Rebelião popular ocorrida no Maranhão e em parte do Ceará e do Piauí durante a Regência, entre 1838 e 1841. Nasce das lutas partidárias e da pobreza no interior da província maranhense. A rivalidade entre grupos da elite local resulta em uma revolta que exige a intervenção das autoridades imperiais.
É chamada Balaiada porque um dos líderes, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, era apelidado de Balaio.
A partir de 1830, a província do Maranhão é sacudida pelas disputas entre o conservadorismo dos grandes proprietários de terra (cabanos), no governo, e os liberais (bem-te-vis), na oposição. Para reduzir o poder dos conservadores, os bem-te-vis lançam uma campanha contra o controle das eleições dos prefeitos por parte do Executivo provincial. A campanha acirra as disputas locais, envolvendo também as camadas populares.
As incertezas da organização política, as dificuldades da vida cotidiana e a agitação de lideranças democráticas radicais acabam reunindo vaqueiros, lavradores, camponeses, artesãos, negros, índios e mestiços, que, armados, iniciam uma revolta no interior da província.
Dentre os numerosos levantes populares ocorridos no Brasil durante o período imperial, oriundos da opressão econômica das classes dominantes, um dos mais importantes foi a balaiada.
Balaiada foi como ficou conhecida a rebelião popular que assolou as províncias do Maranhão, Ceará e Piauí de 1838 a 1841. A denominação provém da alcunha Balaio, dada a um de seus líderes, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, fabricante de cestos.
A revolta eclodiu em sucessivos e ininterruptos motins, iniciados com o levante ocorrido em Vila do Manga do Iguará, no Maranhão, em 13 de dezembro de 1838, quando o vaqueiro Raimundo Gomes Vieira Jutaí, o Cara Preta, libertou os presos da cadeia.
Sem objetivos políticos definidos no início, o levante transformou-se numa vingança coletiva contra fazendeiros e proprietários, quando ocorreu a adesão de Balaio ao movimento. A princípio, a revolta obteve o apoio da ala exaltada do Partido Liberal, por meio do jornal Bem-te-vi, editado em São Luís, cujo redator era Estêvão Rafael de Carvalho.
Depois passou a prevalecer a opinião dos moderados, que condenaram os excessos da caudilhagem, as depredações e assassínios praticados pelos revoltosos. Entre os caudilhos, destacaram-se Ruivo, Mulungueta, Pedregulho, Milhomens, Gavião, Macambira, Coco e Tempestade e, especialmente, o preto Cosme Bento das Chagas, o "Dom Cosme tutor e imperador das liberdades bem-te-vis", que conseguira aliciar apreciável contingente de escravos fugidos.
A adesão destes mostrou claramente o aspecto não apenas social e econômico, mas também racial da balaiada, já que reuniu pretos e mulatos, os chamados "bodes", que, aliados a índios e cafuzos, sem terra e sem direitos, uniram-se contra os portugueses e seus descendentes, que constituíam a classe dominante.
Para dominar o levante, que se estendera ao Ceará e ao Piauí, o regente do império, Pedro de Araújo Lima, futuro marquês de Olinda, enviou ao Maranhão o coronel Luís Alves de Lima e Silva, nomeado presidente e comandante de armas em 7 de fevereiro de 1840. Após um ano de guerrilhas, anunciou-se a pacificação das províncias conflagradas, em 19 de janeiro de 1841, o que valeu ao comandante a promoção ao generalato e o título de barão de Caxias.
O estopim do conflito é o motim na cadeia da Vila da Manga do Iguará (MA), em 13 de dezembro de 1838. O vaqueiro e ex-escravo Raimundo Gomes Vieira Jutahy, capataz de um líder liberal, invade a prisão para libertar o irmão, preso a mando dos conservadores. A rebelião conta com o reforço de Balaio, que teve a filha violentada por um capitão de polícia.
A luta generaliza-se com a agitação promovida pelos liberais e a adesão do negro Cosme Bento das Chagas, chefe de um quilombo com 3 mil escravos fugidos. Em outubro de 1839, 2 mil sertanejos tomam Caxias, a segunda maior cidade da província, e a transformam em sede de um governo provisório. Entre suas proclamações escritas constam vivas à religião católica, à Constituição, a Dom Pedro II e à " "Santa causa da liberdade".
No início de 1840 chega ao Maranhão o novo presidente e chefe militar da província, coronel Luís Alves de Lima e Silva (futuro duque de Caxias), nomeado pela Regência para conter o movimento. Ele reorganiza as tropas oficiais em três colunas volantes e passa a combater os insurgentes, forçando-os a abandonar as áreas conquistadas.
Depois de algumas batalhas ? em uma das quais morre o líder Balaio ?, as tropas retomam Caxias. Começa a caça aos rebeldes, com grande baixa entre eles. Em maio de 1840, em um confronto nas matas de Curumatá, a coluna de Raimundo Gomes perde 500 homens. Meses depois, dom Pedro II oferece anistia aos revoltosos, em comemoração a sua maioridade antecipada, condicionada à reescravização dos negros rebeldes. Mais de 2 mil balaios se rendem.
O conflito termina em janeiro de 1841, com a prisão de Gomes na Vila de Miritiba, divisa com o Piauí. O negro Cosme Bento também é preso e morre enforcado em setembro de 1842.
Fonte: br.geocities.com