História do Brasil e do Mundo
Brasil - Período Colonial
Brasilia [Brasil], Petrus Bertius, 1616? Fundação Biblioteca Nacional. Divisão de Cartografia.
Até meados do século XVII, os portugueses conheciam muito pouco o interior do Brasil. Este mapa do início do século XVII mostra tribos indígenas no interior do país. Ele traz ilustrações com cenas de canibalismo, um costume que os portugueses associavam com a população nativa.
O pau-brasil, assim chamado pela tinta cor de brasa que dele se extraía era empregado na indústria têxtil para tingir panos. A exploração dessa planta, abundante nas costas brasileiras, foi a primeira atividade rentável da colônia e constituiu o primeiro ciclo econômico da história do Brasil. A obtenção se fazia através dos índios pelo sistema de escambo, trocando-se com eles a madeira por pentes, tesouras, facas, ferramentas, vidrilhos e guizos. O comércio legal ou ilegal do pau-brasil perdurou até o século XIX, mas com a descoberta das anilinas o pau-brasil foi gradativamente sendo eliminado do mercado.
Os primeiros engenhos de açúcar no Brasil terão sido instalados na Capitania de São Vicente. Encontraram-se notícias da existência de engenhos em quase todas a capitanias ainda no século XVI. Para prover todos os engenhos de mão-de-obra habilitada, requeriam-se pessoas das ilhas portuguesas do Atlântico, onde de há muito se conhecia o cultivo da cana e a fabricação de açúcar. Para o plantio e outros trabalhos mais pesados, crescia o número de escravos africanos, cujo tráfico se inicia com a fundação dos primeiros engenhos. A obra mais importante para o conhecimento de todas as condições em que se processavam o cultivo e a indústria do açúcar no Brasil colônia é a que escreveu o padre jesuíta João Antônio Andreoni (1650-1716) sob o criptônimo de André João Antonil - Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas, editada em 1711 e imediatamente apreendida pelas autoridades de Lisboa. A maioria dos escravos que vieram inicialmente para o cultivo da cana-de-açúcar era proveniente da nação Ioruba, cuja área geográfica corresponde atualmente à Nigéria e ao Benin.
Em 1578 desaparece na batalha de Alcácer-Quibir o rei Dom Sebastião (1554-1578) sem deixar herdeiro para o trono; de 1578 a 1580, reina seu tio, o cardeal - infante Dom Henrique (1512-1580), que também morre sem deixar herdeiro.A coroa portuguesa passa então à cabeça do rei Felipe II (1527-1598) da Espanha, que era, como Dom Sebastião, neto de Dom Manuel (1469-1521).
Essa união das duas coroas ibéricas vai fazer com que toda a América do Sul tivesse um único soberano; as linhas demarcatórias de fronteiras tornaram-se menos rígidas. Tanto portugueses quanto espanhóis podiam percorrer o vasto território. Tais condições favoreceram a expansão para oeste, que foi empreendida pelas expedições conhecidas como Bandeiras, as quais, partindo de São Paulo, exploraram o interior do continente além da linha do Tratado de Tordesilhas. Os bandeirantes abriram seu caminho através de florestas inóspitas e rios caudalosos até atingirem o vasto planalto central. Às vezes, esses desbravadores eram forçados a acampar por meses em um mesmo local. Quando tinham condições de prosseguir, alguns de seus integrantes optavam por permanecer e se fixar no local, dando origem a muitas das cidades e aldeias do interior do país. Essa ocupação da parte ocidental do território brasileiro não foi planejada e teve como importante resultado, a expansão territorial do Brasil.
Quando, em 1640, em Portugal é aclamado um novo soberano português, o Duque de Bragança que se torna Dom João IV (1607-1656), portugueses e brasileiros recusam-se a abandonar as terras que haviam ocupado a oeste da linha demarcadora de Tordesilhas, extendendo os limites do território brasileiro.
A história dessas bandeiras está associada à descoberta de ouro e de diamantes nas novas terras anexadas. Cerca de mil toneladas de ouro e três milhões de quilates de diamantes foram extraídos do interior do Brasil entre 1700 e 1800, constituindo a mineração um novo ciclo na história econômica do Brasil: o ciclo do ouro. A mineração ajudou a formar uma sociedade rica e de gosto apurado na região das Minas Gerais, onde se desenvolveram cidades e vilas. A arquitetura da época, sobretudo a que se esmerava na construção de igrejas para as irmandades religiosas, atesta até hoje, a vida opulenta que tiveram cidades como Ouro Preto, São João d'El-Rei, Mariana, Tiradentes, Sabará e Congonhas do Campo. Muito embora sob controle rígido a produção de ouro fosse totalmente embarcada para Lisboa, pouco ficava dessa riqueza na metrópole. Pelo Tratado de Methuen, assinado em 1703, a Inglaterra forneceria a Portugal produtos têxteis - que ele ficava proibido de produzir. Portugal pagaria com o ouro extraído das minas do Brasil. Assim, a maior parte do ouro brasileiro mandado para Portugal acabou tendo Londres como destino e ajudou a financiar a Revolução Industrial.
Escreve Hélio Vianna (b.1908-) em sua História do Brasil, v II p. 151: "principal transformação durante o Império registrada na agricultura brasileira foi a substituição do predomínio da lavoura canavieira, vigente desde o século XVI, pela cafeeira". Era tal a importância do café já nos primeiros anos da independência que nas armas e na bandeira nacionais figuravam um ramo de cafeeiro e um ramo de tabaco.
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