A lenda do complô Maçônico
Não há dúvida de que a Revolução Francesa foi deflagrada em nome dos valores defendidos pelos maçons no fim do século XVIII. A luta contra o despotismo real e a defesa da liberdade eram temas recorrentes nas lojas francesas da época. Há, no entanto, quem acredite que o levante de 1789 teria sido a primeira etapa de um complô mundial orquestrado pelos maçons para destruir todas as religiões. Inúmeros historiadores já demonstraram quão absurda é essa teoria, mas até hoje ela sobrevive entre os amantes de teorias da conspiração.
É interessante acompanhar a história dessa rese. Tudo começou depois da execução de Luís XVI em 1793, quando um livro intitulado Mémoires pour servir l’histoire du Jacobinisme (Memórias a serviço da história do jacobinismo) foi discretamente introduzido na França, vindo de Londres. Segundo o autor da obra, o abade Augustin Barruel, a franco-maçonaria havia organizado um vasto complô contra a monarquia e a Igreja que teria culminado com a revolução Francesa.
Nascido em 1741, Augustin Barruel estudou com os jesuítas e posteriormente se tornou padre. Depois da revolução, foi obrigado a fugir para a Inglaterra. Lá, foi acolhido por um político e advogado londrino. Edmund Burke, que em 1790 publicou um importante estudo sobre as transformações políticas no país vizinho intitulado Reflections on the Revolution in France (Reflexões sobre a revolução Francesa.
Assim, foi de Londres que Barruel escreveu suas Memórias a serviço da história de jacobinismo. Um trecho desse livro resume bem a visão do abade: “Nessa Revolução Francesa tudo foi previsto, meditado, combinado, decidido, estabelecido – até os mais espantosos crimes: tudo foi resultado da mais profunda maldade, pois tudo foi preparado dirigido por homens que tinham como único objetivo as conspirações ha muito urdidas em sociedades secretas, e que espreitaram e souberam esperar pelo momento propício para o complô.
O abade ainda explica que membros de outra sociedade secreta, os Iluminati da Bavária, teriam se infiltrado na maçonaria francesa. Dessa fusão teria nascido uma organização ainda mais secreta, reservada à elite da elite, e no seio dessa “supermaçonaria”, é que a Revolução Francesa havia sido cuidadosamente preparada. Barruel chega a descrever o complô em detalhes. Segundo ele, em 1785 um emissário partiu da Bavária levando às lojas parisienses o plano secreto para desencadear a Revolução.
continua no próximo post…
fonte: revista História Viva. Ano VI. nº 71. texto Philippe Benhamou. Dossiê Maçonaria e Poder.
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