Classe Trabalhadora no Brasil
História do Brasil e do Mundo

Classe Trabalhadora no Brasil


A classe trabalhadora no Brasil sob o impacto da Revolução Russa de 1917

Entre 1917 e 1919, assistiu-se à irrupção das lutas e das greves da classe trabalhadora

Classe Trabalhadora no Brasil
Classe Trabalhadora

No início dos anos 1920, o espectro da Revolução Russa de 1917 exalava os odores dos novos tempos que começavam a se construir num distante e atrasado país entre a Europa e a Ásia. Nunca, em nenhum momento da história, a humanidade tinha presenciado feito tão extraordinário e espetacular, quando milhares de pessoas, cansadas do cotidiano massacre intensificado pela Grande Guerra (1914-1918), saíram às ruas e disseram que as coisas não podiam continuar como até então, e quando os de baixo disseram que não queriam, os de cima perceberam que não podiam continuar dominando. Liderada pelos bolcheviques, aquela massa humana promoveu a primeira grande revolução operária e socialista da história. Pela primeira vez, as massas exploradas triunfaram.

A importância da Revolução Russa de 1917, especialmente da Revolução de Outubro, pode ser identificada não apenas pelo conteúdo das transformações realizadas na Rússia semifeudal, mas principalmente pela inspiração que elevou a classe trabalhadora ao protagonismo das lutas políticas em diversos países. Ao varrer do mapa o czarismo e junto com ele a burguesia inepta, a Revolução de Outubro abrigou em seu interior profundos significados que inspiraram as organizações operárias que atuaram na vaga revolucionária aberta naqueles anos. Em que pese as condições objetivas favoráveis e a esperança das principais lideranças revolucionárias na vitória da revolução mundial, esta não vingou. Contribuíram para o fato, a articulação das forças da contra-revolução, que marchavam ao lado da revolução, e a traição da social-democracia, especialmente na Alemanha, onde compunha o governo burguês e tinha ajudado a liquidar as principais lideranças revolucionárias abrigadas na Liga Espartaquista, como Rosa Luxemburgo e Karl Liebcknecht. Com efeito, Lenin e Trotsky, os mais importantes líderes bolcheviques (agora chamados de comunistas), reunidos no III Congresso da Internacional Comunista, em 1921, avaliaram os aspectos parciais da derrota e exortaram os Partidos Comunistas que se haviam criado em diversos países, influenciados pelo sucesso da experiência soviética, a formarem a Frente Única Proletária para "avançar na direção das grandes lutas se armando para os novos combates". A consigna definitiva daquele importante congresso foi "às massas".

Os ventos da Revolução chegam ao Brasil

No Brasil do primeiro quartel do século XX, a influência da Revolução Russa não tardaria a chegar, pois o país vivenciava um substancial incremento industrial provocado, sobretudo, pela onda de expansão capitalista dos fins do século XIX e pela necessidade de se substituir importações em virtude da inversão dos fluxos de mercadorias. Assistiu-se nesse período a um vigoroso aumento da produção industrial que trouxe consigo o crescimento da massa de trabalhadores urbanos. Mas o desenvolvimento industrial não produziu a distribuição da riqueza nem melhorias na vida do proletariado industrial formado por migrantes que partiam do campo para as cidades. Pelo contrário, as condições de existência nos centros urbanos eram extremamente degradadas para a classe operária, com os trabalhadores cumprindo uma carga horária excessiva, em indústrias insalubres e doentias. Tal situação não poderia provocar outra coisa senão a organização de sindicatos e associações e a realização de inúmeras greves pelo país.

Foi entre 1917 e 1919 que as autoridades oligárquicas brasileiras assistiram ao auge das lutas e da vaga grevista após a entrada em cena da classe trabalhadora assalariada, composta de imigrantes europeus e uma imensa maioria de brasileiros negro-mestiços. Mas foi no simbólico ano de 1917 que a vaga grevista atingiu o seu ponto máximo. Dentre as principais reivindicações dos operários brasileiros naqueles anos, constavam a redução da jornada de trabalho, melhores condições de vida, aumento de salários, fim do trabalho infantil e equiparação dos salários de homens e mulheres, entre outras específicas.

É fundado o Partido Comunista do Brasil

É verdade que as greves que tiveram lugar no Brasil entre 1917-19 inauguraram uma nova era do trabalho no Brasil. É também importante salientar que muitas das reivindicações foram conquistadas contra todas as dificuldades e resistências dos patrões e a classe operária brasileira pôde consolidar suas lideranças nascidas das correntes do chamado "sindicalismo revolucionário" ("anarco-sindicalismo") ou reformista ("amarelo"). Apesar disso, o movimento operário brasileiro ainda não tinha forjado seus partidos de alcance nacional, sendo quase todos eles organizações locais e de vida efêmera, e muito em função dessa fragilidade organizativa, os trabalhadores não conseguiram produzir conquistas duradouras. Foi somente em 1922, sob a influência da Revolução Russa e do surgimento da Internacional Comunista, em 1919, que uma parcela bastante minoritária do movimento operário brasileiro se dedicou à construção de um partido político sólido, nacional e centralizado. Em março de 1922, nas cidades de Niterói e do Rio de Janeiro e, quando se reuniram nove delegados, representando 73 integrantes espalhados pelo Brasil, foi fundado o Partido Comunista do Brasil (PCB). Muito embora esta não fosse a primeira tentativa da classe operária de criar um Partido Comunista, era a primeira vez que a experiência se apresentava como uma grande articulação nacional e com alguma clareza ideológica.

Enfim, a classe operária brasileira forjava um partido leninista, organização muito superior às experiências sindicais e anarquistas anteriores. Mas os descaminhos e a burocratização do movimento comunista internacional produziram também a degeneração do PCB, que levou a inúmeras baixas, tendo a primeira delas ocorrido em 1928. Assim, quando o alfaiate Joaquim Barbosa, fundador do Partido, saiu do PCB e levou consigo 40 sindicalistas, os movimentos operário e socialista brasileiros conheceram a sua primeira grande cisão, também diferente das cisões anteriores pelo conteúdo de crítica à degeneração e aos desvios do stalinismo. É verdade que outras tantas cisões ocorreriam no PCB nos anos seguintes, entretanto, essa dissidência tem uma característica específica, pois esteve relacionada também ao aspecto geral da luta internacional que Trotsky travava contra a burocratização do Partido Comunista da URSS. Seria este grupo dissidente que em inícios dos anos 30 viria a formar a Liga Comunista Internacionalista, a primeira organização trotskista brasileira. Daquele momento em diante, o movimento comunista internacional seguiria duas trajetórias distintas, entre a teoria stalinista do "socialismo num só país" e a defesa de Trotsky do internacionalismo proletário e da Revolução Permanente. Mas esse percurso já é uma outra história.

Carlos Zacarias F. de Sena Júnior

Fonte: www.culturabrasil.pro.br

 

Adeus à Classe Trabalhadora

Um terço da força de trabalho mundial está sem emprego. Mas não vive em "cabanas eletrônicas", não está no "setor de serviços" nem se dedica, aparentemente, ao ócio criativo...

Existe uma e só uma tese econômica ou histórica em que se baseia todo o edifício ideológico liberal-conservador dos anos 1990. A mesma que depois se transformou na pedra angular da "terceira-via" social-democrata.

Para ambos ocorreu, no último quartil do século 20, uma revolução tecnológico-informacional que mudou radicalmente a economia e a sociedade capitalista. Como resultado, a velha economia industrial teria cedido lugar a uma "nova economia", baseada nos serviços, e a uma sociedade onde o trabalho teria perdido sua centralidade. No seu lugar estaria nascendo uma sociedade em que as relações de classe seriam substituídas por redes horizontais e comunicativas, cada vez mais extensas, envolventes e democráticas.

Fim do trabalho ou reestruturação conservadora do capital?

Todas as grandes revoluções tecnológicas que mudaram o rumo e a velocidade da expansão do capitalismo passaram invariavelmente por modificações qualitativas no campo das comunicações. E ninguém pode desconhecer a natureza espetacular da mudança ocorrida - depois de 1970 -- no campo da microeletrônica, dos computadores e da telecomunicação, assim como seu impacto no funcionamento dos mercados financeiros e das "auto-estradas" de informação.

Mas não há nenhuma evidência de que estas modificações tenham alterado as relações sociais e as leis básicas e de longo prazo do sistema capitalista. Hoje, um terço da força de trabalho mundial - algo em torno de um bilhão de pessoas - está sem emprego, mas não vive em "cabanas eletrônicas", não está no "setor de serviços" nem se dedica, aparentemente, ao ócio criativo. Pelo contrário, o que as estatísticas mostram é que esses milhares de desempregados seguem ligados ao mesmo "paradigma do trabalho", só que agora como trabalhadores precarizados, terceirizados ou subcontratados, com direitos cada vez mais limitados e cada vez mais alheios ao mundo das organizações sindicais. Uma transformação social gigantesca, mas que não foi o resultado natural, nem muito menos benéfico, das novas tecnologias informacionais. Foi, em grande medida, o resultado de uma reestruturação política e conservadora do capital, em resposta à perda de rentabilidade e governabilidade que enfrentou durante a década de 1970.

Nesse sentido, quando os teóricos do "pós-industrialismo" decretam o "fim do trabalho", estão olhando apenas para os números que indicam a redução do peso relativo do emprego industrial na estrutura ocupacional. Mas mesmo aí, as evidências são de que a mudança vem se dando de forma extremamente desigual entre os diferentes países. Se é possível dizer que o emprego vem crescendo mais rapidamente no setor de serviços, nos Estados Unidos, Inglaterra e Canadá, o mesmo não se pode dizer com relação ao Japão, Alemanha, França ou mesmo na Itália. Para não falar do caso da periferia latino-americana, onde a destruição dos empregos industriais foi obra de uma política econômica ultraliberal que promoveu de forma explícita e estratégica a desindustrialização e o aumento do desemprego estrutural, independente de qualquer tipo de revolução informacional.

Tudo indica, portanto, que o trabalho ainda não perdeu sua centralidade e a classe operária não acabou. O que ocorreu nas últimas duas décadas do século 20 foi, de fato, uma complexificação do mundo do trabalho e do desemprego. E, como consequência, uma inevitável dispersão dos interesses e da linguagem dos trabalhadores, o que vem dificultando a soldagem política dos seus diversos segmentos.

Dificuldades e confusão na esquerda

Não é nova, ainda que seja paradoxal, a dificuldade dos partidos de esquerda para compreender e se ajustar a essas mudanças periódicas do sistema capitalista.

O que fica ainda pior, quando se impõe dentro destes partidos a opinião economicista ou produtivista de muitos dos seus intelectuais, que se atrapalham toda vez que diagnosticam mudanças tecnológicas no campo da produção capitalista. Nesses casos, acabam sempre provocando a reabertura do debate sobre as bases materiais e sociais do seu projeto histórico. Foi isto que ocorreu, pela primeira vez, no final do século 19, com a revisão proposta pelo social-democrata alemão Eduard Bernstein. Encantado com as transformações produzidas pelo que se chamou de "segunda revolução industrial", ele já falava, na década de 1890, da necessidade de rever os conceitos básicos e as estratégias socialistas como resposta às "mudanças tecnológicas e organizacionais do capitalismo" que ocorrem a partir de 1870. E agora de novo, nos anos 1990, sobretudo depois do fim do mundo soviético, os mais atordoados pelo "progresso tecnológico" voltam a ser os partidos de esquerda. Enquanto os liberais anunciam o fim da história, uma boa parte dos intelectuais marxistas que idealizaram um proletariado que não existia, agora, decepcionados, querem dizer adeus e enterrá-lo antes que tenha morrido.

Fonte: www.dhnet.org.br





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