Armonia da cultura com a natureza, do criado com o Criador
No castelo há uma inegável harmonia que vem dos jogos dos torreões e da base, e muito do jogo de proporção entre a secção e a altura.
Nessa proporção o possante aparece delicado.
Depois de ter derrubado as árvores, deitado as garras no chão, e impedido a vegetação de crescer, o castelo ao longo dos séculos ficou ligeiramente sonolento e risonho na boa vizinhança das árvores que venceu.
E as árvores se colocam ao lado dele como junto a um protetor.
Há uma verdadeira coexistência entre o mato e o castelo, e pacífica, de uma coisa que não forma um unum, mas que tem uma junção muito agradável. Não há um choque, mas uma junção muito agradável.
Uma fortaleza com aconchego e doçura
O castelo é uma fortaleza bem dentro do espírito medieval verdadeiro, de quem prefere não combater; tendo de combater, combate com denodo, energia, eficácia, e até alegria.
Ele não é pontudo, ele tem pontinhas e é atarracadão como quem diz: eu aqui estou e daqui ninguém me tira, não venham porque vocês apanham.
O belo, o pulchrum do castelo, é assinalado pela proporção entre as várias janelas, poucas, andares altíssimos, mas muito bem colocadas.
E depois as torres que formam provavelmente um quadrilátero que e ordena a coisa.
Essas janelas são altas e mostram como é difícil entrar no castelo pelo muro. Então entra-se por baixo. É uma necessidade de defesa.
Pátio interior, local de passagem e encontro na vida quotidiana
Dir-se-ia que o castelo se compraz em passear dentro do mato e ser pequeno em comparação com ele. O que indica ainda mais aquele misto de afabilidade, de espírito acolhedor, etc. É o lado de sua grandeza.
Esses castelos tinham habitualmente em conexão com eles uma vila, que às vezes era dentro, às vezes era fora.
Às vezes algumas vilas originavam também aldeias que se espalhavam como os colonos brasileiros nas fazendas.
E essas aldeias todas vinham à missa ao domingo na capela do castelo.
Quando se casava o castelão eles vinham todos assistir e entravam com flores e cantando; nos dias de santo também tinham festas comuns.
Quer dizer, o castelo era a culminância, o lugar de encontro de todo mundo mais miúdo, mais baixo.
Bem entendido, do vigário, que quando não morava no castelo morava junto a uma igrejinha na paróquia, mas que era o hóspede de honra.
A população na Idade Média já era bem densa e o número dos castelos era grande. E os castelões tinham uns com os outros a mesma relação que tem, por exemplo, os fazendeiros uns com os outros.
Outro aspecto do pátio interior
De maneira que moram isolados porque suas casas são distantes.
Mas são muito relacionados com toda a redondeza.
Então, por exemplo, as moças da família do senhor feudal casavam nos feudos vizinhos.
A senhora feudal era ela mesma de outro feudo vizinho.
Era, portanto, um contínuo viajar, para aniversário, convidados, contato social muito elevado, que permitia contato dos populares também.
Cada castelão vinha com cinco ou seis, dez escoltas que também se hospedaram no castelo do outro e então conversavam.
E o regime de diz-que-diz, fala-fala era bastante intenso.
(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, palestra proferida em 5/7/1976. Texto sem revisão do autor.)
Castelos Medievais