História do Brasil e do Mundo
Dom Pedro IV de Portugal, o Pedro I do Brasil com nome de batismo
Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon
(1798 - 1834)
Primeiro imperador brasileiro nascido na sala D. Quixote do palácio de Queluz, próximo a Lisboa, herdeiro da coroa portuguesa que desafiou a corte de Lisboa ao proclamar a independência do Brasil e tornar-se seu primeiro monarca. Era o quarto filho de
dom João VI, então príncipe regente, e da infanta
Carlota Joaquina, filha de
Carlos IV da Espanha. Segundo na linha sucessória, tornou-se herdeiro do trono e o título de príncipe da Beira (1801), com a morte do irmão mais velho. Educado por preceptores religiosos (seus primeiros mestres foram o Dr.
José Monteiro da Rocha, ex-jesuíta, e frei
Antônio de Nossa Senhora da Salete), dedicava-se mais à equitação e atividades físicas do que aos estudos. Depois da mudança da família real para o Brasil (1807), frei
Antônio de Arrábida tornou-se seu principal preceptor, porém o príncipe, continuou avesso aos estudos e preferia a vida solta no paço de São Cristóvão e na fazenda de Santa Cruz. Em março (1816), com a elevação de seu pai a rei de Portugal, recebeu o título de príncipe real e herdeiro do trono em virtude da morte do irmão mais velho,
Antônio (1801). No mesmo ano casou-se com
Carolina Josefa Leopoldina, arquiduquesa da Áustria. Com fama de aventureiro e boêmio, teve 13 filhos reconhecidos e mais cinco naturais: sete com a primeira esposa, a arquiduquesa
Leopoldina, da qual enviuvou (1826); uma filha com a segunda esposa, a duquesa alemã
Amélia Augusta; cinco com a amante brasileira
Domitila de Castro,
a marquesa de Santos; e mais cinco com diferentes mulheres, inclusive com uma irmã de Domitila, Maria Benedita Bonfim, baronesa de Sorocaba (1), com uma uruguaia María del Carmen García (1), com duas francesas Noémi Thierry (1) e Clémence Saisset (1) e com uma monja portuguesa Ana Augusta (1). Príncipe do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, após a volta do rei a Portugal (1821), foi nomeado príncipe-regente do Reino do Brasil. Ao irromper a revolução constitucionalista (1820), no Porto, identificou-se abertamente com a causa liberal. No ano seguinte, foi pressionado pelas cortes de Lisboa a também regressar, mas resistiu, criando o famoso Dia do Fico (09/01/1822). Com a popularidade cada vez mais em alta, quando ia de Santos para a capital paulista, recebeu uma correspondência de Portugal, comunicando que fora rebaixado da condição de regente a mero delegado das cortes de Lisboa. Revoltado, ali mesmo, junto ao riacho do Ipiranga, o herdeiro de D. João VI, resolveu romper definitivamente contra a autoridade paterna e declarou a independência do Império do Brasil, proferindo o grito de independência ou morte, rompendo os últimos vínculos entre Brasil e Portugal. De volta ao Rio de Janeiro, foi proclamado, sagrado e coroado imperador e defensor perpétuo do Brasil. Impulsivo e contraditório, logo abandonou as próprias idéias liberais, dissolveu da Assembléia Constituinte, demitiu José Bonifácio e criou o Conselho de Estado que elaborou a constituição (1824). Em meio a dificuldades financeiras e várias e desgastantes rebeliões localizadas, instalou a Câmara e o Senado vitalício (1826), porém um fato provocou desconforto geral e o seu declínio político no Brasil. Com a morte de D. João VI, decidiu contrariar as restrições da constituição brasileira, que ele próprio aprovara, e assumir, como herdeiro do trono português, o poder em Lisboa como Pedro IV, 27º rei de Portugal. Foi a Portugal e, constitucionalmente não podendo ficar coma as duas coroas, instalou no trono a filha primogênita, Maria da Glória, como Maria II, de sete anos, considerando que ela era portuguesa por ter nascido antes da independência brasileira. Determinou que seu irmão mais novo, Dom Miguel, ficasse a governar na qualidade de regente do reino. Logo a seguir encarregou uma comissão de juristas, orientada por um inglês, de elaborar uma nova Carta Constitucional destinada a Portugal, tendo executado a tarefa em curtas semanas, que, apesar da sua origem espúria, foi considerada a mais perfeita constituição portuguesa e vigorou por mais de oitenta anos. Porém sua indecisão entre o Brasil e Portugal contribuiu para minar a popularidade e, somando-se a isto o fracasso militar na guerra cisplatina (1825-1827), os constantes atritos com a assembléia, o seu relacionamento extraconjugal (1822-1829) com Domitila de Castro Canto e Melo, a quem fez viscondessa e depois marquesa de Santos, o constante declínio de seu prestígio e a crise provocada pela dissolução do gabinete, após quase nove anos como Imperador do Brasil, abdicou do trono em favor de seu filho Pedro (1830) então com cinco anos de idade. Voltando a Portugal, com o título de duque de Bragança, assumiu a liderança da luta para restituir à filha Maria da Glória o trono português, que havia sido usurpado pelo irmão, Dom Miguel, travando uma guerra civil que durou mais de dois anos (1832-1834). Inicialmente preparou um exército na Inglaterra, concentrou-o nos Açores, desembarcou ao norte do Porto (1832) e deu início a uma guerra civil que só terminou com a derrota do irmão usurpador D.Miguel, e restaurando o absolutismo. Logo que findou a guerra, tomou uma importante e injusta decisão política: a expulsão das ordens religiosas, em boa parte favoráveis a seu irmão. Porém voltara tuberculoso da campanha e morreu no mesmo ano, no Palácio Real de Queluz, na mesma sala onde nascera, com apenas 36 anos de idade, e foi sepultado no panteão de São Vicente de Fora como simples general, e não como rei. Cognominado por alguns de o Liberalista, para Portugal foi apenas um rei especulativo, pois não chegou a governar, embora tenha tido uma enorme influência na história daquele país. No sesquicentenário da independência do Brasil (1972), seus restos mortais foram trazidos para a cripta do monumento do Ipiranga, em São Paulo. Sabe-se, ainda, que o Imperador teve formação musical bastante esmerada, tendo sido aluno de mestres como o Padre José Maurício Nunes Garcia, Marcos Portugal e Sigismund Neukomm. Tocava clarineta, fagote e violoncelo. Dele se conhece uma Abertura, executada no Teatro Italiano de Paris (1832), um Credo, um Te Deum, o Hino da Carta, adotado posteriormente como Hino Nacional Português (até 1910), e o Hino da Independência do Brasil. É possível que sua produção tenha sido mais vasta. É o Patrono da Cadeira n. 8 da Academia Brasileira de Música.
Figura copiada do site ROYALTY GUIDE UFCG
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