"O exemplar mais importante é, hoje, a estela de diorito negro, com 2,25 m de altura, encontrada pela expedição arqueológica francesa de J. de Morgan nas escavações da acrópole da capital elamita, Susa, durante o inverno de 1901-1902 (dezembro-janeiro)". (BOUZOU, 1986, p. 24).
O código ( ver foto) atualmente é dividido em 282 paragráfos, tendo sido 35 ou 40 apagados. Talvez foram os elamitas os responsáveis. Por outro lado do que se dá para entender, neste código escrito em cuneiforme acádico, pode se levantar a questão de que o código é dividido em três partes, o prólogo, a descrição das leis e o epilogo. Sendo neste caso o prólogo e o epilogo sendo promoções do rei, se vangloriando de seus feitos por ter ditado tais leis. Isso leva alguns historiadores a questionar a verdadeira função deste código. Neste caso há alguns que dizem que isso poderia ser uma obra literária e não uma obra jurídica em si, por outro lado, o código, é um dos primeiros a aplicar a Lei do Talião (ius taliones), conhecida pela famosa frase "olho por olho, dente por dente", o qual ratifica a dureza da aplicação das punições postas pelas leis ditadas no código.
"O "Código de Hammurabi não é certamente, um livro de leis válido para todo o país, que todo juíz devia consultar e seguir em suas sentenças. Mas o seu valor moral é inestimável". (BOUZOU, 1986, p. 28).
A respeito da divisão das leis aqui postas, de acordo com Emanuel Bouzon, ele classificou o código da seguinte forma:
- 1-5: Determinam as penas a ser impostas em alguns delitos praticados durante um processo judicial.
- 6-126; Regulam o direito patrimonial.
- 127-195; Regulam o direito da familia, filiação e heranças.
- 196-214: Determinam penas para lesões de penas corporais.
- 215-240: Regulam os direitos de obrigações de algumas classes de profissionais.
- 241-277: Regulam preços e salários.
- 278-282: Contêm leis adicionais sobre propriedade de escravos.
Há alguns fatos curiosos neste conjunto de leis. Os escravos, chamados de wardum em acádio, poderiam se casar com pessoas de status livre awilum. Nesse caso, a população de escravos eram bem diminuta, basicamente os awilum compunham a sociedade, indo desde o rei, aos sacerdotes, militares, comerciantes, camponeses, etc. Um escravo ou escrava quando se casasse com uma pessoa livre, se tornaria livre, e seus filhos não seriam escravos. Por outro lado, o código também aponta uma grande influência do senhor sobre seu escravo, o qual tinha o direito de castigar o seu escravo quando este o desobedecesse, insultasse, ou cometesse outro grave delito.
A sociedade não era dividida em classes sociais bem definidas, por isso que no código não há referências as classes em si. As terras eram do rei, porém poderiam ser doadas, e se tornarem particulares. O comércio era grande e bem desenvolvido, tendo sido praticado com vários povos do Oriente.
"A economia babilônica era essencialmente agrícola; mas ao lado da agricultura, a criação de animais e a pesca eram também fatores de produção importantes. No período babilônico antigo, a indústria babilônica de perfumes, cremes de beleza, bijuterias e artesanato era, também muito conhecida e apreciada pelos povos vizinhos". (BOUZON, 1986, p. 37).
Os sacerdotes cuidavam das questões religiosas e administrativas do Estado, já que em sua maioria os escribas eram sacerdotes ou ligados ao culto de alguma divindade. Além disso, o casamento era feito mediante a escolha do noivo pelo pai da noiva e pelo pagamento de um dote, geralmente pago em uma quantia em prata, chamada de terhatum. A poligamia não era proibida, porém os filhos da primeira mulher eram os mais beneficiados, por isso as leis a respeito da herança.