Nos séculos XVI e XVII, enquanto o litoral da América portuguesa era ocupado pelos colonos, o interior do território, chamado de sertão, praticamente não foi explorado. Temendo que os colonos roubassem os metais e pedras preciosas que viessem a encontrar, o governo de Portugal proibiu a circulação pelo sertão. Só poderiam andar pelo interior da colônia pessoas autorizadas pelo governador-geral.
Caminhar pelo sertão adentro, numa região desconhecida, não era fácil para os europeus. Além do risco de perder o rumo, havia muitos perigos: Contrair doenças, enfrentar animais ferozes, picadas de insetos e de cobras. Só os indígenas conheciam o interior do território, as características do relevo, o percurso dos rios, os animais e as plantas. Sabiam se orientar no mato, encontrar água e comida para sobreviver.
A penetração pelo interior também era limitada pelo Tratado de Tordesilhas, cuja linha divisória separava a América portuguesa, da América espanhola. Com a união Ibérica, em 1580, essa divisão perdeu o sentido, o que facilitou a colonização do interior.
A colonização do oeste
Diante a constante ameaça de invasão do território colonial por franceses, ingleses e holandeses, os portugueses decidiram ocupar regiões que ainda não haviam explorado. Essa expansão resultou na fundação de Belém, em 1616, o que permitiu a exploração do rio Amazonas.
Mais tarde, a luta para expulsar os holandeses da capitania de Pernambuco estimulou a colonização de áreas próximas, como as capitanias do Rio Grande, do Ceará e do Maranhão.
Em 1690, a ocupação do rio Negro deu origem à futura cidade de Manaus. Da região amazônica, os portugueses retiravam principalmente produtos como peixes, madeiras e drogas do sertão, de grande valor no mercado europeu.
No século XVIII, o desenvolvimento da indústria de tecidos na Inglaterra estimulou a produção de algodão na região do Grão-Pará e do Maranhão, o que contribuiu para a colonização local. No fim desse século, por causa do processo de independência da América inglesa, os britânicos deixaram de adquirir grande parte do algodão produzido em suas colônias e passaram a importar o produto do Brasil. Isso provocou uma expansão da produção algodoeira em várias regiões da colônia portuguesa na América.
Drogas do Sertão: Produtos extraídos da floresta Amazônica nos séculos XVII e XVIII, como o cacau, o gengibre, o óleo de copaíba, a salsaparrilha e a baunilha, entre outros. As drogas do sertão destinavam-se a substituir no mercado europeu as drogas e especiarias das Índias, cujo monopólio os portugueses perderam ainda no século XVI, para comerciantes de outras nacionalidades. A busca destes produtos foi importante fator de estímulo à colonização do Pará e da região do rio Negro, no Amazonas. |
Entradas e bandeiras
Outro fator que contribuiu para a expansão do território em direção ao interior foram as expedições organizadas pelos colonos. Chamadas de entradas ou bandeiras, tinham como objetivo encontrar ouro, prata e pedras preciosas e também aprisionar nativos para escraviza-los. Chegando a contar com mais de mil integrantes, entre colonos e indígenas, essas incursões pelo sertão eram feitas a pé e duravam vários meses.
A vila de São Paulo era o principal ponto de partida das bandeiras. Como estavam separados do litoral pela serra do mar, os paulistas tinham dificuldade para comerciar com Portugal. Por isso, as bandeiras passaram a constituir para eles uma atividade econômica importante.
No século XVII, com a fundação da Nova Holanda, o bandeirismo paulista ganhou força. O conflito entre holandeses e portugueses dificultou o tráfico de africanos escravizados, estimulando os bandeirantes a capturar indígenas para vende-los aos proprietários de engenhos de açúcar da região do atual Nordeste.
Por sua experiência em percorrer o sertão, os bandeirantes também eram contratados pelos governadores-gerais para combater grupos indígenas que resistiam à invasão de suas terras pelos colonos e ainda para capturar escravos fugidos e destruir quilombos.
No fim do século XVII, os bandeirantes descobriram ouro na atual região de Minas Gerais. É provável que a primeira jazida tenha sido encontrada em 1693, em Caeté, pela expedição de Antônio Rodrigues Arzão. A busca de ouro atraiu para a região mineira grande grande número de pessoas e deu origem a muitos núcleos urbanos no interior da colônia.