História do Brasil e do Mundo
Como os EUA 'ajudaram' na criação do 'Estado Islâmico'.
Da BBC Mundo.
Em abril de 2003, quando os americanos assumiram o controle do campo de detenção, ele foi rebatizado para homenagear Ronald Bucca, bombeiro em NY
Um dos grupos extremistas mais poderosos da atualidade, o autointitulado 'Estado Islâmico', nasceu em um lugar surpreendente: uma prisão americana no deserto do Iraque.
Isto segundo analistas e comandantes que instalaram a prisão de Camp Bucca, no sul do Iraque, e os soldados que trabalharam no local.
Camp Bucca não era o nome original da prisão. Logo depois da invasão do Iraque, a instalação foi batizada de Camp Freddy pelas forças britânicas.
Mas, em abril de 2003, quando os americanos assumiram o controle do campo de detenção, ele foi rebatizado para homenagear Ronald Bucca, um chefe de bombeiros de Nova York que morreu durante os trabalhos de resgate após os ataques de 11 de setembro de 2001 contra as torres do World Trade Center.
O centro de detenção fica nos arredores da cidade de Basra, sul do Iraque, e foi considerado uma prisão modelo, com unidades habitacionais de cimento e teto de madeira, atividades gerenciadas pelos próprios detentos, direito a visita familiar e assistência médica.
Leia mais: Estado Islâmico fatura vendendo relíquias a colecionadores ocidentais, dizem especialistas
Camp Bucca chegou a ter 27 mil detentos espalhados em 24 campos e classificados com uniformes de cores diferentes. Muitos destes detentos foram para a prisão transferidos de Abu Ghraib, depois do escândalo de torturas e abuso de prisioneiros.
Em Camp Bucca os detentos tinham direito a visita familiares e gerenciavam as próprias atividades
Por esta prisão passaram, entre outros, nove integrantes da cúpula do 'Estado Islâmico', segundo um relatório do Soufan Group, uma organização que oferece serviços estratégicos de inteligência em segurança a governos e multinacionais. O informe, chamado The Islamic State, foi publicado em novembro de 2014.
'Universidade'
O líder do 'Estado Islâmico', Abu Bakr al-Baghdadi, que afirma ser o califa e "líder de todos os muçulmanos", passou cinco anos em Camp Bucca.
Em fevereiro de 2004 al-Baghdadi estava em uma prisão em Fallujah, a oeste da capital iraquiana, Bagdá, quando foi transferido para o complexo no deserto.
Ele estava com 33 anos e há alguns meses tinha ajudado a fundar o Jeish Ahl al-Sunnah al-Jamaah, um grupo militante com raízes nas comunidades sunitas nos arredores de sua cidade natal, Samarra.
Aqueles eram os tempos da insurgência sunita contra os Estados Unidos.
Leia mais: Como o Estado Islâmico atrai mulheres ocidentais
Mas, o grupo que ele ajudou a fundar não era muito conhecido e, por isso, ele chegou a Camp Bucca sem muita fama.
"Os americanos não sabiam quem estavam prendendo", disse Hisham al-Hashimi, assessor do atual governo do Iraque.
O local chegou a ter 27 mil detentos espalhados por 24 campos e classificados com uniformes de cores diferentes, dependendo de seu status
Em Camp Bucca, al-Baghdadi conheceu aquele que seria o número dois na cúpula de poder do 'Estado Islâmico', Abu Muslim al-Turkmani, assim como o experiente militar Haji Bakr, já falecido.
E, de acordo com o Soufan Group, também esteve na prisão Abu Qasim, líder dos combatentes estrangeiros.
Para analistas, Camp Bucca apenas aprofundou o extremismo entre eles.
"Antes de sua prisão, al-Baghdadi e outros eram radicais violentos (...), mas seu tempo na prisão aprofundou seu extremismo e deu a eles a oportunidade de aumentar o número de seguidores", afirmou o ex-militar Andrew Thompson ao jornal The New York Times em novembro de 2014.
"A prisão se transformou em uma universidade virtual de terroristas", acrescentou.
Leia mais: No Iraque, valas com até 1,7 mil corpos mostram horror do 'Estado Islâmico'
David Petraeus, general que liderou a operação americana no Iraque, já tinha reconhecido este fato quase com as mesmas palavras.
Pelas instalações de Camp Bucca passaram, entre outros, nove membros da cúpula do EI, segundo o relatório do Soufan Group
"Estes extremistas estavam, basicamente, gerenciando uma universidade para treinar terroristas em nossas próprias instalações. Estávamos liberando indivíduos que eram mais radicais do que quando chegaram (a Camp Bucca)", afirmou.
Radicalização
O chefe da polícia iraquiana, Saad Abbas Mahmoud, também se referiu à radicalização dentro de Camp Bucca em uma entrevista ao jornal americano The Washington Post.
"Estes homens não estavam plantando flores no jardim."
James Skylar Gerrond, comandante encarregado da prisão entre 2006 e 2007, tem esta mesma opinião.
"Muitos de nós em Camp Bucca nos preocupávamos que, ao invés de apenas alojar os detidos, também tínhamos criado uma panela de pressão do extremismo", escreveu Gerrond em sua conta no Twitter.
Alguns militares que trabalharam em Camp Bucca afirmam que temiam que o local fosse um campo fértil para a radicalização
Os analistas também afirmam que Camp Bucca não foi apenas um lugar para a radicalização, mas também para a colaboração.
Foi naquela prisão que os membros do Baath, o partido do ex-líder iraquiano Saddam Hussein, se encontraram com os fundamentalistas islâmicos. E isto acabou em um "casamento de conveniência", segundo o Soufan Group.
Leia mais: Militantes do Estado Islâmico 'sequestram' rede social criada polonesa
Os analistas afirmam que cada grupo ofereceu o que o outro precisava. Assim, os jihadistas aprenderam com os membros do Baath habilidades para se organizar e disciplina militar. E os baathistas, por outro lado, encontraram um propósito entre os militantes islamistas.
Na prisão iraquiana se encontraram membros do partido Baath e fundamentalistas islâmicos
"Em Bucca, as matemáticas mudaram quando as ideologias adotaram traços militares e burocráticos e os burocratas se transformaram em extremistas violentos", afirmou o relatório do Soufan Group.
De acordo com o jornalista da BBC Peter Taylor, que tem 35 anos em assuntos como insurgência e violência política, conhecer estes fatos é fundamental para entender o fenômeno que é o 'Estado Islâmico'.
O EI é um grupo que, em poucos meses, levantou uma fortuna calculada em US$ 2 bilhões, controla grandes áreas na Síria e Iraque, onde vivem cerca de 8 milhões de pessoas, conta com cerca de 50 mil combatentes, usa com muita habilidade as redes sociais para fazer propaganda e, conseguiu levar cerca de 12 mil militantes estrangeiros a prometerem fazer parte da Jihad.
Fonte: BBC Brasil.
-
Tensões No Oriente Médio.
Fala rapaziada! Dando continuidade com temas de atualidades vou falar hoje sobre as tensões que estão ocorrendo no Oriente Médio e que estão “fervendo” cada vez mais, principalmente após os protestos da Primavera Árabe e a saída dos Estados...
-
Historiadores Revelam Que O Estado Islâmico Foi Criado Pelos Estados Unidos
Para os historiadores, o anuncio de Barack Obama de combater o terrorismo é apenas um jogo para enganar, jogo no qual fazem a muito tempo e levam até hoje Por Redação A criação do Estado Islâmico por parte dos Estados Unidos, passou...
-
Estado Islâmico.
Olá, a Academia Virtual de História traz um pouco mais sobre o Estado Islâmico. O nome "Estado Islâmico" passou a aparecer com frequência nos noticiários de todo o mundo, após o grupo iniciar uma ofensiva no Iraque e tomar cidades importantes...
-
A Formação Do Estado Islâmico E Seus Princípios.
Dueto Acadêmico: "Estado Islâmico: um Estado para o Islã?" Olá, A Academia Virtual de História traz um Dueto Acadêmico que discute o "Estado Islâmica: um Estado para o Islã? Esse Dueto busca abrir uma discussão ampla sobre esse grupo que...
-
Estado Islâmico – Grupo Terrorista.
Por Me. Cláudio FernandesEm 29 de agosto de 2014, o grupo terrorista sunita Estado Islâmico – que já foi denominado também como Estado Islâmico no Iraque e na Síria (EIIS) e Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) –...
História do Brasil e do Mundo