As medidas de força, como a repressão à Primavera de Praga, não eliminaram as crescentes críticas ao centralismo soviético. Pelo contrário, em 1976, os partidos comunistas da Europa Ocidental manifestaram sua oposição ao dirigismo e à tutela ideológica soviéticos. Divulgaram um documento por meio do qual defendiam a passagem do capitalismo para o socialismo de maneira autônoma, independente do Partido Comunista da União Soviética. Era a oficialização do eurocomunismo.
Na Polônia, já nos anos 1980, a pressão pela participação do operariado no governo liderada pelo Sindicato Solidariedade, dirigido, por Lech Walesa, reativou a questão do socialismo democrático. Ganhando crescente prestígio nacional e internacional, a atividade de Walesa e do Solidariedade acirrou as dificuldades nas relações Leste-oeste.
Comparativamente aos anos 1950 e 1960, a perda do ritmo produtivo soviético – com diminuição das taxas de crescimento industrial e agrícola e de produtividade do trabalho, na renda per capita e no PNB – foi agravada pela não-participação da União Soviética no comércio mundial. O país deixou de exportar principalmente maquinaria, meios de transporte e equipamentos, como fazia nos anos 1960, para se concentrar cada vez mais na exportação de petróleo e gás, os quais representavam, em 1985, perto de 53% das exportações soviéticas.
Na mesma época, 60% de suas importações eram basicamente de máquinas e produtos industrializados. Tratava-se de um quadro que buscava satisfazer as necessidades mais prementes do país, segundo as determinações da nomenklatura (a alta burocracia soviética), suprindo necessidades localizadas, obtendo produtos importados e receitas imediatas, sem atacar com profundidade os impasses produtivos, ampliando a urgência de alteração de rumos.
Cláudio Vicentino. Gianpaolo Dorigo. História Geral e do Brasil
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