NACIONALISMO 2 X 0 ENTREGUISMO: A questão petrolífera brasileira
História do Brasil e do Mundo

NACIONALISMO 2 X 0 ENTREGUISMO: A questão petrolífera brasileira


Getúlio Vargas, 1953                                        Lula, 2005


Certa feita, fui questionado por um dos meus alunos da seguinte forma: “Professor, podemos afirmar que a História se repete?” Respondi a ele que não, pois o tempo não se repete. Uma vez passado os segundos, as horas e os dias, estes geram situações que embora possam deixar marcas, não voltam mais, ao contrário, se a História se repetisse, estaríamos estagnados no tempo e no espaço, o que de fato não ocorre. Sempre costumo dizer aos meus alunos que “a História deixa rastros de si mesma”, o que não quer dizer necessariamente que ela esteja se repetindo ao longo das sucessões temporais.
Para bem exemplificar o que exponho aqui, trago para esta postagem, imagens e fatos históricos que ocorreram em momentos distintos da História e que a primeira vista nos remeterá à sensação de que se trata de uma “repetição histórica”.
Vamos lá então! Se existe na história deste país, Estadistas nos quais encontraremos diversos pontos análogos, são eles: Getúlio Dorneles Vargas e Luiz Inácio Lula da Silva.
Não elencaremos aqui todos os pontos comuns existentes entre ambos, mas nos atentaremos ao momento histórico das fotografias propostas.
A primeira fotografia trata-se de um ícone da gestão Vargas, mais propriamente do seu segundo mandato que durou apenas dois anos (1952-1954), devido ao seu suicídio. Naquela época fervilhava nos confins de boa parte do Brasil, a discussão acerca de quem teria o direito de explorar o petróleo brasileiro. O embate ideológico acirrava-se cada vez mais entre os chamados “nacionalistas”, que defendiam o direito do Brasil em explorar e refinar exclusivamente o petróleo nacional e os “entreguistas” ou “internacionalistas”, que defendiam a abertura desta exploração ao capital estrangeiro. Sendo um presidente de caráter nacionalista, Getúlio Vargas conseguiu na época, mobilizar boa parte do quadro político e da sociedade, que acabaram por aderir a campanha “O Petróleo é nosso!”. Sendo assim, em 1953 com a justificativa de desenvolver industrialmente e alargar a rede de infraestrutura energética nacional, o governo brasileiro criou a Petrobras, empresa estatal que deteria o direito exclusivo de extração e refino do petróleo encontrado em território brasileiro. É importante acrescentar que o discurso da campanha “O petróleo é nosso”, também era sustentado pela possibilidade de geração de emprego, pelo aumento da arrecadação tributária que seria destinada a setores que estão intimamente ligados à qualidade de vida do povo, além de fortalecer a nossa economia, evitando assim, que boa, se não a maior parte dos lucros se destinassem ao investidor estrangeiro.
Na segunda fotografia encontra-se o presidente Lula que governou o país entre os anos de 2002 e 2010. Nela, o então presidente, curiosamente fazendo o mesmo gesto com as mãos (aproximadamente cinquenta anos depois), comemora o sucesso da perfuração e da confirmação da existência de uma das maiores bacias petrolíferas encontradas, o pré-sal. Dentre as diversas discussões ocorridas acerca do pré-sal brasileiro, é justamente na campanha presidencial em 2010, que o assunto acerca de quem deve explorar este petróleo vem a tona. A candidata a sucessão do presidente Lula, Dilma Rousseff, e o candidato de oposição José Serra, travaram durante todo o processo eleitoral uma discussão que se assemelhava, ainda que parcialmente, aos embates entre nacionalistas e entreguistas no início dos anos 50. Dilma Rousseff sustentava um discurso de cunho nacionalista, sempre relatando que o petróleo a ser extraído da camada pré-sal, era do povo brasileiro e que o mesmo era como um “bilhete premiado” para o Brasil, não sendo justo a entrega deste para a exploração dos grupos estrangeiros. A linha de pensamento da candidata seguia firme sob as mesmas alegações de geração de emprego e renda, de investimentos nas mais diversas áreas do campo social, econômico e cultural, que acabaria por proporcionar uma melhor qualidade de vida aos brasileiros em si. Acuado e carregando o estigma de um partido privatizador dos bens nacionais, restava ao José Serra se defender, procurando, ainda que titubeando, afirmar que não era a sua intenção privatizar a Petrobras, mas sim fortalecê-la.
Bom... essa temática daria uma ótima discussão em sala de aula, mas que pode se concretizar aqui neste espaço por meio dos comentários. Mas que fique claro que o que quis mostrar aqui, é que a História em si, não se repete, mas nos proporciona legados e/ou marcas que acabam por nos fornecer boas reflexões e discussões que culminarão no estabelecimento de relações entre temporalidades e fatos distintos, justamente por possuírem essencialmente natureza que se aproximam e por que não dizer, que se assemelham.

Forte abraço e saudações históricas!






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