Guerra dos Mascates
História do Brasil e do Mundo

Guerra dos Mascates


A Guerra dos Mascates que se registrou de 1710 a 1711 na então Capitania de Pernambuco, é considerada como um movimento nativista pela historiografia em História do Brasil.

Confrontaram-se os senhores de terras e de engenhos pernambucanos, concentrados em Olinda, e os comerciantes reinóis (portugueses da Metrópole) do Recife, chamados pejorativamente de mascates. Quando houve as sedições entre os mascates europeus do Recife e a aristocracia rural de Olinda, os sectários dos mascates se apelidavam tundacumbe, cipós e camarões, e os nobres e seus sectários, pés rapados - porque quando haviam de tomar as armas, se punham logo descalços e à ligeira, para com menos embaraços as manejarem, e assim eram conhecidos como destros nelas, e muito valorosos, pelo que na história de Pernambuco, a alcunha de pés rapados é sinônimo de nobreza.

História:

Causas:

Após a expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil, a economia da região, dependente da agro-manufatura do açúcar, sem capitais para investimento em lavouras, equipamentos e mão-de-obra(escrava), e face ao declínio dos preços do produto no mercado internacional, devido à concorrência do similar produzido nas Antilhas, entrou em crise.

Dependentes economicamente dos comerciantes portugueses, junto a quem contraíram dívidas agravadas pela queda internacional dos preços do açúcar, os latifundiários pernambucanos não aceitaram a emancipação político-administrativa do Recife, até então uma comarca subordinada a Olinda. A emancipação de Recife foi percebida como uma agravante da situação dos latifundiários locais (devedores) diante da burguesia lusitana (credora), que por esse mecanismo passava a se colocar em patamar de igualdade política.

A concorrência afetou os grandes ricos senhores de engenho de Olinda, que entraram em decadência como não obtinham mais os lucros com a produção açucareira, não tinham capital para saldar suas dívidas. Em busca de uma saída, os senhores de engenho foram pedir dinheiro emprestado. Naquela época os comerciantes portugueses chamados de mascates, ocupavam a cidade de Recife e possuíam dinheiro para emprestar aos senhores de Olinda, porém cobravam juros altíssimos pelos empréstimos, ocasionado o endividamento cada vez maior dos olindeses.

Até o final do século XVII, Olinda era a principal cidade de Pernambuco, onde moravam ricos senhores de engenhos, que pensavam que sua fortuna jamais acabaria. Mas isso aconteceu, por uma guerra de preços do açúcar no mercado europeu, e os senhores de engenho de Olinda começaram a pedir dinheiro emprestado aos comerciantes de Recife, mero povoado. Aos poucos, foram surgindo ódio e conflitos. Conscientes de sua importância, os comerciantes pediram ao rei de Portugal que o povoado fosse elevado a vila. Quando estava sendo concretizada a separação entre as duas cidades, em 1710, os senhores de Olinda se revoltaram, tendo como um dos chefes o proprietário de engenho Bernardo Vieira de Melo. Sem condição de resistir, os comerciantes mais ricos de Recife fugiram para não serem capturados. A metrópole interveio na região, em 1711, prendendo os líderes da rebelião. Recife foi elevada a condição de capital de Pernambuco.

Após a vitória dos mascates, comerciantes percebem o predomínio do comércio em relação à produção colonial que já ocorria já que os senhores de Olinda pegavam dinheiro emprestado a juros com os mascates para conseguirem manter seu sistema colonial.

O movimento:

Em fevereiro de 1710, pouco após receber a Carta Régia que elevou o povoado à condição de vila, os comerciantes inauguraram o Pelourinho e o prédio da Câmara Municipal, separando formalmente o Recife de Olinda, a sede da capitania.

Tendo os membros da aristocracia rural abandonado Olinda para se refugiar nos engenhos onde viviam, as hostilidades iniciaram-se em Vitória de Santo Antão, lideradas pelo seu Capitão-mor, Pedro Ribeiro da Silva. Estas forças, engrossadas em Afogados com reforços oriundos de São Lourenço e de Olinda, sob a liderança deBernardo Vieira de Melo e de seu pai, o coronel Leonardo Bezerra Cavalcanti, invadiram o Recife, demolindo o Pelourinho, rasgando o Foral régio, libertando os presos e perseguindo pessoas ligadas ao governadorSebastião de Castro Caldas Barbosa (mascates). Este, por sua vez, visando garantir a sua segurança, retirou-se para a Bahia, deixando o governo da capitania a cargo do bispo Manuel Álvares da Costa.

Os mascates contra-atacaram em 1711, invadindo Olinda e provocando incêndios e destruição em vilas e engenhos na região.

A nomeação de um novo governador, Felix José de Mendonça, depois da retirada forçada para a Bahia de Sebastião de Castro Caldas que tinha levado um tiro, e a atuação de tropas mandadas de lá puseram fim à guerra. A burguesia mercantil recebeu o apoio da metrópole, e o Recife manteve a sua autonomia.

No século XIX, escreveria Frei Caneca a esse respeito: « Quando a pátria careceu dos braços e sangue de seus filhos, ao lado dos pardos não lhe deram seus braços e sangue os brancos e os pretos? Quando aqueles lavaram de suas lágrimas os ferros do despotismo, não correram também a fio as lágrimas destes? Antes os brancos tem padecido mais do que os outros pernambucanos nas maiores tempestades de Pernambuco. Nas sedições do século passado, entrando todos na refrega, somente sobre os brancos vieram os flagelos e os raios; as masmorras foram cheias das pessoas mais respeitáveis de Pernambuco; outros amontoaram-se aos mais embrenhados matos e longínquos sertões; e viram-se carregados de ferros e remetidos para Portugal o coronel Leonardo Bezerra Cavalcanti e seus dois filhos, o major Bernardo Vieira de Melo, com um filho (André) e seu irmão, o comissário geral Manuel Cavalcanti Bezerra, o capitão André Dias de Figueiredo e seu irmão tenente-coronel, o licenciado José Tavares de Holanda, o capitão João de Barros Correia, o capitão Cosme Bezerra Cavalcanti e outros.(Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, Coleção Formadores do Brasil, 1994, página 283)

O sentimento autonomista e antilusitano dos pernambucanos, que vinha desde a luta contra os holandeses, continuou a manifestar-se em outros conflitos, como a Conspiração dos Suassunas, a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador.

O fim do conflito:

Depois de muita luta, que contou com a intervenção das autoridades coloniais, finalmente em 1711 o fato se consumou: Recife foi equiparada a Olinda. Assim terminou a Guerra dos Mascates.

Com a vitória dos comerciantes, essa guerra apenas reafirmava o predomínio do capital mercantil (comércio) sobre a produção colonial.

Um mascate e seu escravo, 1822.jpg
O mascate e seu escravo, de Henry Chamberlain.

 

Conflitos na História do Brasil
- Período Colonial -

Movimentos Nativistas

Aclamação de Amador Bueno: 1641

Revolta da Cachaça: 1660-1661

Conjuração de "Nosso Pai": 1666

Revolta de Beckman: 1684

Guerra dos Emboabas: 1708-1709

Revolta do Sal: 1710

Guerra dos Mascates: 1710-1711

Motins do Maneta: 1711

Revolta de Filipe dos Santos: 1720

Movimentos Emancipacionistas

Conjuração Mineira: 1789

Conjuração Carioca: 1794

Conjuração Baiana: 1798

Conspiração dos Suaçunas: 1801

Revolução Pernambucana: 1817

Guerras indígenas

Confederação dos Tamoios: 1555-1567

Guerra dos Aimorés: 1555-1673

Guerra dos Potiguares: 1586-1599

Levante dos Tupinambás: 1617-1621

Confederação dos Cariris: 1686-1692

Revolta de Mandu Ladino : 1712-1719

Guerra dos Manaus: 1723-1728

Resistência Guaicuru: 1725-1744

Guerrilha dos Muras: todo o século XVIII

Guerra Guaranítica: 1753-1756

 

Wikipédia





- A Guerra Dos Mascates: Pernambuco – 1710.
Pernambuco se transformou em um palco de guerra entre as suas duas principais cidades, Olinda e Recife. O conflito teve características motivadoras de cunho político e econômico. Economicamente havia uma forte dependência dos recifenhos - grandes...

- Movimentos Econômico-nativistas
Caracterização Nativismo é o sentimento de apego (amor) a terra EM QUE NASCEU. Os movimentos nativistas expressam o descontentamento dos colonos frente a problemas econômicos locais. Estes movimentos, liberados pela aristocracia rural brasileira (proprietários...

- Revoltas No Brasil ColÔnia
A Revolta de Beckman Ano: 1684 Local: Maranhão – São Luís Causa e Objetivo: A Companhia do Comércio do Maranhão não estava agradando os colonos: eles traziam um número insuficiente de escravos e cobravam caro por eles. Também adulteravam preços...

- Conspiração Dos Suassunas
Muitas revoltas tornavam claras as insatisfações dos colonos contra os desmandos de Portugal. Havia também a divulgação das idéias liberais, importantes para aprofundar a crise do sistema colonial. Nesse contexto, a Conspiração dos Suassunas...

- A Guerra Dos Mascates
A guerra dosmascates A Guerra dos Mascates foi um movimento de caráter regionalista cujos principais fatores foram:·         decadência da atividade agroindustrial açucareira em virtude da concorrência internacional;·        ...



História do Brasil e do Mundo








.