou, talvez, desfrute de uma fonte interna de metano que liberte o gás para a atmosfera; note-se que Haumea, um outro corpo celeste da mesma zona do sistema solar, revelou a presença de gelo de água, mas não de metano.

 

A atmosfera e clima de Éris

  Apesar de Éris se encontrar cerca de três vezes mais afastado do Sol que Plutão, chega a estar suficientemente perto do Sol para que parte da superfície se descongele e forme uma fina atmosfera; no entanto não se sabe se isto acontece realmente.

   Devido à sua órbita que se aproxima até 37,8 UA do Sol e se distancia até 97,61 UA, as temperaturas devem variar entre -232 e os -248 ºC (graus Célsius).

Éris está tão afastado do Sol que este último, nos céus daquele mundo, deverá aparecer apenas como uma estrela brilhante.

 

O seu satélite natural - Disnomia

  A lua de Éris, Disnomia, foi descoberta a 10 de setembro de 2005. Estima-se que Disnomia seja oito vezes menor e sessenta vezes menos brilhante que Éris e que orbite esse último em cerca de catorze dias.

   O sistema Éris-Disnomia parece semelhante ao sistema Terra-Lua. Apesar das dimensões mais reduzidas dos dois objetos, o satélite de Éris está dez vezes mais próximo do planeta que orbita que a Lua da Terra apesar de ser oito vezes menor que a nossa lua.

Referências:

O texto apresentado foi adaptado na sua maioria de um artigo da Wikipédia.





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