Apesar de o humor ser largamente estudado, teorizado e discutido por filósofos e outros, permanece extraordinariamente difícil de definir, quer na sua vertente psicológica quer na sua expressão, como forma de arte e de pensamento.
Na verdade, o que é que o distingue de tantos outros aspectos do cómico, como a ironia ou a sátira?
A ironia é uma simulação subtil de dizer uma coisa por outra. A ironia não pretende ser aceite, mas compreendida e interpretada. Para Sócrates, a ironia é uma espécie de docta ignorantia, ou seja, ignorância fingida que questiona sabendo a resposta e orientando-a para o que quer que esta seja.
Em Aristóteles e S. Tomás de Aquino, a ironia não passa de uma forma de obtenção de benevolência alheia pelo fingimento de falta de méritos próprios.
A partir de Kant, assentando na ideia idealista, a ironia passa a ser considerada alguma coisa aparente, que como tal se impõe ao homem vulgar ou distraído.
Corrosiva e implacável, a sátira é utilizada por aqueles que demonstram a sua capacidade de indignação, de forma divertida, para fulminar abusos, castigar, rindo, os costumes, denunciar determinados defeitos, melhorar situações aberrantes, vingar injustiças. Umas vezes é brutal, outras mais subtil.
O humor é determinado essencialmente pela personalidade de quem ri. Por isso, pode-se pensar que o humor não ultrapassa o campo do jogo ou os limites imediatos da sanção moral ou social, mas este pode subir mais alto e atingir os domínios da compreensão filosófica, logo que o emissor penetre em regiões mais profundas, no que há de íntimo na natureza humana, no mistério do psíquico, na complexidade da consciência, no significado espiritual do mundo que o rodeia.
Pode-se, assim, concluir que o humor é a mais subjetiva categoria do cómico e a mais individual, pela coragem e elevação que pressupõe.
Logo, o que o distingue das restantes formas do cómico é a sua independência em relação à dialéctica e a ausência de qualquer função social. Trata-se, portanto, de uma categoria intrinsecamente enraizada na personalidade, fazendo parte dela e definindo-a até.
Fonte: tendanonstop.blogspot.com
Nada mais humorístico do que o próprio humor, quando pretende definir-se (Friedrich Hebbel).
Definir o humor é como pretender pregar a asa de uma borboleta usando como alfinete um poste de telégrafo (Enrique Jardiel Poncela).
Humor é a maneira imprevisível, certa e filosófica de ver as coisas (Monteiro Lobato).
O humorismo é o inverso da ironia (Bergson).
O humorismo é o único momento sério e sobretudo sincero da nossa quotidiana mentira (G. D. Leoni).
O humor é o açúcar da vida. Mas quanta sacarina na praça! (Trilussa).
O humor é o único meio de não sermos tomados a sério, mesmo quando dizemos coisas sérias: que é o ideal do escritor (M. Bontempelli).
O humor compreende também o mau humor. O mau humor é que não compreende nada (Millôr Fernandes).
O espírito ri das coisas. O humor ri com elas (Carlyle).
A fonte secreta do humor não é a alegria, mas a mágoa, a aflição, o sofrimento. Não há humor no céu (Mark Twain).
O humor é uma caricatura da tristeza (Pierre Daninos).
O humor é a vitória de quem não quer concorrer (Millôr Fernandes).
A própria essência do humor é a completa, a absoluta ausência do espírito moralizador. Interessa-lhe pouco a pregação doutrinal e a edificação pedagógica. O humor não castiga, não ensina, não edifica, não doutrina (Sud Menucci).
O humorismo é dom do coração e não do espírito (L. Boerne).
O humorismo é a arte de virar no avesso, repentinamente, o manto da aparência para por à mostra o forro da verdade (L. Folgore).
O humor tem não só algo de liberador, análogo nisso ao espirituoso e ao cômico, mas também algo de sublime e elevado (Freud).
Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. Há duas espécies de humorismo: o trágico e o cômico. O trágico é o que não consegue fazer rir; o cômico é o que é verdadeiramente trágico para se fazer (Leon Eliachar).(*)
O humorismo é a quintessência da seriedade (Millôr Fernandes).
O humorista é um forte bom, vencido, mas sobranceiro à derrota (Alcides Maia).
O humor é a polidez do desespero (Chris Marker).
(*) Definição laureada com o primeiro prêmio ("PALMA DE OURO") na IX Exposição Internacional de Humorismo realizada na Europa Bordighera, Itália, 1956.
Fonte: www.releituras.com