Um rosto ressecado olha para o firmamento em uma catacumba italiana. Na Sicília, as múmias revelam detalhes sobre a vida e a morte de séculos atrás.
Foto de Vincent J. Musi
Um olho de vidro nos observa do rosto de um representante do povo em Palermo, que foi embalsamado o século 19, quando as antigas técnicas de mumificação estavam sendo substituídas por métodos modernos. De acordo com outras tradições, as entranhas do abdômen foram retiradas e o cadáver recebeu enchimento. Mas as pessoas que prepararam o corpo talvez também tenham usado uma das novas técnicas que estavam sendo exploradas por médicos em Palermo. Foi injetada na carótida, para frear o apodrecimento de maneira química, uma solução contendo arsênico, álcool ou mercúrio.
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A capa escarlate e o chapéu negro nestes despojos em Palermo indicam que se tratava de um sacerdote. A maioria das múmias sicilianas é de clérigos ou notáveis ricos que subsidiavam os capuchinhos. Testes revelam que muitos padeciam de doenças ligadas a dietas abundantes.
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Sob um halo de luz, um clérigo mumificado impera em seu nicho, em Piraino. As pessoas vão às criptas para orar pelas almas de parentes e pedir que intercedam por elas junto a Deus.
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A pele fina e quebradiça feito papel velho de um clérigo em Piraino sobrevive porque os monges capuchinhos ressecaram o corpo logo após sua morte. O cadáver foi depositado num estrado para que seus fluidos corporais se escoassem. A ventilação removia a umidade, e ramos de ervas eram enfiados no corpo para mascarar o odor.
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Com cada um dos tendões intactos, o pé de um representante do clero se sobressai das roupas mortuárias em Piraino. Esta múmia é uma das mais bem preservadas nas criptas da Sicília.
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Alçapões diante do altar da catedral levam à cripta em Novara di Sicilia. Os santos eram enterrados sob os altares para assegurar proteção divina à igreja. Depois, passou-se a considerar que pessoas comuns também seriam beneficiadas com o hábito.
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A tinta verde usada pelos vândalos que invadiram a cripta de Savoca em 1985 mancha a lapela de um homem do final do século 18 ou início do 19. Os restauradores já removeram as manchas das múmias propriamente ditas e agora trabalham para eliminar as marcas das roupas também.
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Sob a catedral de Novara di Sicilia, do século 15, jazem seis sacerdotes mumificados. Sabe-se de pelo menos 50 múmias em Piraino e Savoca; cerca de 2 mil foram achadas em Palermo.
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Em Palermo, ossadas jazem em fileiras macabras. Em 1599, corpos que se desidrataram naturalmente inspiraram os frades a mumificar os clérigos. Logo, outras pessoas quiseram ser mumificadas. "Era algo visto como um milagre", diz o antropólogo Dario Piombino-Mascali. "Uma intervenção de Deus".
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http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-107/fotos/mumias-sicilia-478969.shtml?foto=9p
Revista National Geographic