João III de Portugal, o Piedoso

   

Monarca português (1521-1557) nascido em Lisboa, 15º rei de Portugal e sexto da dinastia de Avis, em cujo reinado (1521-1557) deu-se o fortalecimento do poder marítimo dos portugueses no oceano índico, a ocupação da costa brasileira com a criação do sistema de capitanias hereditárias (1534-1536) e o estabelecimento da Inquisição e da Companhia de Jesus em solo português. Assumiu o trono com a morte do pai, D. Manuel I (1521) e casou (1525) com Catarina,, infanta de Espanha e irmã do imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico e rei da Espanha, que por sua vez desposou Isabel, sua irmã. Esses casamentos prepararam o terreno para que Filipe II da Espanha assumisse o trono português (1580). Reprimiu a pirataria francesa, mas manteve-se neutro nas guerras entre a França e Carlos V, a quem comprou os pretensos direitos às Molucas. Embora não muito culto, protegeu as letras e artes e contratar eminentes humanistas para o Colégio das Artes, que fundou em Coimbra. Tentou a valorização e a renovação do ensino nessa universidade promovendo a vinda de ilustrados professores portugueses que lecionavam no estrangeiro, como o humanista André de Gouveia chamado de Bordéus para o Real Colégio das Artes, anexo à universidade. No entanto, quando de sua adesão à Contra-Reforma, o colégio foi entregue aos jesuítas e estes ganharam participação nas atividades educativas.

No entanto, sua limitada visão futurista levou ao fracasso seus propósitos, pois a Santa Inquisição, instaurada no Reino (1536) com a anuência do próprio monarca, aprisionou ou acarretou a expatriação dos mestres de ideologia liberal, não fanáticos. Especialmente no campo da medicina, muito fez pela universidade de Coimbra, onde criou mais duas cadeiras às três já existentes no curso médico. Instituiu a primeira cátedra de anatomia (1556), cujo estudo, baseado no livro de Galeno, De usu partium, passou a ser feito, por pouco tempo, aliás, nos corpos dos justiçados. Criou-se, no ano seguinte, a cadeira de cirurgia, ensinada teoricamente segundo a obra de Guy de Chauliac (1300-1368), médico francês que foi professor em Montpellier. A prática hospitalar, no curso, somente teve início no Hospital Real de Coimbra (1562) por falta de professores. Essa estrutura de ensino médico em Coimbra, permaneceu até a reforma empreendida pelo Marquês de Pombal (1772). Das escolas portuguesa e espanhola vieram os físicos, os licenciados que exerceram a profissão no Brasil até o século XVIII, quando, então, surgiram os primeiros diplomados pelas faculdades francesa e escocesa de Montpellier e Edimburgo. Durante seu reinado começou verdadeiramente a colonização do Brasil, pelo sistema de Capitanias hereditárias. Cabia à coroa o quinto dos metais e pedras preciosas, o monopólio do pau-brasil, das drogas e das especiarias e o de cunhar moeda, além do dízimo de todos os produtos. Aos donatários incumbia defender e colonizar as capitanias com seus próprios recursos. O sistema posteriormente seria abolido (1594), substituído pelo governo geral. O monarca também impulsionou a catequese no novo continente, confiada também, como no Oriente e na Índia, aos padres jesuítas. Embora sua principal preocupação tenha sido defender e conservar os vastos domínios que herdara na África e no Oriente, não impediu um começo de decadência do império português. Com os altos custos do monopólio do comércio com a Índia, houve um progressivo empobrecimento da corte nos últimos anos de seu reinado. Morreu em em Lisboa e como seu único filho legítimo morrera, sucedeu-lhe no trono o neto Sebastião, então com três anos de idade, sob a regência da rainha Catarina.

Figura copiada do site PORTAL DA HISTÓRIA

UFCG

Tweet