O império romano do Oriente atingiu seu momento de maior grandeza sob o governo de Justiniano (527-565) e de sua mulher, a ex atriz Teodora. Internamente, esse governo reuniu todas as leis do Direito romano no Corpus Juris Civilis ( Corpo de Direito Civil), obra extensa, composta de quatro partes:
O Corpus Juris Civilis é a base dos atuais códigos de Direito.
Externamente, sua grande realização foi tentativa de restaurar a unidade territorial do antigo Império romano, Por isso, mobilizou suas forças militares e conquistou sucessivamente o norte da África, todo o território da península Itálica e parte da península Ibérica. Ao mesmo tempo, o governo de Justiniano estabeleceu acordos com os governantes do Império persa sassânida, aos quais passou a pagar impostos para que as tropas persas não atacassem Constantinopla.
A Revolta de Nika
Tão logo chegou ao poder, em 527, Justiniano começou a pôr em prática seu plano de restaurar o antigo Império romano em toda a sua extensão. Para isso, fortificou as fronteiras de seu próprio império e reequipou o exército, preparando-o para as conquistas que estavam por vir. Ora, esses preparativos exigiam recursos. Para obtê-los, o imperador aumentou os impostos e criou novas taxas a serem pagas pela população, provocando forte descontentamento.
O hipódromo de Constantinopla atraía milhares de pessoas não só por servir à diversão, mas também porque lá se distribuía comida gratuitamente ao público, como no Coliseu em Roma. No segundo domingo de janeiro de 532, o hipódromo estava lotado. Sua capacidade era para 60 mil pessoas. O público acompanhava a corrida dividido em duas grandes torcidas: uma apoiava os Verdes e a outra, os Azuis. Estes eram os nomes dos dois principais partidos políticos da cidade. Ambos exibiam suas bandeiras e ensaiavam seus hinos. O imperador também estava presente. Ele e a imperatriz Teodora eram torcedores dos Azuis.
Torcer contra o time do imperador era uma forma de oposição política. Não se sabe bem por que, ao final de uma das corridas, os Verdes aproveitaram para fazer uma série de reclamações ao imperador. Reclamavam, sobretudo, do abuso de autoridade por parte dos funcionários do governo e dos impostos elevados.
O imperador tentou contornar a situação, mas não foi feliz: a população, aos gritos de Nika! Nika! (Vitória! Vitória!), marchou sobre o palácio imperial. Travaram-se então combates sangrentos entre os soldados e as forças populares, e vários edifícios foram queimados.
Vendo-se ameaçado, Justiniano decidiu fugir levando consigo as riquezas do tesouro imperial. Contam que, naquele momento, Teodora convenceu-o a voltar. Justiniano voltou e ordenou ao general Belisário que reprimisse o movimento. A repressão foi brutal: milhares de rebeldes alojados no hipódromo foram cercados e mortos. Era o fim da revolta popular de Nika.
Com a morte de Justiniano, em 565. o império bizantino entrou em um período de longo declínio. No começo do século VII, algumas de suas províncias, como a Síria, a Palestina e o Egito, foram ocupadas pelos persas. Mas a partir de 636 eles seriam ocupados por um novo inimigo os árabes mulçumanos, que também conquistariam o norte da África e a península Ibérica.
Mais tarde, os bizantinos foram expulsos também da península Itálica, que passou o controle de outros povos. Em 1204, uma cruzada financiada pela cidade de Veneza, na península Itálica, invadiu Constantinopla e saqueou boa parte de seus tesouros. E, 1453, finalmente, a cidade foi ocupada pelos turcos-otomanos, seguidores do islamismo, depois de um cerco que durou quase dois meses. Era o fim do Império romano do Oriente.