A exploração comercial do látex, goma extraída da seringueira e do qual se obtém a borracha, ocorria desde o século XVIII. Utilizada para impermeabilizar tecidos, a borracha ficava quebradiça no inverno e pastosa no verão. Em 1844, Charles Goodyear patenteou um processo que dava mais resistência ao produto, deixando-o imune às variações de temperatura. A partir de então, as exportações do látex da região amazônica aumentaram bastante.
O grande salto, porém, deu-se a partir de 1886, com a invenção do automóvel e a necessidade de borracha para a fabricação de pneus. O Brasil passou a responder por 90% de toda a produção mundial do látex, e o produto chegou a representar 40% das exportações brasileiras.
Assim, entre a última década do século XIX e o começo do século XX, a Amazônia passou por um surto de riqueza que promoveu o surgimento de uma elite formada sobretudo por seringalistas, comerciantes e banqueiros.
Manaus e Belém se modernizaram, com a construção de largas avenidas, praças, bulevares, mercados e edifícios imponentes como o Palácio do Governo e o Teatro Amazonas, ambos em Manaus.
Teatro Amazonas, Manaus
A euforia, entretanto, não durou muito. Atraídos pela perspectiva de altos lucros, os ingleses transplantaram mudas de seringueiras para o Ceilão (atual Sri Lanka) e Cingapura, onde a planta passou a ser cultivada de forma racional em grandes propriedades (no Brasil, ao contrário, ela crescia espontaneamente no meio da floresta). Assim, em pouco tempo os asiáticos passaram a liderar a produção mundial do látex, desbancando os produtores brasileiros. Em 1919, as vendas brasileiras no mercado externo não chegavam a 10% das exportações mundiais do produto.
Fonte: Maria da Nazaré Sarges. Belém: riquezas produzindo a Belle-Époque (1870-1912). Belém: Paka-Tatu, 2000;Vulcanized rubber.)
Gislane e Reinaldo. História, ensino médio. volume único.
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