Alvos de Vladimir: Nicolau II, que já caiu, visitando tropas russas no front; o bolchevique opinou sobre a participação na guerra
Para o líder bolchevique Vladimir Lênin, não há tempo a perder. A queda do czar Nicolau II e a Revolução de Fevereiro são apenas escalas rumo a um destino que ainda está por ser conquistado pelo povo. Um dia depois de retornar do exílio, Lênin fez circular suas ?Teses de Abril?, na qual elenca os problemas da Rússia e suas soluções. A seguir, alguns dos principais pontos da epístola recém-publicada.
Guerra
Nenhuma concessão pode ser feita ao ?defensivismo revolucionário?; enquanto estiver sob o governo de Lvov & Cia., sustentado pelo capitalismo, a guerra do lado da Rússia será uma guerra imperialista e predatória.
Tendo em vista a honestidade indiscutível de muitos defensores do defensivismo revolucionário, que encaram a guerra como necessidade e não como meio de conquista, tendo em vista que estes estão sendo enganados pela burguesia, é preciso explicar a eles persistente e pacientemente seu erro. É preciso explicar a ligação inseparável entre o capital e a guerra imperialista, provar que sem a expulsão do capital, é impossível concluir a guerra com uma paz verdadeiramente democrática e não-opressora.
Estas ideias devem ser propagadas em larga escala entre as unidades do exército no campo de batalha. Confraternização.
Revolução
Atualmente, a Rússia vive uma situação peculiar, que representa uma transição entre o primeiro estágio da revolução ? na qual, devido à organização inadequada do proletariado e sua falta de consciência de classe, a burguesia alcançou o poder ? e seu segundo estágio, no qual o poder será colocado nas mãos do proletariado e do extrato mais pobre do campesinato.
Essa transição é caracterizada, de um lado, pelo máximo de legalidade (a Rússia é hoje a mais livre entre todos os países beligerantes do mundo); de outro, pela ausência de opressão das massas; e, finalmente, pela atitude de confiança ingênua das massas em relação ao governo capitalista, pior inimigo da paz e do socialismo.
Essa situação requer de nós uma habilidade de adaptação às condições específicas de trabalho no partido com vastas massas do proletariado que apenas agora acordam para a vida política.
Governo provisório
Nenhum apoio de qualquer natureza ao governo provisório: revelação da falsidade suprema de suas prerrogativas, especialmente aquela relativa à renúncia das anexações. Revelar, ao invés de admitir, que o ?pedido? para que esse governo, um governo do capitalismo, deixe de ser imperialista, é uma mera ilusão...
Socialismo
A ?introdução? do socialismo não é uma tarefa imediata. É, sim, imediato colocar o soviete dos trabalhadores no controle da produção social e distribuição dos bens.
Internacional Socialista
Reconstruir a Internacional.
Tomar a iniciativa de criar uma Internacional revolucionária, uma Internacional contra os social-chauvinistas e contra o ?centro?.
Nome do partido
Precisamos mudar o nome de nosso partido. Devemos nos chamar Partido Comunista ? assim como Marx e Engels se denominavam Comunistas. Devemos insistir que somos Marxistas e que temos como base o Manifesto Comunista, que foi desvirtuado e traído pela social-democracia em dois pontos importantes: (1) Os trabalhadores não tem país; ?defesa nacional? numa guerra imperialista é uma traição do Socialismo; (2) Os ensinamentos de Marx sobre o estado foi desvirtuado pela Segunda Internacional.
A humanidade pode passar diretamente do capitalismo para o socialismo, isto é, para a propriedade coletiva dos meios de produção de acordo com o trabalho individual. Nosso partido enxerga mais longe do que isso. O socialismo cedo ou tarde será transformado no comunismo, cuja bandeira traz o lema: ?De cada um, de acordo com sua habilidade, para cada um, de acordo com sua necessidade.?
Essa é a primeira razão.
Aqui vai minha segunda: a segunda parte do termo ?social-democracia? é cientificamente errada. Democracia é apenas uma forma de estado, e nós Marxistas nos opomos a toda forma de estado.
Veja na História